Hoje
pela manhã, assim que cheguei no trabalho, alguém me pediu o
telefone de uma pessoa com a letra Z. Fui na agenda e quando
procurava vi o nome de Zé de Dôca e o número que Adriana, a sua
irmã, me passou. Naquele momento, comentei comigo mesmo: - como
a gente não liga para os amigos?
Imaginei ligar pra Zé Francisco
(o Zé de Dôca)
e dizer o quanto sentia vontade de dar um abraço, religar o passado. No entanto, não fiz a ligação.
Passou
aquele momento e estava reunido com um cliente quando o telefone
tocou. Vi que era Michele, meu irmão. Comentei com a pessoa: -
Dá licença, pois essa hora pra meu irmão ligar é pra dar notícia
ruim! Eu
disse: - morreu
alguém no nosso interior, lá em Poções.
Não deu outra. Dava conta do fulminante infarto que tirara a vida de
Bada (Zilovaldo Ferreira Ramos), irmão
de Zé Francisco.
Zilovaldo Ferreira Ramos (Bada) - Foto: Luiz Sangiovanni |
Fui
buscar nos meus arquivos a foto que fiz dele, em outubro de 2012, e
tive o triste cuidado de informar o ocorrido para os amigos de Poções.
Passei
o dia pensando na rua da Itália, na família Ferreira Ramos, nossos
vizinhos-imãos
de casa e o quanto
convivi com eles.
Pessoas fortes de espírito, de educação firme dada por Dôca e
Zilda, seus pais. Em
vários momentos do
dia eu recordei passagens. Afinal, a
minha infância estava ali. A formação do caráter nas brincadeiras
do dia-a-dia, a convivência ajudando-os na limpeza dos diversos
motores dos jipes e Rurais que Dôca ensinava o manuseio a todos nós. Olhei para a Oficina de máquinas pesadas que hoje dirijo e
agradeci pela convivência e experiência que adquiri. Vêm de lá – nasceram ali.
Lembrava
que o nome Zilovaldo
era a
junção de parte dos nomes dos pais Zilda e Florisvaldo. Do tempo
de namoro dele
com Ládia (Ladinha),
a filha de Dahil, que pareciam ter nascidos um para o outro - namoro de menino, feito na rua da Itália. Da
figura de pacificar os irmãos em opiniões diversas. Os “cãos de
Dôca”, como eram chamados, tinha um líder calmo e justo para uma
palavra de harmonia que era Bada. O fato de uma família ser grande também no número de filhos (Tonhe, Paulin, Eraldo, Bada, Zé Francisco,
Marcos, Marília, Adriana e Alex) precisava de uma mão extra nas
ordens para ajudar aos pais na atitude sempre correta e justa –
essa era a tarefa de
Bada.
A
Rua
da Itália já não
é mais a mesma. Esvazia-se o passado. Troca-se por lembranças
povoadas nas memórias de brincadeiras e convivências próximas, do
frequentar a casa do outro. De pular o muro pra tirar frutas. Da
confiança na intimidade, na revelação das mudanças adquiridas na
puberdade. De como se transformar em verdadeiros homens e levar
adiante a educação recebida pelos nossos pais.
Essas lições a Rua da Itália nos deu.
Essas lições a Rua da Itália nos deu.
Enfim,
um momento de dor em nossa
cidade. A falta de uma
pessoa que ali conviveu
anos e que prometia encerrar os seus dias naquele lugar será sentida. Vai-se Bada,
vai a opinião comedida
e certeira dos
seus comentários. Toda as vezes que eu ia a Poções, era passagem obrigatória na sua casa de negócio para tomar uma pinga temperada que
sempre fazia a questão de dizer a origem e oferecer
como cortesia da casa.
Naqueles banquinhos, sempre trocávamos
algumas palavras, nem que fosse para atualizar as novidades das
famílias ou comentar as publicações aqui no Blog.
Salve Bada!!! um dia muito triste para todos nós, como descreveu a sua irmã Adriana. Porém, tristeza
em Poções e festa no céu. Festa
na Rua da Itália da eternidade.
Zilda, Dôca e os
irmãos que estão lá os recebem de corações abertos e saudosos junto com os
vizinhos da nossa rua,
lugar onde todos nós
nos encontraremos.
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