"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

sábado, 23 de junho de 2012

São João passou aí?

Dedicado a Vitório Dias, grande amigo (in memoriam)

Vitório Dias já trabalhava na loja de Américo Libonati e eu era pré-adolescente. Quando a loja fechava, ele passava pela porta da loja de meu pai e perguntava se eu queria bala Juquinha, lá na mercearia de Miranda e Arcênio Alves. Fidélis, o balconista, colocava uma dose de jurubeba pra ele e três balas Juquinha pra mim.
Ele veio morar em Salvador e a gente se encontrava na loja "Tio Correia", onde trabalhava, e nas festas do Divino. Várias vezes, fizemos parceria nas noitadas de cachaça da festa.

Em um dia de São João, na porta de casa, junto com Michele e Pepone resolvemos fazer uma fogueira no final da tarde. Michele providenciava a madeira, Pepone pegava a cerveja e eu montava a fogueira. Passa Vitório em um carro branco ouvindo um forrozinho de CD e nos faz companhia na cerveja. Conversa vai, conversa vem, uma lata de cerveja aqui, uma história lá, uma dose de cachaça com limão ali, uma lenha e um cavaco ali, terminamos a fogueira e fomos dar uma volta.

Dei de presente a Vitório um CD de “Robério e seus teclados” e logo fomos ouvindo. Ele aumentou o volume e a gente nem conseguia ouvir o que o outro falava. Fomos parar na sua casa na Rua de São José. Tomei duas doses de whisky daquelas calibradas e já comecei a querer andar sentado.

Passamos no bar ao lado da praça do Coreto e fomos contar histórias. Tomamos umas três cervejas e passei a régua. Chegou pra mim. Ele me deixou em casa.

Lá, da nossa varanda, eu enxergo uma mão acenando da casa de Humberto Schettini. Era Marquinhos me chamando. Eu gritei logo: São João passou aí??? E fui atravessando a rua. Me convidou para um copo de vinho e tomamos quase uma garrafa inteira.

Voltar para casa, atravessar a rua não era problema. Problema era tirar da minha cabeça a idéia de ir na Fazenda Caetitú tomar a saideira com João Novaes. Quem passava o São João por lá era o radialista Varela e eu queria saber se realmente aqueles tapas que dava no programa eram mesmo de verdade.

Foi um pandemônio em casa. Esconderam a chave do carro. A sorte, João de não ter que suportar um porre de porre, e dos outros, que esconderam a chave, foi que eles vieram da Fazenda para passear em Poções. Fizemos uma espécie de semi-círculo e tomei um tapão na mão e Varela dizendo: - Com esse, já vai dá pra ficar bom da cachaça!!!

E me lembro porque foi filmado. O resto não me lembro. Minha sobrinha Juliana parou de filmar e o registro se perdeu no travesseiro. Perdeu-se na memória.

O que não perdi foi o sono e a vontade de beber água a noite toda. Na cabeça, aquele chamado entre as  músicas do disco: “Roooobéééééério e seus teclados”.

O dia seguinte foi outra história. Depois eu conto.

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2 comentários:

  1. É Lulu, pelo seu relato vc é bom de copo, se fosse comigo eu teria entrado em coma alcoólico. Aqui no ES não há tradição de festejos de São João como aí na Bahia e também em todo nordeste.

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  2. muito bom Lulu, bjos da sua prima Sussú(Silvia);

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