tag:blogger.com,1999:blog-83113454222244002082024-03-20T12:07:04.949-03:00Blog do SangiovanniUnknownnoreply@blogger.comBlogger377125tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-64259914789525903852018-09-14T21:45:00.000-03:002018-09-14T21:45:08.054-03:00Antônio Fagundes - 60 anos de tuba<br />
<div style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFV6ybPljYlSHJvbfrdgAQV94DqrcEF50RhrE0pPNPa_zaEkpzp_eXwXRcD6-RAHlTSp6VHMmkXttRIqFNMVHrH-FqaG8DzPku32W2RJbDGIhbEIDnUuXn8sZrBiezwRyMDymQFXug/s1600/DSC02046.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="462" data-original-width="348" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFV6ybPljYlSHJvbfrdgAQV94DqrcEF50RhrE0pPNPa_zaEkpzp_eXwXRcD6-RAHlTSp6VHMmkXttRIqFNMVHrH-FqaG8DzPku32W2RJbDGIhbEIDnUuXn8sZrBiezwRyMDymQFXug/s200/DSC02046.JPG" width="150" /></a></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: Helvetica, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Por </span><b style="color: #1d2129; font-family: Helvetica, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Antonio Leandro Fagundes Sarno (*)</b></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;">Em maio de 1993, durante a chegada das bandeiras, nos festejos
do Divino Espírito Santo, às 9:00hs da manhã, minha mãe, preocupada, me disse:<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;">- Vá ficar com o seu avô, pois ele desceu “pras” barracas e não
vai acertar voltar sozinho pra casa. Só saia do lado dele quando ele chegar em
casa.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;">Disse isso motivada pela idade avançada de Vovô Tonhe (Antonio
da Silva Fagundes), o que também me deixou apreensivo. Todos nós já sabíamos
que, neste exato dia, ele gostava de encontrar os amigos pra beber. Fui até a
Praça do Divino e o encontrei em uma barraca que ficava de frente da Igrejinha,
logo na esquina, no fundo do pavilhão. </span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;">Sentados com ele estavam Pia Soldado, tio Quito, tio Zelinho e
outros bons amigos de farra. Peguei uma cadeira e sentei ao lado de Vovô Tonhe,
para ouvir as conversas e as suas histórias, não menos interessantes que as de
Tio Zelinho e Tio Quito. Entre as cadeiras vermelhas de ferro, com o logotipo
da Brahma no encosto, o cheiro das palhas da barraca misturado ao cheiro da
cerveja, do quentão que era vendido em frente à igrejinha do divino e do
cigarro de Tio Zelinho, tive uma sensação boa de estar entre os mais velhos da
família, de paz e pertencimento.<br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp3xqReLBGneDg9hZgV2mzgVqlDkhrZ7SnrUQDj-SuCSHBnFLakezna8vChZm7FqaXZVQbhpXfrk5g61ZWG22fJG7NmU235aGUEP48AMMhibJNRksmAxs4q7b4WbVDxGWvw9ecig3_/s1600/Antonio+Fagundes+1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="727" data-original-width="960" height="242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp3xqReLBGneDg9hZgV2mzgVqlDkhrZ7SnrUQDj-SuCSHBnFLakezna8vChZm7FqaXZVQbhpXfrk5g61ZWG22fJG7NmU235aGUEP48AMMhibJNRksmAxs4q7b4WbVDxGWvw9ecig3_/s320/Antonio+Fagundes+1.jpg" width="320" /></a><span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;">Na barraca, uma panela de pressão apitando e um som gradiente
cinza tocando Chiclete com Banana, o que para os que estavam à mesa, não
significava nada. Vovô Tonhe nem sequer ouvia o que estava tocando naquele som,
devido à sua surdez. Ele estava mais interessado mesmo na conversa à mesa. De
repente, Tio Quito ficou cantarolando os velhos dobrados enquanto batia com os
dedos no logotipo da Brahma, na mesa de ferro vermelha. Engraçado era ver que
Vovô Tonhe ouvia o cantarolar dos dobrados por Tio Quito, mas não ouvia o som
da barraca. Ele sabia exatamente os nomes dos dobrados e os seus compositores,
o que me deixava muito orgulhoso. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;">Foi naquela mesa que ouvi pela primeira vez o nome de Heráclio
Paraguassu Guerreiro, da cidade de Maragogipe, na Bahia. Vovô Tonhe falava dele
com empolgação, dizendo que este compositor escreveu mais de 600 músicas e
começou a estudar caixa com 12 anos na Filarmônica de Maragogipe. Tio Zelinho
falando das Jazz Bands e de Gleen Miller. Eu, calado, ouvia aquilo tudo
