O som alto da barraca de Neumir expulsou o pessoal sentado no bar de Zé Califórnia e nos empurrou para Wartão e para o Gaiolão. Sem dúvida, todos queriam conversar e não ficar rouco. Tem certas coisas que nós poçõenses não aprendemos nunca: som alto no lugar onde não tem ninguém. Veja que no sábado à tarde, os artistas da cidade se apresentavam e não tinha ninguém para assistir. Um pagodão estridente onde deveria ter uma música tranqüila, uma voz violão talvez.
Mas fomos salvos por Wartão, que não tinha “música” incomodando. Ali se tornou o ponto provisório dos velhos amigos. Poucos, é certo, mas deu para matar a saudade.
Nunca se sabe a hora de voltar para casa, sempre chega alguém depois que você terminou de pagar a conta. Vai mais uma cerveja, mais um papo, mais um abraço. Chega alguém que você não encontra depois de tantos anos. É uma nova rodada de conversas, de novas histórias e saber sobre aqueles que não vieram, atualizar o caderno e passar a limpo a saudade.
Lá pras 5 da tarde chega Gilmar Magalhães e o nego Regi. Deus sabe de onde apareceram!
Tenho uma admiração especial por Gilmar, desde os tempos em que era colega de Bruno Sola, quando ele ouvia as histórias de meu tio Giovanni e o imitava.
Naturalmente, ele me diz: "Tenho umas lembranças para o seu blog!" Mais uma cerveja e ele começa a contar sobre o dia em que o caminhão de doces da Sultana quase vira na ponte de madeira (aquela próxima à Igrejinha). "Era dirigido por Pedro Laudelino – Pedro de Diná, faço questão de frisar pra você não atrapalhar com Pedro de Anália, aquele que jogava sinuca. Foi um acontecimento histórico na cidade".
"Aquele tanto de lata de biscoito no bagageiro externo, “tu” não lembra? Era de biscoito de doce e de sal. Tinha as marcas Tupy e Aymoré, lembra? Maria era os de doce, tinha dos redondos e daqueles compridinhos".
As histórias continuavam. "Agora nós vamos falar de Good News” – Good News? perguntei. É assim que a gente chamava Boa Nova, você não se lembra? É a nossa Sucupira". Gilmar lembrou que Boa Nova deve um defunto a Poções, pois construiu um cemitério novo e ninguém morria. " O defunto teve que ser emprestado por Poções".
- Ah, Gilmar, me deixa!!!
" Não, ainda tem a história do Padre Honorato quando foi celebrar uma missa lá. O padre foi convidado para um jantar residencial. Já havia jantado, mas foi assim mesmo. Ele “rudiava” a mesa enquanto recebia um insistente convite: Padre, dona fulana ta chamando pro senhor ir comer! O padre, surdo, responde: Não, não quero, já comi muito, não quero comer mais!
Tem mais uma antes de você ir embora. Sabe qual é? A do peru feliz.
- Peru feliz? Então é história de Natal? perguntei.
Você conheceu Emério Pithon? Alguém chegou em Poções procurando pelo Seu Emério para entregar um peru de natal. Mas “tu” também conheceu Homero Pintor? Pois é, foram entregar o peru para Homero Pintor no lugar de Emério Pithon. Como ele não sabia de nada, também não questionou e ficou com o peru, feliz da vida.
Mas, antes de você ir embora, grave aí e não esqueça de botar no blog os nomes dos cachorros do seu tio Giovanni: - Baleia, Suzi e Sara!
São pequenos detalhes que fazem a magia desses encontros. Lembrar de Baleia, Suzi e Sara reconstitui a lembrança de boa parte da minha infância em família, que já estava esquecida.
Um abraço para Gilmar e para o primo Bruno, que foi o elo dessa amizade.
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Lu, meu contador de "causos" preferido! que saudade de tu, tatu!
ResponderExcluirAdorei a historia do caminhao que virou com os biscoitos! rsrsrs Aymorè e Tupy sao do meu tempo! rsrsr bjocas!