Entrei e fui logo conversando com a pessoa que tomava uma cerveja no balcão. Ainda tinha meia cerveja na garrafa quando me ofereceu compartilhar a bebida. Nos cumprimentamos e ele jogou logo o assunto sobre o mafioso Michele Caputo, que havia sido preso há bastante tempo:
- Ah, foi Michele que me contou e você sabe que todo italiano é mafioso, disse o interlocutor.
Não contei história e complementei: - E esse daí, tinha o mesmo nome do meu avô. Quando levei a minha mãe para atualizar a carteira de identidade para estrangeiro na Polícia Federal, em Ilhéus, brinquei com o policial que nos atendeu e disse: Ela é filha do mafioso Michele Caputo!. O policial levou um bom tempo pesquisando na sala vizinha ao atendimento e depois nos disse que não havia chances de ser o Michele mafioso o meu avô.
Eu tenho boa memória e guardo fisionomias. Mas, dessa vez, a memória me traiu. A fisionomia era bastante familiar e pensava: - quem é essa pessoa? Lançava umas iscas para ver se identificava:
- Acho que eu me lembro de você. Você não carrega o mastro na Festa?
Ele respondeu: - Não, eu não participo destas coisas de igreja!
Mudamos o assunto e, de novo, mais uma tentativa de identificação:
- Quem é seu pai?
- Sou filho de Alonso!
Amarelei de novo. - Ah, eu sei quem é mais não estou me lembrando!
Amarelei de novo. - Ah, eu sei quem é mais não estou me lembrando!
- E o seu nome?
- Lulu, eu sou Pablo, aquele que você pegou cerveja no meu bar no dia que desceu do beco dos Artistas, quando estava conversando com Bruno Sola, seu primo!
- Ah, rapaz, agora caiu a ficha. Você é aquele que fica com o som na maior altura durante a Festa do Divino?
- Isso, sou eu mesmo!
- E porque você está tomando cerveja aqui? Perguntei.
- Eu só tomo uma e vou trabalhar porque no bar eu não posso beber. Você sabe que dono de bar é psicólogo, conselheiro, meio que faz tudo e outra dia um bêbado tava brigado com sua mulher e veio me pedir opinião. Imagine se ele fizesse o que orientei. Portanto, a gente não pode beber para manter as idéias no lugar. Dono de bar é até detetive. Mas, vamos mudar de assunto. Eu me lembro que seu Chico, seu pai, botava as cadeiras sobre o passeio na porta da casa para a gente não passar de bicicleta, aquelas monaretas BMX!
No meio de um tira-gosto de peixe frito, resolveu pagar a conta e tomarmos a saideira.
O bar de Pablo não tem nome, mas fica na esquina do Beco dos Artistas, onde funcionou a farmácia Brasil, de Dr. Ari Alves Dias e Joaquim. Disse que no ano que vem vai colocar o nome.
- E qual será o nome?
- Ainda não sei !!!
Fui embora e ele ficou esperando outro tira-gosto de peixe.
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