E tome balão. Eles cruzavam no sentido
sudeste/noroeste e chamavam a atenção pela grande quantidade de luz irradiada e
pelas lanternas penduradas. Vinham, na maioria, da rua de Morrinhos. Seu João
Peixoto tinha uma casa comercial naquela área alta e dalí mandava os balões aos
céus para homenagear São João (Peixoto), imagino.
Ele era o mais famoso fabricante da cidade.
Tinha a hora certa de soltar. Os outros balões menores também eram conhecidos.
Eu sabia quem fazia, porque na loja a gente passava o mês dobrando as folhas de
papel de seda por cores para facilitar a comercialização. Quando alguém
comprava, eu perguntava logo o tamanho que a pessoa iria fazer o balão.
Tinham os tamanhos definidos pela quantidade
de folhas que se usava na fabricação: 8, 16, 32, 64 e 128 folhas. Então, era
fácil identificar a origem. O Sargento Severino e os atiradores faziam os
balões acima de 64 folhas. Juntava muita gente para ajudar a soltar.
Mas, o interessante é que muitos tinham uma
crença. O balão cairia nas suas mãos se fosse usado um espelho. Então, eu
pegava o espelho do banheiro e deixava atrás da porta para atrair o balão.
Ficava o tempo todo olhando para o céu a espera de um deles.
Quando um balão ameaçava cair numa área mais
povoada, a quantidade de crianças e adolescentes com espelhos nas mãos era
grande. Na briga para resgatar, acabava rasgando ou queimando o mesmo.
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