Não vou aceitar. Tive a oportunidade de estudar o primário
na escola União das Classes, que era inserida na Maçonaria de Poções, e tinha
aquelas histórias do bode preto, que assustava todo mundo. Só fui uma vez na sala
das reuniões do lugar quando Bruno Sola se casou e a festa foi ali.
“Deixe para lá, para
não complicar” como diz o sergipano - o assunto, na verdade, não é maçonaria.
Semana passada, tomando umas com meus cunhados, firmamos o
papo nessa conversa do significado de ser padrinho. Eles insistiam no argumento
que é aquele que deve substituir o pai na eventual falta deste. O dicionário
popular, na internet, diz que ser padrinho significa fazer o afilhado trilhar
por caminhos que o levem a Jesus.
Deu nó na cabeça, mas acho que não foi com esse propósito religioso
que meu irmão e meus cunhados me escolheram para padrinho dos seus filhos. Acho
que eles decidiram pela opção da substituição do pai e foi a tônica da
discussão. Na verdade, sou padrinho de
Marcelo, filho de Pepone – de Léo, filho de André, e Monnaliza, filha de
Ricardo (meus cunhados) devido a íntima
convivência com eles enquanto os afilhados se criavam nas barrigas - já
nasceram afilhados, portanto. Bom, decisões e barrigas à parte, todos os três
afilhados me chamam de “meu dindo”, o que também me faz olhar com distinção
especial.
E, assim, todas as vezes que olhei para os meus padrinhos,
eu senti essa diferença. Meu pai escolheu
Terezinha Sarno (Tereza de Valentim). Ela morava no Rio de Janeiro e tivemos pouquíssimas
oportunidade de relacionamento. Depois que ela faleceu, elegi a prima Ada Sarno
para ser a minha madrinha. Falei dessa ocorrência para o Padre José Hamilton e ele
achou adequado fazer uma consagração a São José. Vejo Ada como uma pessoa
especial e uma troca de carinho diferente das outras primas.
Antonio Rocco Libonati
Para padrinho, meu pai escolheu o patrício italiano Antonio
Libonati devido ao relacionamento que tinham quando este ainda era rapazote na
pequena Mormanno, na Itália. Voltou a morar um tempo em Poções, quando se
formou e exerceu a medicina em um consultório na praça onde tem o Coreto.
Depois, ao visitar a cidade, já com os filhos Sérgio e Paulinho, trazia entre
tantos presentes, aqueles que ficaram na minha memória – um pequeno avião de
guerra, de montar, da Revell. O outro foi um joguinho de gudes chamado Bolibox.
Sem contar, também, o dia em que um tijolo caiu no dedão do meu pé. Libonati
tinha chegado naquele dia e fez uma incisão para drenar o sangue sob a unha.
Na condição de afilhado, nunca tive dúvidas dessa relação e
dos cuidados recebidos. Mas, o aprendizado maior foi a relação
dele com meu pai, o que me dava a certeza da escolha. Os olhos de Libonati
sempre brilharam (e brilham até hoje) quando o assunto é essa relação afetiva
trazida da Itália.
Pois é, dando sequencia a essa relação de padrinho e
afilhado, estou tendo o prazer de ir almoçar com ele no dia de hoje,
retribuindo toda essa atenção junto ao seu outro afilhado Marcelo, filho de
Vincenzo (irmão de Fidelão), escolha que também foi fruto de uma amizade
consolidada entre primos italianos, de igual convivência na pequena Mormanno.
Nada mais justo que comemorarmos o encontro “assaggiando un picolo pezzo di sopressatta”
(tradução: saboreando um pequeno pedaço de sopressata ) com um salame caseiro que
trouxe de Mormanno e guardado até hoje, na geladeira, a sete chaves.
- Benção, Padrinho!!!
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