Por Ricardo Sangiovanni e Sebastian Gross
Direto de Berlim - http://makarapa.atarde.com.br/
Berlim – Antes de o jogo começar, o repórter da TV alemã ZDF, direto da África do Sul, entrevista dois torcedores juntos – um argentino e o outro, alemão. “Quem ganha hoje?” E o portenho logo antecipou-se: “Nós. Sabe por quê? Por que temos a ‘Mão de Deus’”. (veja em aqui).
A torcida alemã no espaço “11 Freunde” (que significa 11 amigos), em Friedrichshain, zona leste de Berlim, sorriu. E continuou bebendo tranquila sua cerveja, sem dar muita importância – parecia prever que, no fim, a tarde seria de festa. E sorriu novamente ao ver Maradona dar um beijinho no rosto de cada um de seus comandados antes de mandá-los ao gramado. Que Mão de Deus que nada: a tarde seria é de Beijos de Judas.
Foi como se, com cada beijinho, o ex-milagreiro argentino tivesse transmitido a seus jogadores a ansiedade e o excesso de confiança que o torcedor entrevistado demonstrara.
Assim, o primeiro gol saiu logo, mas não espantou totalmente a tensão da torcida. No galpão de uma antiga oficina mecânica abandonada onde foi montado o telão onde vimos o jogo, houve quem berrasse a cada ataque argentino, como se tentasse espantar a bola com os berros; houve quem, com o coração acelerado, ameaçasse ir-se embora.
Um pouco mais de tranquilidade veio só com o segundo gol. E nem o mais otimista dos alemães esperava que sua jovem e orgulhosamente multi-étnica seleção marcasse ainda outros dois. Muito menos o passeio sobre a Argentina de Messi. “Foi ótimo o jogo-treino que acabamos de assistir”, disse o ex-goleiro Oliver Kahn, hoje comentarista no canal alemão.
Até o terceiro gol, a galera gritava a cada roubada de bola, cada passe certo, cada lance de perigo. Depois, passou a gritar mais ainda, mas agora eram irônicos “oooooh [que peninha...]” a cada vez que Maradona aparecia na tela, em close. Close daqui, gol de Klose dali, a torcida alemã foi ao delírio.
FESTA EM BERLIM MULTI-ÉTNICA. E saiu pela rua cantando e gritando e parando carros na rua, cada um com a sua garrafa de cerveja na mão. Na rua, um senhor de barba branca, já embriagado, tirou sarro de uma amiga alemã que vestia uma camiseta alvi-celeste (ela morou na Argentina e quis demonstrar sua simpatia). “É que ela não tinha outra roupa para vestir”, dissemos ao homem, de brincadeira. Ao que ele prontamente respondeu: “Ora, então melhor que não estivesse vestindo nada”.
Tudo isso, é claro, em bom alemão. Idioma de uma Alemanha com alma cada vez mais cosmopolita, cuja diversidade de rostos da seleção se vê também nas ruas de Berlim e vai tornando-se aos poucos sua marca registrada. Nas ruas vimos com bandeiras alemãs rostos de origem turca, como o de Özil. Ou africana, como o de Boateng. Ou polonesa, como o de Podolski. Ou sulamericana, como o de Cacau. Ou germânica mesmo, como o de Friedrich, o mais abraçado por todo o time e mais aplaudido pela torcida ao marcar o segundo gol – ele que, reconhecidamente, acaba de fazer uma péssima temporada pelo Hertha Berlim, que caiu para a segunda divisão da Bundesliga neste ano.
Berlim agora é a única capital da Europa sem um clube na primeira divisão da liga nacional. Mas quem se importa com isso, quando se está na semi-final da Copa, e com sobras?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
10201020
ResponderExcluirMuita falta de respeito do Maradona praticar um ato de desonestidade e (0 gol de mão contra a Inglaterra) atribuir a sua prática à mão de Deus. Desde de quando ele falou tal insanidade que eu imaginei que momentos de decepções e amargara estariam aguardando por ele na na trajetória da vida. De Deus não se zomba sem pagar no devido tempo o preço certo.
Caiu! caiu! o deus dom Diego "paradona". Realmente ele está mais para Judas do que para Deus.