"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

quarta-feira, 30 de março de 2011

O Palladino do Sudoeste

Reencontrei em Itabuna, semana passada, o meu amigo Lindolfo José de Brito Palladino - Zé Palladino.

Deixou Poções depois de algumas decepções na política. Mas, também deixou obras quando foi vice-prefeito, entre elas, o Terminal Rodoviário. A placa de inauguração está afixada logo na entrada. Foi para Itabuna e recomeçou a vida trabalhando com os seus tratores.

Antes, pintou frases nos muros da nossa cidade para externar as suas idéias e sentimentos: “Acredito no futuro da minha terra” e “Amanhã, mesmo que uns não queiram, será de outros que esperam ver o dia raiar”, parafraseando o artista Guilherme Arantes.

Apesar de não ser vidente, encerrou a sua carreira política com as frases acima. Isso é coisa do passado, assunto encerrado, como ele disse. “Tenho que agradecer o que consegui com o fruto do meu trabalho. A casa caiu no meu ombro quando meu pai morreu”.


Nos encontramos uma vez em Itabuna. Jantamos em um restaurante de rodízio de Sushi com várias cervejas, pois as histórias eram longas e muitas. Vestido com uma camisa do Vasco ainda ensaiou algumas gozações mas não foi longe.

Relembramos uma Poções belíssima. A medida que contávamos as histórias, os personagens iam saindo. Lembrou de Duza Bombeiro e a história de tirar um torrado (tirar o torrado era uma brincadeira que se fazia com as crianças do sexo masculino). Duza, enquanto abastecia um carro, não percebeu que a criança era uma menina e foi tirar o torrado. Rolou o maior pau porque o pai da mesma entendeu que Duza era um pedófilo.

Falamos de Chico Pescocin, um mecânico reapertador de carros. Era famoso e todos tinham a preferência por ele – vivia entre os postos de Miguel Labanca e o de Vicente Palladino/Pasquale Palladino. Lembramos de Licinho (Wilson Fernandes Moreira) e me perguntou se eu sabia o que ele fazia nos finais de ano: “Se vestia de Papai Noel e ia entregar presentes lá em casa e em outras casas também”. As histórias, naquele dia, só terminaram quando nos despedimos na Sorveteria Danúbio Azul, ali na Cinquentenário, depois de tomarmos umas bolas de sorvetes.


Dia seguinte, o café foi servido na sua casa, mas depois de vermos uma obra de terraplenagem. Reuniu na sua casa alguns amigos empresários do nosso ramo. Tive o prazer de conhecer Alice e Ana, suas filhas, duas pequenas princesas. Orgulhoso, ele disse que os olhos de Ana eram azuis, fruto da mesma genética de Seu Lindolfo, o avô materno.


Depois do almoço chegou Pipinho, seu filho mais velho, com uma caixa de isopor cheia de fotografias de Poções. Fomos vendo uma por uma e relembrando as histórias. Os olhos de Zé brilharam quando viu uma foto ao lado do pai Giuseppe Palladino na camionete de Arnóbio da Cachaça, estacionada no Posto de Miguel Labanca. O pai vestia um impecável blazer e bigode aparado. 


Eu tinha hora marcada para voltar e não pude reviver as histórias que cada foto mostrava.

Foi muito boa essa convivência rápida. Serviu para lembrar que os amigos são aqueles que nós carregamos na lembrança e que precisamos de uma pequena presença para perpetuarmos o nosso passado. Eles esperam por nós.


Obrigado a Zé, Pipinho e as doces princesas Alice e Ana pelas presenças. .

Um comentário:

  1. Lulu, eu (filha do meio do primeiro casamento de Palladino) não estava presente neste encontro, mas sei do sincero carinho que meu pai tem pela sua pessoa. Tenho certeza que este momento foi de muita alegria para ele, que sempre me fala do senhor.
    Também quero deixar registrada aqui a minha admiração pelo seu amor por Poções, cidade que nasci e vivi até os meus onze anos de idade. De lá carrego boas lembranças da infância.
    Um abraço!

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