"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Embaixada

O ônibus da empresa Nossa Senhora da Penha estacionou na praça Deocleciano Teixeira, bem defronte à Farmácia de Fábio. Chegara o dia da nossa viagem de passeio ao Rio de Janeiro, a Embaixada da quarta série, fruto das nossas economias conseguidas ao longo de quatro anos de trabalho nas barracas da Festa do Divino, livro de ouro, rifas e outras doações.

Sob o comando de Dr. Irundy, embarcamos para o Rio de Janeiro. Todo mundo confiava em Zé Pithon, o que mais conhecia o Rio de Janeiro - era o nosso guia.

No dia anterior, eu, Pancho, Sandoval e Lourinho havíamos tomado um porre de batida de limão debaixo da gameleira das gramas. A dor de cabeça ainda era presente, mas embarcamos. Mesmo antes de chegarmos em Vitória da Conquista, começamos a abrir os lanches – minha mãe me deu sanduíche de fritada (omelete de lingüiça caseira) para levar.

Enfrentamos a noite com bom humor e expectativa de chegarmos logo na cidade maravilhosa. Próximo ao meio dia, começamos a descer a serra e cruzamos a Avenida Brasil. O destino era o hotel, meio que pensão, no bairro da Cinelândia. Tudo era novo e superávamos as dificuldades. Carregamos as malas e cada um se alojou. Dividíamos os quartos escuros com até 6 pessoas distribuídas em beliches. Restava nos ambientar com a cidade e com as oportunidades que ela nos traria.

Alguém disse que a Cinelândia era um bairro interessante, porém diferente. Poderíamos ter surpresas indesejáveis ou mesmo surpreendentes. Ninguém estava acostumado com travestidos. Tivemos surpresas e decepções ao longo daquela semana.

No dia seguinte, a turma mais habituada ao movimento de cidade grande, começava a se espalhar. Descobrimos um surpreendente restaurante comercial com as fotografias dos pratos feitos na parede. Logo a galera ficou freguesa, pois os preços eram condizentes com as nossas economias e pratos simples de escolher. Facilmente descobrimos os caminhos para as barcas de Niterói, os prédios e monumentos públicos.

Fomos passear no Jardim Botânico e em Petrópolis.

De repente, num final de tarde, aceitamos o convite para um grito de carnaval e, pelas características, penso ter sido no famoso “Bola Preta”. Na verdade, os caras ali queriam mesmo fazer número de gente para impressionar numa carreata pelo Aterro do Flamengo até Copacabana.

O auge do passeio foi o Maracanã. Irundy, um botafoguense roxo, nos fez o convite e assistimos a Botafogo 2 x 2 Grêmio (acredito). Fizemos contato com o maior do mundo [o estádio, é claro], e até hoje tenho a idéia da grandeza daquele gigante.

Tivemos casos engraçados durante todo o tempo. Foram dias divertidos. A viagem serviu para coroar a nossa convivência de ginásio. Assim, a EMBAIXADA da alegria, carregada de lembranças, foi e voltou pelo “green carpet” da Penha. (1971/1972).


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