O casal amigo, Anna Maria e Chico, passeio no Vaticano |
Chico era engenhoso. Ficava estudando a forma mais fácil de
fazer as coisas. Inventava dispositivos para melhorar as tarefas.
Quando surgiram os primeiros fogões metálicos à lenha, ele
adaptou uma serpentina. Fez um pequeno tanque sobre a parede que dividia o
banheiro e a cozinha. A água, por gravidade, vinha do tanque principal,
circulava na serpentina, aquecia e era armazenada no pequeno tanque que servia ao chuveiro e a torneira da pia de lavar pratos.
Na época em que o chuveiro elétrico não existia, era uma
maravilha tomar banho quente sem precisar esquentar a água e “temperar” no
balde. Lavar pratos se tornava prático e agradável - não havia necessidade de remover a
gordura com sabão e a água quente amenizava a temperatura gelada de Poções.
Uma outra invenção mais engenhosa ele desenvolveu. Interessante do ponto de
vista mecânico e marcou uma relação familiar muito importante. Havia um senhor
em Poções que se chamava Nenen. Foi contratado para regularizar os tacos que Chico
mandou colocar nos quartos e na sala de casa. Nenen fazia a raspagem com uma
pequena chapa metálica e toda hora precisava ser amolada para que o serviço
pudesse ser feito com precisão. A posição abaixada era penosa. Meu pai viu
aquilo e num final de semana desenvolveu a “máquina”.
Era uma espécie de carroça de madeira. Instalou um motor
elétrico para movimentar uma peça cilíndrica acionada por correia e polia, com
lixas coladas, como se fosse a roda da carroça. Assim, o cilindro em movimento
iria lixar os tacos.
Na segunda feira, ainda existia boa parte deles sem
lixar. Chamou Nenen e foram testar a invenção. Não deu certo – a carroça só
andava pra frente. Nenen disse: "Ei, Chico. O pó tá caindo na minha cara". Era preciso adaptar a “máquina”. Chico desistiu, pois Nenen foi muito
mais rápido do que ele e terminou o serviço antes das modificações.
Seu Nenen e a neta Elizabete (Foto: Luiz Sangiovanni - 1978) |
Anos depois, em Vitória da Conquista, encontrei Seu Nenen várias
vezes. A conversa sempre era sobre o engenho que não deu certo. Tínhamos em
comum a invenção e o meu namoro com sua neta Elizabete, hoje minha esposa. Nenen era Mem
Fernandes Santos Freitas.
Tenho certeza que, na Poções do céu, Chico e Mem devem estar dando boas risadas. Não imaginavam que juntariam as famílias, que colheriam bons frutos e que a invenção não funcionaria.
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LULU,
ResponderExcluirEstou curtindo muito esses relatos dos "Os 100 anos de Chico".
No "Poções do Céu" acredito muito que D. Ana Maria e sr Chico estão muito orgulhosos de terem um filho com tamanha capacidade de registro histórico familiar, amor e dedicação as suas memórias.
Parabéns,
Abraços,
Salvador Vaz
Gostei demais do seu texto, me emocionei, vc já sabe que choro atôa.
ResponderExcluirSeu blog está cada vez mais excelente.Parabéns vá em frente.Vane