"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

quarta-feira, 6 de março de 2013

As cadeiras da igreja


As mulheres da sociedade de Poções tinham cadeiras reservadas na igreja. Esse foi um fato que deu panos para as mangas na nossa cidade. A matéria do jornalista Ciro Brigham, publicada no Correio da Bahia em 07 de março de 2006, cita que as cadeiras foram banidas pelo Padre Bené, sucessor do monsenhor Honorato.

As diversas questões sociais citadas naquela matéria foram os importantes embates travados pela sociedade, políticos, paroquianos e devotos do Divino Espírito Santo contra o Padre Bené (quem quiser conhecer o teor da mesma, pode me solicitar via e-mail que eu mando uma cópia – se solicitar via comentários do blog, deve citar o endereço de e-mail no corpo do texto).

Pois bem, as cadeiras existiam desde o tempo da igrejinha. Ela era pequena e com poucos bancos para as pessoas. As mulheres de maior poder aquisitivo mandavam fazer as cadeiras especiais – eram especiais porque, além de servirem para sentar, havia o genuflexório (lugar de ajoelhar) e disponibilizavam conforto para quem chegava à missa. Cada cadeira era identificada com as iniciais das suas donas, entalhadas na madeira. Enfim, eram vistas por elas como lugares a mais na igreja.

Com a inauguração da igreja matriz, o dinheiro era pouco e os bancos foram encomendados em lotes. As cadeiras foram transportadas para suprirem as necessidades das pessoas e cumprirem o mesmo papel quando estavam na igrejinha.

Do ponto de vista do Padre Honorato, as cadeiras eram muito bem vindas. Já no tempo do Padre Bené, se tornaram privilégio. Cita a matéria que todos os privilégios foram proibidos por ele, inclusive a missa dos atiradores, que deveriam ser considerados como cristãos comuns.

Bené precisava pregar o Concílio Vaticano II, atrasado por Honorato há 23 anos. Isso era o que a igreja mandava, diz a matéria. O que ela (a igreja) não mandou, foi o dinheiro para ser construída, que saiu do bolso do povo de Poções através das barracas “profanas”, das centenas de leilões realizados nos pavilhões ao longo das festas do Divino, das listas de doações administradas pelo Senhor Corinto Sarno e pela famosa “Campanha do cruzeiro”, comandada por Dona Anina Sarno, sua esposa, ajudada pelas mesmas senhoras que foram impedidas de sentar-se nas cadeiras da igreja.

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Um comentário:

  1. Lu, nem todas as mulheres da sociedade em Poções tinham cadeiras individuais na Igreja.Eram as ricas e principalmente as italianas.Fui contemporâneo do pe. Bené e ele estava quebrando a acomodação social-religiosa do Pe. Honorato e seguindo as novas orientações da Igreja, assim como deve ser feito no Vaticano de hoje.Para as missas comuns os bancos que existiam serviam,só eram poucos nas missas especiais, quando o povão ficava em pé.Mesmo com poucos fiéis as cadeiras privilegiadas eram usadas pelas donas, ou ficavam vazias.Teológicamente não há separação entre ricos e pobres, e evangelicamente os pobres devem ser os primeiros...na igreja de Pe. Honorato eram os últimos.
    O Vaticano não manda dinheiro para a construção das igrejas. Esta é e sempre foi uma tarefa dos fiéis.Mas isso não quer dizer que os ricos sejam donos dela.Corinto e Annina Sarno fizeram esta tarefa com muita devoção, dedicação e para que a igreja estivesse a serviço do povo.Soube que, em vida, Corinto nunca permitiu que colocassem uma placa de agradecimento a ele na sacristia. Recebeu com humildade a Comenda que o Bispo de Conquista solicitou ao Vaticano.
    De privilégio em privilégio veja onde chegou o Vaticano.
    Eduardo Sarno

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