"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

terça-feira, 27 de maio de 2014

Velhas Fotografias de Poções

Por Valdiria Rocha (27/05/2014)

Velhas Fotografias de Poções é um título autoexplicativo que indica uma linguagem, um tempo e um lugar. Um acervo de imagens, de compartilhamento de memórias, lembranças, registros da história de um povo, da identidade de uma comunidade. Daí a sua grande importância e o seu valor.

Ao mesmo tempo, Velhas Fotografias de Poções é um lugar sem chão, como a casa muito engraçada de Vinícius de Moraes, que não tinha teto... nem nada. Um ambiente feito de ondas magnéticas, um meio de comunicação desse nosso tempo onde a magia das tecnologias contrai, dilata, acelera ou para o tempo e o espaço, fazendo do mundo uma aldeia, e das distâncias apenas uma circunstância. Nosso Mestre Gilberto Gil já disse em décadas atrás que: “Antes mundo era pequeno Porque Terra era grande Hoje mundo é muito grande Porque Terra é pequena Do tamanho da antena Parabolicamará” e mais “Pela onda luminosa Leva o tempo de um raio Tempo que levava Rosa Pra aprumar o balaio

Quando sentia Que o balaio ia escorregar Ê volta do mundo, camará Ê, ê, mundo dá volta, camará”.
Nessas ondas luminosas nós navegamos ao encontro do fio condutor que nos leva a um lugar onde nos encontraremos por inteiro. Navegamos de volta para casa, para o abraço seguro dos amigos, o colo amado dos pais e avós, o conforto dos sabores, cheiros, texturas do nosso lar, dos sons e cenários da nossa cidade. Para uma ancestralidade familiar e cultural, uma raiz que dá sentido às nossas vidas, à vida dos nossos descendentes.

José Carlos (Tim de Eurípedes) disse lindamente: “Nós outros, ainda mortais, desfrutamos dessa benesse tecnológica que nos permite, à distância, reviver nossa inocência e nos comunicarmos impessoalmente”.
O espaço virtual nos permite refazer o caminho que, indubitavelmente, nos leva ao encontro de nós mesmos e de todos os outros que nos constituem pela genética ou pela convivência social. Há um tempo marcante onde a essência da nossa identidade se formou. Aquela parte que explica o nosso EU mais singular, que ampliamos no contato com os diversos mundos que passamos a habitar. Pois, como disse o poeta Alberto Caeiro,

 
“Da minha aldeia veio quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...”
Aqui podemos nos re-conhecer e estabelecer essa ponte entre as gerações para que a nossa cidade POÇÕES retome suas raízes, sua beleza e solidariedade, sua alegria espontânea e simples, sua grandiosidade artística libertando as almas cantadoras, musicistas, poéticas, cênicas, escritoras, plásticas, educativas oriundas de troncos ancestrais multiculturais.

Que o Divino Espírito Santo abençoe essa Terra e o seu povo, sempre.

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