Estava assistindo ao magro 2 a 1 da Seleção Brasileira sobre a fraca Coréia na televisão, com o radinho do celular colado ao ouvido. Depois de tantos anos, ainda há um atraso entre a imagem e o som do rádio. Lógico que a onda chega primeiro que a imagem. Maicon nem tinha sido lançado e o rádio já gritava gol.
Não tive outra reação senão gritar gol. O pessoal quase me mata, queria me tomar o rádio, dizia que estava tirando a sensação de ver o jogo na televisão. Parei com as reações em tempo normal, enquanto ficava observando os atrasados nas reações de gol, quando já sabia que era escanteio.
Me deu saudade de um grande sofá branco que tinha na nossa casa, em Poções. Sentado, ali, eu já havia visto o primeiro homem pisar na lua em 1969. No mesmo ano, estreando uma TV ABC, novinha, a novela "Sangue do Meu Sangue", com Nicete Bruno, Tônia Carrero, Francisco Cuoco, Fernanda Montenegro e tantos outros bons atores.
A TV era em preto e branco. Assistimos à Copa de 70 no México. Apesar das imagens chegarem através de repetidoras, não havia esse atraso todo de hoje. Dava para ouvir Valdir Amaral no rádio e acompanhar a movimentação dos dois times. De vez em quando, girava um botão de sintonia fina que ficava junto ao giratório dos canais. Vez ou outra, para melhorar a imagem, dava uma viradinha na antena pé de galinha, presa na ponta de dois canos de 6 metros cada, equilibrando-se do vento amarrada a arames torcidos. A imagem era muito longe dos canais normais de hoje, sem qualquer comparação com as HD´s.
Mas, assistíamos a tudo que passava na televisão. Era a primeira Copa ao vivo em Poções.
Final da tarde de 21 de junho de 1970, quando veio o tri sobre a Itália (4x1), a população estava comemorando na praça. Fizeram uma passeata em direção a porta da nossa casa, na Rua da Itália, na tentativa de intimidar meu pai e outros tios e amigos italianos moradores que assistiram ao jogo com a gente. No início, houve certo receio de acontecer alguma reação mais calorosa. Mas, Chico, meu pai, naquela tranquilidade peculiar, já saiu na varanda aplaudindo aos vitoriosos que estavam com as bandeiras. Em seguida vieram os outros tios repetindo o mesmo gesto.
O que se imaginava um confronto, tornou-se uma cena de respeito de ambos os lados. Os aplausos vinham dos vitoriosos e dos perdedores, selando aquele momento. Afinal, estavam todos na Rua da Itália.
Essa coisa de torcer pela Itália e torcer pelo Brasil sempre foi muito natural na nossa casa. É um confronto difícil de evitar nas copas do mundo, porém traumáticos. Além dos 4x1 do México, tivemos em 1978, na Argentina, a decisão do terceiro lugar onde o Brasil ganhou de 2x1.
Depois, foi meio que a forra de meu pai, quando em 1982 tomamos aquele “vareio” de Paulo Rossi (3x2) e a melhor seleção de todos os tempos voltou para casa.
Já em 1994, Baggio deu mole e nós trouxemos o tetra.
Para essa Copa, Força Brasil, Forza Azzurra!!!
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