"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Mufula - Poções Minhas Veredas


“Eu nasi na caatinga, i mi criei lá na mata
Usanu pracata di coro di boi,
Eu era piqueno mais já trabaiava
Na roça eu prantava, féjão e repoi”
(trecho da poesia Sodade do meu Turrão)

Quem chegar em Poções e procurar por Gildásio Campos Caetité, ninguém vai saber quem é. Mas, procure por Mufula e todo mundo sabe onde encontrá-lo. Aliás, não precisa procurar que logo aparece.

Na praça da Festa, em menos de 10 minutos, chegou com uma bolsa a tiracolo carregando o seu livro de poemas Poções Minhas Veredas, lançado oficialmente no ano passado. Sua felicidade irradiava, dedicando um exemplar para cada amigo.

Eu acho que Mufula se confunde com a pomba do Divino Espírito Santo. É uma pomba sertaneja, difícil espécie nos dias de hoje. Se mudou para a cidade, mas nunca perdeu as suas características e identificação com o homem da roça.

É uma pomba poeta! Assim eu resumo o meu amigo irmão Mufula. Velho companheiro de tantas Festas do Divino e de muitas boas horas de conversas. Não me lembro da ausência de Mufula em qualquer ano.

Ele apresentava o programa Amanhecer no Sertão, na rádio Povo de Poções, e muitas vezes falamos ao vivo, via telefone. Quando estava em Poções, a minha presença era constante para visitá-lo e falar de assuntos diversos. Aqui em Salvador, eu acompanhava o programa pela internet, quando o serviço da rádio funcionava e permitia.

Por razões diversas, deixei de ouvir o programa por mais de 6 meses. Acordar no sábado cedo não é fácil. Mas, um dia, deu vontade de ouvir o programa e estava praticamente de saída. Restavam dez minutos. Liguei o computador e acessei o site. Exatamente nessa hora, lá estava Mufula dizendo: - Vou ali comer uma melancia frita e volto já, mas antes quero mandar um abraço para esse povão espalhado no Brasil, sintonizado na internet, especialmente para o meu amigo fulano (era de São Paulo, não me lembro o nome) e para Lulu, aí em Salvador, ligado no programa ouvindo a gente.

Fiquei impressionado pela coincidência do fato e emocionado por saber que as pessoas, mesmo distantes, pensam em você.

Foi uma lembrança especial, de verdade. Se tratando de rádio, foi uma sintonia perfeita, literalmente.

Só tenho que parabenizar pelo seu livro especial, batizado aqui pela minha filha de “o livro escrito com o dialeto brasileiro”. Na verdade, o dialeto poçõense.

“Ser poeta é uma virtude, fazer poesia é uma arte”

Sucesso, amigo!

3 comentários:

  1. Falar de Mufula não é facil ,mesmo para mim que sou irmão.Mufula representa como poucos a poesia sertaneja,diferenciando dos estilos do mestre Afonso Manta,de Elder Oliveira, dentre outros.
    Ele é a própria caatinga em pessoa.

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  2. Um dos maiores seres humanos que conheci na vida, Trabalhamos juntos nas Rádios Vale e União de Gandu, onde Mufula desempenhava como ninguém o seu trabalho. Sem sombras de dúvidas o maior operário do Rádio que tenho conhecimento, Alem de ser um dos maiores comunicadores do Brasil. A saida forjada de Mufula do Rádio, foi um retrocesso para a radiofonia da região Sudoeste da Bahia, e por que não dizer do Brasil!

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  3. Mufula, Achei muito bonito este termo e fui buscar seu significado, para, se possível, utilizar no meu romance Noite em Paris, que escrevo no blogue de mesmo nome. Achei vários nas diversas línguas africanas, nome de cidade, de árvores, etc. Entretanto, um me impressionou. Mufula significa ciúme em uma das línguas africanas. E é neste sentido que vou usar o termo mufula em meu romance.

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