Era a hora
de esperar o Papai Noel passar. O sono chegava e eu não resistia, dormia
profundamente. Cansaço do dia ativo de qualquer criança naquela idade.
Pelos vidros
canelados da porta do quarto, eu sabia que era dia e despertava correndo, ainda
vestido com o pijama de flanela que minha mãe costurava. Ia direto para a
árvore de Natal e estava lá o presente. Naquele ano, um velocípede novinho,
reluzia debaixo do pisca-pisca. Sonhava com um “velocipe”, como eu pronunciava.
A letra da música
fazia sentido: …Seja rico ou seja pobre o
velhinho sempre vem! Significava, a cada ano, a capacidade financeira dos
pais em fazer a alegria dos filhos.
O comércio
de Poções era fraco para a compra dos presentes de Natal. O Bazar Natal, de
Emério Pithon, era reforçado nessa época e o seu nome era sugestivo. Jaimevique Alves também fazia o mesmo. Por isso, os presentes eram
simples, mas eram aqueles que ficávamos admirando dias antes da festa.
Os presentes
dados pelos tios completavam as nossas esperanças. Debaixo de cada árvore,
sempre tinha um presentinho e nos dava prazer visitá-los nessa manhã.
Com a
renovação dos brinquedos, era a hora de brincar nos passeios da rua da Itália.
Juntava-me a Zé Marinho, Zostinho, Bada, Eraldo, Paulin, Zé de Dahil e Zé de Doca e cada um
desfilava com o seu brinquedinho novo.
Certo ano,
eu ganhei um caminhão “papagipe” (cegonha) de madeira. Uma perfeição de
brinquedo. Bem colorido, bem pintado e media uns 45 cm de comprimento, onde
podia separar o cavalinho do reboque.
Minha tia
Lina fez uma “lona” com furos reforçados com ilhoses e podia, então, cobrir os pedaços de madeira cortados no
tamanho exato do reboque. Quando coberto e amarrado com cordão grosso, tinha a
aparência desses jamantas carregadas. A vibração das rodas nos ressaltos do piso
do passeio dava a impressão de imponente e realçava o meu “papagipe”.
A interação
com as crianças vizinhas, papagipes, velocípedes, presentes dos tios e a expectativa
de ver Papai Noel (principalmente, entender como ele entrava numa casa toda
fechada) solidificaram a crença no espírito natalino.
Um grande
abraço a todos e um feliz Natal.
Nota do blog
Após publicação, recebi um email com os dizeres, abri mesmo um grande sorriso e fiz a devida inserção. Obrigado amigo Zé:
José Carlos Meira Alves, filho de Poções e sempre emociono quando falam da minha terra natal, principalmente você Lulu, com quem tive a honra de brincar de "carrinho", foi muito bom ler você falando do Natal, porque lembrei de detalhes da minha infância, digo,maravilhosa infância. Obrigado Lulu. Não, não você não conhece José Carlos Meira Alves, mas se eu disser Zé de Dahil, tenho certeza que você dará um lindo sorriso. Um grande abraço Amigo irmão.
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