procurando compreender o que estavam falando, feliz por estar participando
daquela mesa entre aqueles que fizeram parte de uma Filarmônica e que sabiam
ler partitura.<br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYW_H1WzYE1qRBb8Um9fPofQKpgdqdybLWX-DFUilSJJkhccW5vb60jzTR-mhgCDyq0rB95BQ9yy3paoqqGR9-I0Jez3jodvM5NApZWDUUp4v9Vscqylmd6oY4jDrsSZtVjjKeKcQ9/s1600/Antonio+Fagundes+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="450" height="227" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYW_H1WzYE1qRBb8Um9fPofQKpgdqdybLWX-DFUilSJJkhccW5vb60jzTR-mhgCDyq0rB95BQ9yy3paoqqGR9-I0Jez3jodvM5NApZWDUUp4v9Vscqylmd6oY4jDrsSZtVjjKeKcQ9/s320/Antonio+Fagundes+3.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;">Em meio ao bate papo, vovô Tonhe reclamou que a cerveja em outra
barraca estava quente. Nesse momento, Tio Zelinho acendeu um cigarro e riu,
confirmando aquela informação. De repente, Vovô Tonhe volta a atenção pra mim e
pergunta:<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;">- Quantas vezes você já tocou na Festa do Divino?<br />
- Esse ano toco pela primeira vez com a Banda Centaurus, Vô! Respondi.<br />
- Sabe quantas vezes eu já toquei? Perguntou ele.<br />
- Não, respondi curioso em saber o que ele iria dizer.<br />
- Só tocando contrabaixo (Tuba Souzafone) foram 60 anos!<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;">Aquilo chamou a minha atenção, despertando um interesse nunca
sentido antes. Sem hesitação, perguntei:<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;">- Quantos instrumentos o senhor tocou na Filarmônica?<br />
- Comecei tocando caixa aos 13 anos, passei para a trompa (saxhorn) e depois
mudei para o contrabaixo (tuba souzafone). Respondeu ele.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;">Quando ele disse isso, entendi a empolgação dele ao falar sobre
Heráclio Paraguassu Guerreiro. Ambos começaram estudando caixa em uma
Filarmônica com praticamente a mesma idade. Acredito que Vovô Tonhe gostava
tanto deste compositor que deu um nome parecido a um de seus filhos, Heráclito
Fagundes, o nosso Tio Quito.<br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.5pt;">Após várias e várias
conversas com os amigos, ele resolveu voltar pra casa. Eu o acompanhei
orgulhoso pelos seus 60 anos de tuba. Mal sabia eu que, anos depois, estaria
dando aulas de música em uma filarmônica, que foi fundada como o resgate de um
pedaço da história de Poções. E mal sabia ele que eu, encantado com as
histórias narradas naquela mesa, senti uma imensa vontade de viver aquilo tudo
com todos eles, nem que fosse por um instante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p><b><i><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">(*) Antonio Leandro Fagundes Sarno é maestro da Filarmônica de Poções</span></i></b></o:p></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-9507351385388996742018-06-01T17:39:00.000-03:002018-06-01T18:20:04.179-03:00Festa do Divino em Pirenópolis - Goiás<div class="article-text" style="font-family: "fira sans", sans-serif; line-height: 1.6;">
<h3 style="font-family: "fira sans condensed", sans-serif; line-height: 1.22; margin: 16px 0px 8px;">
<span style="font-size: small;"><u>Jornal O Popular - Goiânia (20/05/2018)</u></span></h3>
<div>
<span style="font-size: small;"><u></u></span><br /><span style="font-size: small;"><u></u></span></div>
<div>
<span style="font-size: small;"><u></u></span><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxkCxtsF5m_7OUzLxlwgApOmjxLL3QnGltqS1tE9gvEZtPrgC0uTqsiWtsKF_Xetpud0LOgQuPvvA-nXWW1GnWKBy1aTWbOf6ngIA6D1tNDyhQeeYDXTkHGssvXVjWdqj9x8r3E2U8/s1600/Malu+longo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="100" data-original-width="100" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxkCxtsF5m_7OUzLxlwgApOmjxLL3QnGltqS1tE9gvEZtPrgC0uTqsiWtsKF_Xetpud0LOgQuPvvA-nXWW1GnWKBy1aTWbOf6ngIA6D1tNDyhQeeYDXTkHGssvXVjWdqj9x8r3E2U8/s1600/Malu+longo.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<br /><span style="font-size: small;"><u></u></span></div>
<h2 itemprop="headline" style="font-family: "fira sans condensed", sans-serif; line-height: 1.22; margin: 16px 0px 8px;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></h2>
