Nos anos 80/90, viajei algumas vezes com meu amigo e
ex-colega José Carvalho Oliveira. Iamos sempre a Teresina, São Luis, Imperatriz
e, uma vez, fomos parar em Manaus, onde comemos um tambaqui na brasa.
Toda as vezes, até os dias de hoje, quando nos
encontramos é uma festa. A gente se lembra das histórias, das viagens, do
Flamengo de Zico. Eu vou logo pedindo para contar a história do gato. Com o
sotaque sergipano, ele que é de Simão Dias, a história fica muito mais engraçada
e eu dou gargalhadas com a forma que ele conta.
Para quem teve uma infância no interior e morou em
casa com quintal, os gatos e cachorros passam a ser animais especiais. Minha irmã
Elisa, sempre me lembra dos apelidos que eu colocava nos gatos que circulavam
ali. E os apelidos eram escolhidos pela “personalidade” de cada um deles. “Gato
de despensa” era um angorá que circulava para roubar os alimentos na nossa
casa. Tinha o “gato de telhado”, que ficava o dia dormindo nas telhas. O “gato
de esgoto” era muito paciente, passava o dia todo olhando pelo esgoto esperando
aparecer um ratinho.
E foram tantos gatos valentes, astutos, pé-duro, de
raça, etc.
Em homenagem a esses gatos, fiz uma versão da
história que Zé Carvalho me contava. Lógico que o gato era de Poções, de onde
mais poderia ser?
Então, um contador de história de Poções não perde
as suas origens e trata de contar para os seus amigos assim:
“Certo dia,
cheguei em Poções e minha mãe estava chateada com um gato que criava. O bicho se
tornou insuportável e eu sugeri que deveríamos colocar o gato no saco e
soltá-lo bem longe, coitado. Assim fiz, coloquei o gato no saco e levei no bagageiro
do fusca até a cidade de Vitória da Conquista, 60 quilometros de Poções. Soltei
o bichano bem depois da estação rodoviária e fui visitar alguns clientes
durante o dia.
Retornei à noite para Poções e, para minha surpresa, quem eu encontro? – O gato. Ele havia
voltado para casa. Não acreditava, as histórias de que os gatos retornam para
casa se confirmavam. Prometi a minha mãe que levaria o gato para despachá-lo em
Brumado na semana seguinte.
Em Brumado, fui
fazer uma visita na Magnesita e soltei no meio da mineração. O gato me olhou,
passou o rabo na minha perna e ficou ali, quieto, examinando o novo lar. Recebi
uma ligação que deveria ir a Guanambi e fiquei lá uns três dias. Era semana
santa e voltei a Poções para a paixão de Cristo e Páscoa. Minha mãe foi me
receber dizendo que tinha uma surpresa – era o bendito gato, pois ele voltara
para casa mais uma vez.
Não era
possível, como esse gato conseguia chegar e tão rápido? Bom, agora era questão
de honra livrar do gato. Tinha uma viagem programada para a região da Chapada e
levei para soltar dentro daquelas cavernas que tem ali próximas à cidade de
Lençóis.
Não pedi ajuda
a ninguém, achando que poderia me virar sozinho para soltar o gato. Dei voltas,
subi e desci serras, procurei a caverna mais profunda e soltei o bicho. Tentei
acarinhá-lo, mas como a viagem foi longa, ele saiu em disparada. Pensei, agora minha
mãe está livre do bicho!
Sai da
caverna, entrei no carro e procurei o caminho para a cidade. Me perdia cada vez
que procurava a saída. Comecei a me desesperar.
Quatro horas
depois, eu ainda continuava no mesmo lugar. Estava perdido. Só restou uma saída,
ligar para minha mãe e perguntar:
- Mãe, o gato
chegou aí???
- Já tá aqui,
debaixo do fogão da cozinha, faz tempo!!!
- Passe o
telefone pra esse infeliz, pra me ensinar a sair daqui…”
.
Rapaz...dei muitas risadas com essa do gato.
ResponderExcluirBichano infeliz!
Além de voltar pra casa ainda lhe fez ficar perdido. Um bom churrasco resolvia o problema de sua mãe.
Abraço,
Pinduca.
Fico imaginando Zé Carvalho contando esse "causo" e estou dando boas gargalhadas.
ResponderExcluir1 abraço.
Aqui em Morrinhos aconteceu uma história parecida, mas com um ator diferente:um urubu! Iran (dos Leite, primo, dono daquela casa na saída em direção a Iguaí, toda desenhada com palavras religiosas), resolveu criar um urubu. Batizou-o com o nome de Sagres e estabeleceu uma amizade entre os dois. Iran foi pra região das Sete Voltas e levou o amigo que sumiu alguns dias depois. Triste, o primo volta pra casa e eis que é surpreendido por Sagres que o recebe na porta de casa, feliz da vida. Vai entender!
ResponderExcluirAqui em Morrinhos aconteceu uma história parecida, mas com um ator diferente:um urubu! Iran (dos Leite, primo, dono daquela casa na saída em direção a Iguaí, toda desenhada com palavras religiosas), resolveu criar um urubu. Batizou-o com o nome de Sagres e estabeleceu uma amizade entre os dois. Iran foi pra região das Sete Voltas e levou o amigo que sumiu alguns dias depois. Triste, o primo volta pra casa e eis que é surpreendido por Sagres que o recebe na porta de casa, feliz da vida. Vai entender!
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