"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

terça-feira, 18 de junho de 2013

Brasil x Itália - Copa de 1970

Em 1966, eu ouvi a Copa do Mundo pelo rádio. Foi na Inglaterra e eu era um garoto de 9 anos de idade. Entre as descargas do rádio, no vai-e-vem das ondas curtas, deu para ouvir a desclassificação do Brasil, que não avançou para a segunda fase.

Era um rádio moderno, marca Semp, ligado na antena externa. Hoje, com certeza, seria chamado de deskradio, seria um desktop, um rádio de mesa, de primeira linha. Mas, o objetivo era ouvir e imaginar os jogadores correndo atrás da bola na mesma velocidade dos locutores.

Já em 1970, eu entendia um pouco mais de futebol. Tinha os meus incompletos 14 anos. O Brasil tinha 90 milhões em ação, dizia a letra da música. O rádio era uma opção quando não se tinha as imagens da televisão. A primeira copa a ser assistida pela televisão em Poções, naqueles imensos aparelhos das marcas ABC, Telefunken, Phillips, preto e branco, deixavam ver que o Brasil avançaria para as finais.

Assistimos ao jogo na nossa casa da Rua da Itália. Ainda não era o São João, dia 21 de junho, mas as bombas explodiam próximas à nossa varanda. Era a final entre Brasil e Itália. O Brasil saiu logo na frente e a Itália empatou aos 37 do primeiro tempo.

Confesso que existia uma divisão de torcedores brasileiros e italianos. Enfim, era um tal de “qualquer prazer me diverte”. Estávamos na rua da Itália e era justa a predileção. Afinal, era uma partida que todos torciam para que os dois times ganhassem, o que não existe numa final.

Só que o resultado foi 4x1 e o Brasil ganhou a Copa. Juntaram-se os torcedores que desciam da praça da Prefeitura com aqueles que vinham da praça, justamente para comemorarem tirando sarro dos italianos. De um lado, as casas de Fernando Schettini, José Schettini e Emilio Sarno. Do outro, a nossa casa, que estava com alguns italianos reunidos. Reduto verdadeiramente italiano.

O movimento ganhou corpo e a gritaria era na porta destas casas. Minha mãe tinha receio de uma invasão e pedia para que meu pai fechasse a porta. Ele foi na frente e quando apareceu na varanda, logo aplaudiu as pessoas com as mãos levantadas, seguido pelos outros italianos que estavam dentro de casa.

Quem conhecia a índole daqueles estrangeiros, sabia que tinham os corações azuis e as almas “pintadas” de amarelo e verde. Nada mais justos de se juntarem à alegria dos “fratelli” poçõenses, recebendo, em retribuição, as palmas dos que estavam na rua.


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