"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O inventor de dois mundos - Os 100 anos de Chico

A fotografia do passeio em Roma é a prova do resultado. Ele criou um dispositivo para aumentar a produção de macarrão no Pastificio D´Alessandro, de Mormanno, em 1950. O patrão ofereceu uma viagem com direito a acompanhante, juntamente com um amigo.
O casal amigo, Anna Maria e Chico, passeio no Vaticano
Chico era engenhoso. Ficava estudando a forma mais fácil de fazer as coisas. Inventava dispositivos para melhorar as tarefas.

Quando surgiram os primeiros fogões metálicos à lenha, ele adaptou uma serpentina. Fez um pequeno tanque sobre a parede que dividia o banheiro e a cozinha. A água, por gravidade, vinha do tanque principal, circulava na serpentina, aquecia e era armazenada no pequeno tanque que servia ao chuveiro e a torneira da pia de lavar pratos.

Na época em que o chuveiro elétrico não existia, era uma maravilha tomar banho quente sem precisar esquentar a água e “temperar” no balde. Lavar pratos se tornava prático e agradável - não havia necessidade de remover a gordura com sabão e a água quente amenizava a temperatura gelada de Poções. 

Uma outra invenção mais engenhosa ele desenvolveu. Interessante do ponto de vista mecânico e marcou uma relação familiar muito importante. Havia um senhor em Poções que se chamava Nenen. Foi contratado para regularizar os tacos que Chico mandou colocar nos quartos e na sala de casa. Nenen fazia a raspagem com uma pequena chapa metálica e toda hora precisava ser amolada para que o serviço pudesse ser feito com precisão. A posição abaixada era penosa. Meu pai viu aquilo e num final de semana desenvolveu a “máquina”.

Era uma espécie de carroça de madeira. Instalou um motor elétrico para movimentar uma peça cilíndrica acionada por correia e polia, com lixas coladas, como se fosse a roda da carroça. Assim, o cilindro em movimento iria lixar os tacos.

Na segunda feira, ainda existia boa parte deles sem lixar. Chamou Nenen e foram testar a invenção. Não deu certo – a carroça só andava pra frente. Nenen disse: "Ei, Chico. O pó tá caindo na minha cara". Era preciso adaptar a “máquina”. Chico desistiu, pois Nenen foi muito mais rápido do que ele e terminou o serviço antes das modificações.
Seu Nenen e a neta Elizabete (Foto: Luiz Sangiovanni - 1978)
 
Anos depois, em Vitória da Conquista, encontrei Seu Nenen várias vezes. A conversa sempre era sobre o engenho que não deu certo. Tínhamos em comum a invenção e o meu namoro com sua neta Elizabete, hoje minha esposa. Nenen era Mem Fernandes Santos Freitas.

Tenho certeza que, na Poções do céu, Chico e Mem devem estar dando boas risadas. Não imaginavam que juntariam as famílias, que colheriam bons frutos e que a invenção não funcionaria.

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2 comentários:

  1. LULU,
    Estou curtindo muito esses relatos dos "Os 100 anos de Chico".
    No "Poções do Céu" acredito muito que D. Ana Maria e sr Chico estão muito orgulhosos de terem um filho com tamanha capacidade de registro histórico familiar, amor e dedicação as suas memórias.
    Parabéns,
    Abraços,
    Salvador Vaz

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  2. Gostei demais do seu texto, me emocionei, vc já sabe que choro atôa.
    Seu blog está cada vez mais excelente.Parabéns vá em frente.Vane

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