"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

sábado, 28 de maio de 2011

O fim do mundo

No escuro de Poções, conseguíamos enxergar muito bem a constelação do Cruzeiro do Sul, as constelações Ursa Maior e Ursa Menor - as estrelas enfileiradas. Virava e mexia, uma estrela cadente. Quando a lua brilhava, dava pra ver São Jorge dominando o dragão. Virou música – Lua de São Jorge ( http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/43876/ ).

Certa vez , acordei às três da manhã para ver um cometa – não foi o Kohoutek e nem o Halley, mas tinha a cauda brilhante como aquela dos presépios de Natal. A imagem era vista sobre o casarão dos Schettinis.

Lembro do anúncio de um grande eclipse que aconteceria na Terra. A escuridão tomaria conta e ficaríamos assim durante um bom tempo. Alguns, interpretavam como um acontecimento normal. Outros, interpretavam como o fim do mundo.

Confesso que o exagero me fez ficar do lado daqueles que acreditavam no fim do mundo . Nessa época, eu era coroinha e, sem dúvida, centenas de pessoas levavam fósforos e velas depois da missa para o Padre Honorato benzer . Significava que o sol não brilharia por muito tempo e a escuridão dominaria. Deu medo.

O padre, ao benzer, manifestava a sua crença e reforçava o pensamento do povo. No final, a frustração: a sombra não atingiu Poções.

Ao longo dos anos, a luz produzida pelas velas bentas serviu para aumentar a fé no Divino Espírito Santo, Santa Rita, Santo Antônio, São José e tantos outros adorados.


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