"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Tsukahara Mortal Carpado

Sábado passado, quando a atleta Sarah Menezes ganhou a medalha, me lembrei do amigo piauíense Eugênio Pacelli e liguei para parabenizá-lo pelo feito da conterrânea. Ele não estava na EPIBA (como eu chamo a casa dele do Itaigara, a Embaixada do Piauí na Bahia). Respondeu com um torpedo que estava em Teresina e muito emocionado. Perdi a cerveja da comemoração.

Fiz a minha parte, comemorei a medalha de Sarah e o primeiro lugar do Brasil nas Olimpíadas. Até fotografei o quadro de medalhas na tela da TV e pensei  - essa [olimpíada] de Londres vai ser mangaba – ganharemos muitas outras medalhas.
Nos dias seguintes, bateu um vento de azar, parecido com aqueles que batem todas as vezes que tem disputa internacional. O Brasil bate na trave, mas não entra. Teve quem, no treino,  bateu no chão e ficou de fora, chorando como nas vezes anteriores, pedindo desculpas aos brasileiros pela decepção. Enquanto isso, a mesatenista polonesa Natalia Partyka, de um braço só, dava um show no ping-pong e não eram os jogos paraolímpicos ainda. O sul-coreano Dong Hyun, com 10% da visão, bateu recorde no arco e flecha e ganhou o bronze. Na prova de remo, o atleta brasileiro chegou, a pulso, em sexto. O Azerbaijão ficou em terceiro lugar.

No levantamento de pesos, vi mulheres de várias partes do mundo levantando 135 quilos. Me lembrei de Julão Carregador, que era capaz de carregar na cabeça dois sacos de café de 60 quilos cada, enchendo caminhões nos armazéns de Poções. O sonho olímpico não existia na cabeça de Julão, só os sacos. Também, não havia televisão para ele aprimorar a capacidade física.
Fiquei aqui matutando sobre a dinheirama que se gasta para a formação de um atleta ou de uma equipe. Vejo uma turma de velhos insistindo em ganhar.  A nossa piauiense, quase sem patrocínio, luta e ganha uma medalha. Alguma coisa está errada – será que o Banco do Brasil do Azerbaijão é mais forte que o Banco do Brasil do Brasil?

A comentarista da televisão não vai poder ficar analisando a postura dos nossos atletas da ginástica. Vamos mesmo tomar um Tsukahara Mortal Carpado e voltar para casa repensando 2016 – que vai ser em casa.
E eu? vou esperar meu amigo Eugênio voltar para comemorar o ouro de Sarah.


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