(publicada em setembro de 2007, no site www.terradodivino.com.br)
No sábado, após o sete de
setembro, fui cortar o cabelo com Nildinho. Não havia tanta
necessidade assim, não estava grande. A verdadeira intenção era
relembrar os bons tempos da barbearia de Hermes.
De cara, na porta, estava João
Batatinha - uma cena histórica. Perguntou logo por Adilson Santos, o
mais famoso artista plástico de Poções. Eu e Nildinho, começamos a
trocar algumas poucas palavras enquanto observava o ambiente. A minha
primeira lembrança veio do nome fundido no suporte dos pés –
“Ferrante”, que confirmava ser ainda a mesma cadeira, modelo 27,
fabricada nos anos 40 por Gennaro Ferrante.
À esquerda, um pouco mais acima,
bem à mostra, no pequeno armário de porta de vidro estavam expostas
as aposentadas máquinas manuais de cortar cabelo. Tava lá a máquina
mais famosa e mais temida - a que cortava no tamanho “zero”.
Até os penduradores de toalhas
são os mesmos. Lembrava-me de quanto tempo passava ali, sentado, de
cabeça baixa, para que Hermes ajeitasse o pé do cabelo que nasce,
até hoje, arrepiado, ouvindo as histórias contadas por aqueles que
esperavam a sua vez.
Tinha dúvida se estava no museu
ou na grande escola de profissionais cabeleireiros que Poções
formou. Perguntei por Elias, Barbeirin e Juscelino. Nildinho fez
conta do tempo de trabalho, das idades, me disse o paradeiro de cada
uma das pessoas e ainda comentou: - Você sumiu mas me lembro
desde que era pequeno, já cortei seu cabelo e cortava o de Chico
(meu pai) até os seus
últimos dias.
É verdade, as contas bateram e a
nossa diferença de idade é de 7 anos.
Como gira a cadeira do barbeiro,
gira também o pensamento. Ela parou apontada para um dos bares que
ainda existem na travessa Lions Club. Pude avistar “Já Modeu” e
lembramos da origem do seu apelido. Perguntei por Celso Relojoeiro.
Nildinho ria, ficou impressionado como me lembrava das coisas. Talvez
ele nem soubesse das minhas lembranças nas colunas.
Como poderia esquecer de uma das
travessas mais famosas da cidade? Ali nascia e acabava a saudade.
Dali partiam e chegavam os ônibus - a “rodoviária de Poções”.
Era como se estivesse vendo juntos, Netário, Everaldino, Abílio
Roxo e Jió despachando tantos poçõenses para o mundo.
P.S. Mais sobre a Barbearia de Nildinho aqui no Blog
Lulu, faltou o João "macaco" que na década de 60 trabalhava, nessa travessa, justamente onde paravam os ônibus. (casa de peças para automóveis).
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