O homem-livro é de Poções. Ele é Eduardo Sarno, um
dos maiores colaboradores e entusiastas desse blog. Com prazer, eu ressalto o fato:
Ontem, no jornal A TARDE (edição de 07/01/2013), ele foi
o destaque de capa do Caderno2, que conta a sua história no mundo dos livros
usados, se tornando o maior livreiro desse ramo na Bahia. Ele é dono da Graúna,
fundada em 1986. Além da sua história, a reportagem cita algumas passagens
interessantes e fala da Feira de Livros Usados, onde qualquer exemplar custa R$
5,00 (propaganda nesse blog).
Estou tentando copiar a reportagem na íntegra para
poder publicar aqui no Blog.
Pelo que lí na reportagem e conheço dessa história,
vem de longe a dedicação pelos livros. Vem de Poções.
Ele era estudante e o seu quarto tinha um estante
com dezenas de livros, umas cabeças entalhadas na madeira e distribuídas pelas
prateleira. Na parede, um cartaz com o desenho de um esqueleto humano, com os
nomes de todos os ossos. Mas acho que o esqueleto era para amedrontar os
curiosos e mante-los afastados daquele ambiente.
Teve época em que a casa dos pais de Eduardo ficou
fechada devido às constantes viagens dos meus tios Corinto e Annina para
Salvador. Eu tinha “passe-livre” e folheava todos os livros da estante. Existia
a recomendação da minha tia que aqueles livros não podiam sair dali.
Na época em que eu cursava o Ginásio, tinha como
colega Gilberto Luz – o Pancho. Comentei sobre a existência desses livros e ele
se empolgou. Eram livros avançados para aquele tempo. Um dia, levei Pancho para
conhecer a pequena biblioteca e separou logo uma meia dúzia de livros e colocou
pé firme que os levaria emprestados e devolveria rapidamente. Contrariando a
ordem da minha tia, não tive opção - uma casa fechada e um mundo de livros parados
eram as mesmas coisas – emprestei por conta e risco e Pancho devolvia na data prevista,
quando levava outros.
Outra vez, na época da ditadura militar (eu tinha
oito anos de idade em 1964), a casa estava fechada e fui fazer a minha inspeção
rotineira e catar goiabas no quintal para minha mãe fazer doce, quando vi sob a porta um corte que permitia a passagem
de uma chave. O suposto “detetive” habilmente derrubou a chave no chão e a laçou
com um arame passando pelo corte feito.
A surpresa foi encontrar os livros remexidos como se
procurassem por títulos que pudessem ser contrários ao regime. Restou a meu pai
reforçar a porta com uma tranca de ferro. O “detetive” não voltou mais.
Então, essa foram as minhas primeiras lembranças de Eduardo com
os livros.
Parabéns Homem-Livro!!!
É, Lu, os italianos em Poções, em geral, eram bons leitores. Falo alguma coisa sobre isso no blog Familia Sarno.Quando fui para o Seminário de Amargosa me dediquei a encomendar livros da editora Vozes, religiosa, para vender para os colegas. Certa vez fiz uma grande encomenda, e aproveitei para encomendar uns para mim.Eles trocaram o endereço e mandaram caixas de livros para Poções.Meu pai, ao receber, sem saber, comentou:"-Eu sabia que Eduardo gostava de ler, mas não pensei que fosse tanto!"
ResponderExcluirTio Chico também lia muito, principalmente sobre a história da Itália. Lembro o último que ele estava lendo, sobre a familia real italiana.
Mas é isso, trabalhar com cultura, arte, conhecimento é sempre um prazer, e vc sabe bem disso, ao tratar com tanto carinho e competência o seu Blog.
Obrigado pela divulgação, grande abraço.
Eduardo Sarno