Minha
mãe e meu pai tinham uma mania de trancar as portas da casa em Poções. Diziam
que a cidade estava cheia de ladrões e um deles poderia entrar. Tinham razão e
eu achava que era exagero ou coisa de gente velha.
Abro
os sites de Poções e leio, em menos de meia hora, a relação de notícias que
apavora pela quantidade e pelos níveis dos fatos, sem contar os acidentes nas
estradas vizinhas:
- Índio homicida é preso pela polícia;
- Polícia prende homem envolvido com tráfico de
entorpecentes;
- Posto de gasolina é assaltado pela terceira
vez;
- Polícia recupera carro roubado;
- Homem atropelado por ônibus escolar;
- Homem morre em troca de tiros;
- Homens são presos após roubarem moto;
- Cortaram Turino na bala;
- Mais um homicídio em Poções;
- Homem é preso após esfaquear a sobrinha.
A
antiga delegacia do Beco dos Artistas não caberia tantas ocorrências. O Tenente
Celino, nosso grande delegado do passado, teria que ter um reforço extra, pois
não daria conta sozinho de assumir tantos problemas.
A
nossa antiga cadeia não comportaria tanta gente. Os policiais da época não
poderiam dormir tranquilos diante dessas ocorrências. O guarda Erotildes não
poderia cochilar no frio da praça. Imagine, então, se a luz fosse desligada a
meia noite?
Assassinato
em Poções era coisa de um ou dois, por ano, e olhe lá. Não é mais a cidade pequena que estávamos acostumados a ver e viver em paz. A
violência toma números assustadores, bem que não seja um privilégio da nossa cidade.
Cada vez mais me assusta a futilidade das ocorrências. Falta educação doméstica
e políticas de incentivo à juventude e combate efetivo às drogas. Falta
a família. Falta o estado agir mais.
Que tenhamos sucesso com a nova delegada…
.
Lu, do meu ponto de vista são duas questões. A primeira é que efetivamente a sociedade poçõense em tempos passados era diferente no quesito violencia. Era uma sociedade mais estabilizada, com menos contradições ou mesmo contradições que não afloravam em forma de violência. A outra questão é que convivemos com uma relativa democracia e um absoluto capitalismo. E isso não pode dar certo. As contradições aumentam, as tensões se agravam e o poder público é ineficiente, por vários motivos, e o que vemos é o alastramento da violência.Ainda na minha opinião, não haverá solução. Não será a capacidade e o trabalho de uma delegada que irá mudar este quadro. O Estado é incompetente, não tem vontade. É como um sindico que faz bobagens. E nós, condôminos ou aplaudimos, ou somos indiferentes ou não conseguimos mudar.Veja o exemplo do Feliciano (ou in-feliciano ?)um retrocesso sem tamanho na vida social do país.
ResponderExcluirPoções não é mais aquele, tiraram o sossego dele.
Eduardo Sarno