"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

terça-feira, 9 de julho de 2013

Voando em São Francisco - Califórnia

Poções entre as nuvens (Foto: Lulu Sangiovanni)
De caju em caju, pousava um pequeno avião em Poções. Lá em casa, tinha um tanque de água bastante alto e uma escada de acesso com degraus de cimento. Além de ser o meu ponto preferido, dava pra ver a cidade. Era um mirante, enxergava os quatro cantos de Poções.

Era dali que eu acompanhava os pequenos aviões quando sobrevoavam a cidade antes dos pousos. Quando ouvia o barulho, subia as escadas correndo para ver as duas voltas de sobrevoo que o piloto fazia, primeiro para alinhar na reta final e, depois, pra avisar que precisava de carona porque não existiam taxis na cidade. Uma boa quantidade de gente ia pra ver o avião e saber quem era a autoridade que estava chegando na cidade.

O campo de aviação era ainda de terra. Um dia, lembro de Dante Tortorelli, que pilotou um monomotor de um amigo dele. Deu algumas voltas sobre a cidade e pousou bem, apesar de tocar o trem de pouso três vezes no solo antes de reverter as pás da hélice.

Enfim, o campo de aviação era um excelente passeio. Serviu para as pessoas aprenderem a dirigir e, à noite, para namorar. Um grande motel ao ar livre. No linguajar aeronáutico, ele é conhecido sob o prefixo mundial de SNZP.

Estou lembrando dessas coisas depois do recente acidente em São Francisco, na Califórnia, onde os meus primeiros voos aconteceram ali. Levantava voo naquela pista do acidente e pousava no aeroporto de Santa Clara, em Palo Alto, ao sul de São Francisco. Gostava de pilotar um bimotor Cessna 310B, que levei quinze dias só para aprender a ligar os motores.

Outro dia, aqui em casa, no dia que conheci o meu amigo Israel Kalil, ele me perguntou o que fazia na vida. Contei que pilotava aviões na Califórnia. Tomou um susto e achou estranho, pois era responsável pela base de abastecimentos de aeronaves, aqui em Salvador, e nunca tinha me visto no aeroporto.

Entre um detalhe e outro, descobriu que eu pilotava em programas de simulador aéreo. Empolgado, tem como hobby esse tipo de voo, Israel instalou o Flight Simulator no meu computador, me deu um manche novo, possibilitou fazer voos em aeronaves maiores e mais complexas, o que me obrigou a estudar mais detalhadamente os comandos e a programar rotas por GPS. Aprendi a pousar por ILS, que é o sistema de aproximação mais seguro, que utiliza sinais de rádios enviados da cabeceira da pista.
Pousando com o 737-400, em Viracopos - Campinas, por ILS, no Flight Simulator  
Entre as viagens reais que faço no meu dia-a-dia de trabalho, aprendi a identificar todos os movimentos das aeronaves e cada fase das mesmas. Percebi que avião não cai, o piloto é quem derruba, como foi o caso desse 777 em SFO. Se ele sobrevive, nunca mais se emprega, coitado.
E ainda tenho uns amigos que me perguntam: - E se o piloto desmaiar, você tem coragem de colocar o avião no chão? Eu respondo: - Não precisa, tem o co-piloto.
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Um comentário:

  1. Tenho duas pessoas que sempre lembro quando ouço falar sobre aviões. Vc e Quele, uma ex-colega aqui da Motiva que está estudando para ser comissária.A empolgação quando se fala no assunto é a mesma!
    A propósito, você já converteu a quantidade de horas/vôo e km percorrido? Quantas viagens até a lua? Sei que agora vc deve viajar muito mais de avião do que de carro, nem que seja pelo simulador.

    Abraço,
    Pinduca.

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