<h4>
Por Malu Longo - Jornalista - malu.longo@opopular.com.br</h4>
<div>
<br /></div>
<h3 style="font-family: "fira sans condensed", sans-serif; line-height: 1.22; margin: 16px 0px 8px;">
Pirenópolis mantém tradição de 192 anos das cavalhadas</h3>
<h3 itemprop="description" style="color: #4d4d4d; font-family: "fira sans condensed", sans-serif; font-size: 18px; font-weight: 400; line-height: 1.17; margin: 0px 0px 32px;">
<i>Encenação da batalha entre mouros e cristãos é ponto alto da festa do Divino Espírito Santo. Moradores da cidade histórica passam o legado de pais para filhos</i></h3>
<div class="TEXTO" style="font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-top: 8px;">
<div style="text-align: left;">
</div>
<br />
Aos 78 anos, o produtor rural Felipe Pereira é um orgulhoso auxiliar do filho Gleisson Humberto, de 49 anos, um dos 24 cavaleiros que ajudam a manter viva a representação da batalha medieval entre mouros e cristãos em Pirenópolis, a 130 quilômetros de Goiânia. A encenação das Cavalhadas, que começou neste domingo (20) e termina nesta segunda-feira (21), sobrevive há 192 anos pela devoção de várias famílias que transmitem às gerações mais novas o culto ao Divino Espírito Santo. Em Goiás, as Cavalhadas é uma tradição presente em onze localidades.</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="font-size: 18px; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbZhM-NfmG6Rodh91sMHoQ1vxz3HBmuKejXZhtRpYx1wCiEVNqSPjuuQ-T-lLXxolTkig6bvOv4SQWASPqlJCki6nKEPoEb4XsQzVEXusoQ0ypvIBtP7UTrwTg7ydcjwHoheGktpeG/s1600/Mascarado+de+Piren%25C3%25B3polis+foto+Andr%25C3%25A9+Costa+O+Popular.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="612" data-original-width="800" height="244" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbZhM-NfmG6Rodh91sMHoQ1vxz3HBmuKejXZhtRpYx1wCiEVNqSPjuuQ-T-lLXxolTkig6bvOv4SQWASPqlJCki6nKEPoEb4XsQzVEXusoQ0ypvIBtP7UTrwTg7ydcjwHoheGktpeG/s320/Mascarado+de+Piren%25C3%25B3polis+foto+Andr%25C3%25A9+Costa+O+Popular.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mascarado de Pirenópolis (Foto André Costa/O Popular)</td></tr>
</tbody></table>
<div class="TEXTO" style="font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-top: 8px;">
Durante 15 anos, a partir de 1966, o pernambucano Felipe Pereira foi um dedicado cavaleiro cristão em Pirenópolis. É também do lado do sol poente, no campo de batalha, que há seis anos está Gleisson. “Somos todos muito envolvidos com as tradições locais”. O filho mais velho de Gleisson, Joaquim Henrique Neto, de 22 anos, também participa da batalha como lanceiro. A caçula, este ano, é uma das pastorinhas da festa. “Corremos pela devoção ao Divino Espírito Santo”, diz o cavaleiro.</div>
<div class="TEXTO" style="font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-top: 8px;">
Gleisson explica que os ensaios para as Cavalhadas são realizados a partir de 11 dias antes da encenação. Os cavaleiros acordam às 3h30 e seguem para a “farofada” antes de ir para o campo de batalha. O nome remete aos primórdios da representação, quando os cavaleiros faziam uma fogueira ao lado do campo e ali faziam uma farofa antes do amanhecer. Hoje, eles são recebidos na casa de um cidadão que se prontifica a oferecer um rico café da manhã aos 24 cavaleiros.</div>
<div class="TEXTO" style="font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-top: 8px;">
Essa capacidade de transmitir a tradição encantou o historiador Luiz Sangiovanni, de Poções (BA). Pela primeira vez conferindo a Festa do Divino Espírito Santo em Pirenópolis, ele ficou impressionado com a riqueza das vestimentas e a religiosidade popular. Para ele, ao contrário de sua cidade onde também há o culto ao Divino Espírito Santo, o profano em Pirenópolis tem papel coadjuvante. O historiador, que no dia anterior assistiu a uma missa onde pode conferir músicas em latim, acredita que há, ao longo dos anos, o fortalecimento da cultura religiosa. “Essa continuidade cultural é muito importante”.</div>
<div class="TEXTO" style="font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-top: 8px;">
