"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

domingo, 13 de outubro de 2013

Surras que tomei

Semana passada estava almoçando com alguns amigos em Recife. Num restaurante simples, ficamos conversando sobre a educação do passado.

O amigo espanhol contou que era coroinha na pequena cidade na região de Burgos quando foi expulso da igreja porque o padre não queria pagar a ajuda semanal acertada. A expulsão se deu porque resolveu retirar a ajuda da cestinha de arrecadação da missa dominical sem o conhecimento do padre. A mãe ainda deu uma surra nele. Pobre Gonzalo!

Me lembrei da surra que tomei da minha mãe quando começou a existir a televisão em Poções. Queria voltar cedo da escola para assistir aos diversos desenhos animados que passavam no horário da tarde. Disse para a professora que minha mãe havia solicitado para ela me “soltar” mais cedo. Então, três da tarde, eu já estava sentado naquele imenso sofá branco que tinha na sala de casa.

Minha mãe ajudava a irmã Lina no ateliê de costuras. Chegou mais cedo e me perguntou o que estava fazendo alí. “Ah, a professora teve que sair mais cedo e liberou a gente”. Foi se sentar na varanda, fazer o croché habitual. Naquele movimento de sobe desce da rua da Itália, quem passa? A professora.

“Ei, você não saiu mais cedo?” Perguntou. “Não, dona Anna, mas eu “soltei” seu filho mais cedo pois a senhora pediu”. Ela, minha mãe, não entendeu nada. Entrou em casa, pegou a primeira sombrinha que achou (chovia no dia) e me deu umas boas cacetadas, desligou a televisão e me deixou de castigo por vários dias, sem direito a desenho animado e cinema aos domingos.

É isso aí, hoje não se faz mãe como antigamente.

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