"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

quinta-feira, 21 de junho de 2012

São João - Os balões de João Peixoto

Se fosse nos tempos de hoje, seu João Peixoto seria preso e nós não teríamos a beleza daqueles grandes balões nas noites de São João. Não haveria a tradição.

E tome balão. Eles cruzavam no sentido sudeste/noroeste e chamavam a atenção pela grande quantidade de luz irradiada e pelas lanternas penduradas. Vinham, na maioria, da rua de Morrinhos. Seu João Peixoto tinha uma casa comercial naquela área alta e dalí mandava os balões aos céus para homenagear São João (Peixoto), imagino.

Ele era o mais famoso fabricante da cidade. Tinha a hora certa de soltar. Os outros balões menores também eram conhecidos. Eu sabia quem fazia, porque na loja a gente passava o mês dobrando as folhas de papel de seda por cores para facilitar a comercialização. Quando alguém comprava, eu perguntava logo o tamanho que a pessoa iria fazer o balão.

Tinham os tamanhos definidos pela quantidade de folhas que se usava na fabricação: 8, 16, 32, 64 e 128 folhas. Então, era fácil identificar a origem. O Sargento Severino e os atiradores faziam os balões acima de 64 folhas. Juntava muita gente para ajudar a soltar.

Mas, o interessante é que muitos tinham uma crença. O balão cairia nas suas mãos se fosse usado um espelho. Então, eu pegava o espelho do banheiro e deixava atrás da porta para atrair o balão. Ficava o tempo todo olhando para o céu a espera de um deles.

Quando um balão ameaçava cair numa área mais povoada, a quantidade de crianças e adolescentes com espelhos nas mãos era grande. Na briga para resgatar, acabava rasgando ou queimando o mesmo.

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