O nordestino Felipe Pereira tornou-se um devoto desde que chegou em Pirenópolis no final dos anos 1950. Ele lembra que no tempo em que usava a vestimenta de um cavaleiro cristão era muito difícil encontrar pessoas dispostas a fazer o mesmo. “Hoje, não. É preciso entrar na fila para se tornar um cavaleiro”. Para ele, as vestimentas enriqueceram muito desde que deixou o campo de batalha. “Na minha época somente os mouros tinham capa”. O filho Gleisson conta que hoje não consegue se vestir sozinho para a encenação. Nos três dias de batalha ele precisa do auxílio da mãe, de uma tia e da bordadeira, responsável pelos adereços, para ficar impecável antes de enfrentar os mouros.</div>
<div class="TEXTO" style="font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-top: 8px;">
Aos 16 anos, a estudante Maria Clara Godinho Oliveira é também uma das pirenopolinas que dá continuidade à tradição. Ela já foi pastorinha em anos anteriores, mas este ano se enfeitou para entrar de porta-bandeira no campo das Cavalhadas. “Eu estou aqui para atender um desejo da minha mãe”, conta. Segundo ela, a mãe, na sua idade, sonhou em ser uma porta-bandeira, mas não teve oportunidade. “Eu resisti um pouco à ideia, mas depois aceitei por causa dela. Mas estou muito feliz em estar aqui. É uma energia muito grande”.</div>
<div class="INTERTITULO" style="font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-top: 8px;">
<b>Choro no cortejo</b><br />
O cortejo do imperador é um dos momentos de grande expectativa da Festa do Divino Espírito Santo em Pirenópolis. Ontem, mais uma vez milhares de pessoas - gente da terra e turistas - acompanharam o desfile. Imperador de 2018, João Paulo Ferreira Vieira não escondeu a emoção quando deixava a matriz local, no final da missa de Pentecostes, acompanhado da mulher Ana Amélia. Suas lágrimas contagiaram alguns pirenopolinos nas proximidades, num sinal claro de que a devoção vai se manter ainda por muitas gerações.</div>
<div class="TEXTO" style="font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-top: 8px;">
<strong>Mascarados são atrações à parte na festividade</strong><br />
Os mascarados ou curucucus são uma atração à parte na Festa do Divino Pai Eterno, em Pirenópolis. Tradicionalmente, a eles é atribuído o direito de fazer brincadeiras e troças com os participantes, assim como também é permitido que eles solicitem dinheiro. Alegres e coloridos sobre cavalos também adornados, fazem muito barulho e atraem a atenção por onde passam.</div>
<div class="TEXTO" style="font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-top: 8px;">
Com o passar dos anos os mascarados adotaram muitas representações. Entre as mais tradicionais estão a cabeça de boi, com flores de papel crepon, que foi incorporada como um símbolo das tradições pirenopolinas, e a caveira.<br />
Este ano, a máscara de Dali, popularizada na série espanhola La Casa de Papel, e a do Coringa, o vilão de Gothan City, também marcaram presença nas festividades da cidade.<br />
<br />
Um pouco antes da batalha entre mouros e cristãos, os mascarados ocupam o campo com seus animais num ritmo frenético. É uma profusão de cores, mas também de significados. Assassinada no Rio de Janeiro em março, a vereadora Marielle Franco (PSol) foi lembrada por um deles. Neste domingo, um grupo de mascarados, carregando um caixão, avisava em uma faixa: “Estamos enterrando todos os corruptos do Brasil”.<br />
<br />
Notadamente, nos últimos anos, está sob as máscaras a manifestação mais pagã da festa dedicada ao Divino Espírito Santo. Alguns jovens e adultos se utilizam do adereço para consumir bebida alcoólica de forma exagerada, distorcendo a tradição. “É um desrespeito”, comentou Pedro Lúcio, velho morador de Pirenópolis.<br />
<br />
<strong>Encenação em 11 cidades </strong><br />
As Cavalhadas, que representa uma batalha do século 6 entre as tropas do guerreiro cristão Carlos Magno contra os sarracenos, de religião islâmica (mouros), na Península Ibérica, foram trazidas ao Brasil pelos colonizadores portugueses. A encenação ocorre em diversas cidades do país. Em Goiás a tradição está presente em 11 localidades atraindo turistas e gerando divisas.<br />
<br />
