"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Às escuras...

Ando meio preguiçoso para escrever e colocar as “lembranças” atualizadas. São os afazeres do dia-a-dia que me deixam assim. Não é esquecimento.

Escrevi sobre o escuro, aquele que me dava medo. Mas, hoje, escrevo sobre o “bom escuro” de Poções, onde o jardim da praça era o ponto de partida.

Não estou falando da falta de energia. Falo das ruas escuras, afinal, Poções já era desenvolvida e a luz fornecida pela Hidrelétrica de Paulo Afonso. Ainda bem que os apagões já existiam.

Voltando ao ponto de partida, estávamos na praça, no Chamuscão, saindo do cinema ou batendo uma viola na praça. Na verdade, ouvindo uma viola, já que nunca tive afinidade com as cordas de um violão. Sabia que Canário era a marca de uma delas. Fora isso, três notas do Parabéns que Ruy (Budu) Sarno me ensinou.

Lá, pela meia-noite, batia uma fome e, depois das dez, não se achava nenhum lugar aberto a não ser se rolasse um sinuca no bar de Duca, no Gaivota, ou se Fidélis (esse não era da família Sarno) resolvesse fazer balanço na venda dos Guimarães, ao lado da Farmácia de Fábio. Um pedaço de jabá, uma lata de sardinha ou um kitute com farinha já dava pro gasto. Salgava a boca. Caia bem uma cachaça ou uma dose de martine (bianco), que eram as únicas companhias obrigatórias .

Mas não é só o que eu quero lembrar. Isso era na praça. O escuro era na rua de trás, na Olímpio Rolim, onde o namoro rolava solto. Do escuro do cinema direto para o escuro da OR. Um simples detalhe para despistar os pais que procuravam as filhas na praça.

Vez em quando, uma rês desgarrada voltava para a turma da viola, havia dado o tempo da namorada e ele voltava pra fazer hora. - E ai?, a gente perguntava. A resposta era um silêncio interminável e um sorriso de canto de boca, revelador, no mínimo.

Mais para adiante, os “namoros” avançados rolavam atrás da igrejinha ou no coreto. Aqueles que descolavam um carro iam para o campo de aviação, de faróis apagados para não dar na pinta.

No fundo, era só namoro e amizade, sem comentários.

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