Cheguei mais cedo em Eunápolis. Fui na rua e passou um carro de som convidando as mulheres para a inauguração de uma loja de bijuterias. O locutor (a gravação) repetia o convite aos “eunapolitanos”. Duvidei que assim fosse o correto. Depois, confirmei num site da cidade que esse é o gentílico de quem nasce aqui.
Eu queria cortar o cabelo e não encontrei o Salão Brasil, indicação do recepcionista do hotel. Rodei um tanto e me lembrei da Eunápolis quando ainda era o maior povoado do mundo e pertencia uma parte a Porto Seguro e outra a Santa Cruz de Cabrália.
Muita gente ainda tem dúvida da sua “pátria” – de que lado morava quando nasceu? Como o hospital ficava no lado de Porto Seguro, as dúvidas ainda são maiores.
Resolvi esquecer o salão e fui procurar uma “tenda”, alguma parecida com a de João Bonitinho. No mesmo quarteirão, existiam duas tendas uma próxima a outra. Na dúvida entre a de Tião e a de Silvestre, fui atraído pelo ar condicionado de Silvestre. Não era uma tenda simples - bem arrumada, com portas de vidro, sanitário, limpa e com um “split” de 9 mil btu´s.
Com as duas cadeiras (marca Ferrante) e os “barbeiros” ocupados, fiquei na espera e aproveitei para ler uma das revistas que Silvestre me deu. A conversa entre os dois era a mesma de toda as tendas. Rolava uma conversa de falta de pagamento de comissão de venda de imóvel e já deu para sentir que o barbeiro tinha sido passado para trás (ele é corretor e nas horas vagas faz “umas casinhas” pra vender).
Chegou a minha vez. Alertei para o redemoinho no pé do cabelo e ele se preocupou. Eu disse: - Fique tranquilo, se você errar, o cabelo cresce rápido! Começamos logo o papo do nome de cada um, o que eu estava fazendo na cidade, rolando a intimidade de perguntar onde havíamos nascido. O barbeiro me disse: - Sou de Itororó, mas sou de Itambé! Pedi para que ele me explicasse a história direito.
Aí, a conversa rendeu. Ele voltou aos tempos de metalúrgico que foi, de ter morado em Jandira - SP, de ter aprendido a arte de cortar cabelo em São Paulo (o diploma estava na parede). Me contou exatamente como descobriu que ele era de Itambé.
- Fui procurar emprego e a moça começou a preencher a ficha. Quando perguntou de onde eu era, respondi: de Itororó! A moça me disse que eu estava enganado e que eu era de Itambé, como tava no documento. Já era homem feito quando soube pela primeira vez que era de Itambé e não de Itororó – tomei um susto. Veja você, eu era meio desligado, tinha nascido numa roça, nunca tinha olhado pro meu documento. Mas, meu coração diz que eu sou de Itororó!
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Lulu,
ResponderExcluirContinue nos brindando com suas "gostosas" crônicas.
Libonati