Pesquisando velhas fotos, encontrei-o montado em um cavalo durante uma das Chegadas da Bandeira dos anos 60. Sem tanto destaque, ele está logo atrás de Claudionor – o Mituca, que era o antigo organizador.
A tradição cresceu e a mistura de cores e fé tomaram conta do povo. A emoção toma conta do coração do velho Homero. Montado ao seu lado, na porta da igreja, observei o seu profundo silêncio. Seus olhos brilhavam com a certeza de ter feito a sua tarefa muito bem. Era só concentração e inquietação enquanto não fosse chamado para entregar o estandarte oficial do Divino Espírito Santo ao Padre Estevam. A gente percebe que aquele momento é o auge da cavalgada na expressão de Homero.No Mastro, na noite de sábado, sentei-me junto a ele num banco de madeira e me disse: “Eu nunca vi uma Chegada da Bandeira tão bonita e organizada como essa”. Não estava jogando confetes. Eu entendi perfeitamente que se tratava da ordem, da velocidade do desfile, do posicionamento dos cavaleiros, das pessoas ao longo do percurso, ingredientes básicos para a beleza do colorido das bandeiras.
Nós, os cavaleiros do Divino, cavaleiros de Seu Homero, seguimos as suas orientações à risca.
Naquela noite, o velho senhor estava afinadíssimo com a história que sempre conta sobre a formação religiosa da nossa cidade. Começou a contar mais cedo. Teve um lance interessante antes da fala dele. Um radialista se aproximou e pediu para que ele falasse com exclusividade para a transmissão da missa. Ele respondeu: “Fique atento na história e depois você mesmo conta – eu vou falar muitos detalhes”. E assim fez.
Do outro lado, ligados na fala de seu Homero estavam Jorge de Ucha e Neto de Maneca. Sabem cronometrar exatamente o tempo do discurso com os fatos, principalmente quando fala das moedas de prata que foram trazidas para Salvador e, derretidas, transformadas em uma imagem de pomba.
O discurso é interrompido pela emoção. Capaz de lembrar e citar os nomes de quem o ajuda, sua voz embota e dá vez ao choro, demonstrando a dedicação, a dificuldade para organizar e conduzir as tarefas que lhes foram confiadas e transformadas nessas duas obras primas, quando conta com a ajuda principal da sua família e das famílias que moram na Lapinha.
Certos estamos nós quando carregamos o Mastro nas costas e gritamos:
VIVA O DIVINO ESPÍRITO SANTO!!! VIVA SEU HOMERO!!!
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