No mês de maio, encerrando a festa em louvor ao Divino Espírito Santo, ela é realizada em Pirenópolis (20, 21 e 22), Jaraguá (20 e 21) e em Posse e Santa Cruz (19 e 20). Em junho, a teatralização pode ser conferida em Palmeiras de Goiás (1,2 e 3), em Crixás e São Francisco de Goiás (9 e 10), Cedrolina, distrito de Santa Terezinha de Goiás (14 e 15) e em Hidrolina (16 e 17). Setembro é o mês de Cavalhadas em Corumbá de Goiás (7,8 e 9) e em Pilar de Goiás (8 e 9).</div>
<div class="TEXTO" style="font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-top: 8px;">
No primeiro dia de encenação ocorre o confronto entre mouros e cristãos. No segundo dia há a rendição e o batismo dos mouros que se convertem ao cristianismo. O terceiro dia é dedicado ao congraçamento e confraternização entre os cavaleiros. </div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-18797046817735285542017-06-13T20:02:00.002-03:002017-06-13T20:02:19.751-03:00Caminhos musicais<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_6" style="background-color: white; color: #1d2129; font-size: 14px; line-height: 1.38; text-align: justify;">
<b>Por Roberto Fagundes Prudente (*)</b></div>
<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_6" style="background-color: white; color: #1d2129; font-size: 14px; line-height: 1.38; text-align: justify;">
<div style="display: inline;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_6" style="background-color: white; color: #1d2129; line-height: 1.38; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbDUt-xS64UQEdb4LmP-3w8QqcMwIl1MzVl4NRvKeGYs7FgLCMx2uuWB1_XTTdAzukZfCnhnb3MjoNkwYmzcVfuipGryg746Z-m1xxTycsjCkq8dbggBLFtYQp3q8EvTuUoBozd0q4/s1600/DSC01364.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; font-size: 14px; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1368" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbDUt-xS64UQEdb4LmP-3w8QqcMwIl1MzVl4NRvKeGYs7FgLCMx2uuWB1_XTTdAzukZfCnhnb3MjoNkwYmzcVfuipGryg746Z-m1xxTycsjCkq8dbggBLFtYQp3q8EvTuUoBozd0q4/s200/DSC01364.JPG" width="170" /></a><div style="display: inline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Há quase cinquenta anos atrás, os caminhos musicais de nossa terra mudariam para sempre. Celeiro de grandes músicos, naquela época imperava a Filarmônica de Poções, também chamada de “A Furiosa”, competentemente comandada pelo Maestro Bernardino Fagundes (tio Nadinho) e composta de grandes músicos: Arnaldo Fagundes, Antônio Fagundes, Alcides Bordado, Quito, entre outros tantos. Essa orquestra, aliada a outros músicos boêmios, como Deusdete Fagundes, Pedro França etc., fazia das calçadas de nossa infância verdadeiras noites de serestas. E como era gostoso viver cada um daqueles momentos!</span></div>
</div>
<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_6" style="background-color: white; line-height: 1.38;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="color: #1d2129; display: inline;">
</div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas o mundo estava mudando e uma nova geração musical surgia. O “trio ASA”, composto por Antônio Fagundes (Tonhe Banana), Sandoval Lago França (Gazo) e Albérico Fagundes de Sá (Berecó), já dava os primeiros passos para essa mudança no horizonte poçoense. Mais tarde, transformado no “quarteto JASA”, com a inclusão de Jeová Fagundes Prudente (Géo), praticamente, ou especificamente, na sala da casa de Alcides da Silva Fagundes (vovô Cide) e Alzira Lago Fagundes (vovó Dila), iniciava a gestação de “Os Fantasmas”. Sem muitos recursos, o grupo ensaiava com violões e uma bateria improvisada, composta de dois carotes (barris de madeira usados para carregar água em lombo de jegue, do chafariz para casa), um grande e um pequeno, com a tampa da face superior substituída por couro, e um prato cedido pela “Furiosa”. Assim os primeiros acordes começavam a ser ouvidos na Rua Benjamim Constant.</span></div>
</div>
<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_6" style="background-color: white; line-height: 1.38;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="display: inline;">
</div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Aí veio a primeira apresentação em público. Festa marcada para um sábado à noite, de umas férias de Natal em 1966 (não recordo exatamente a data). Com violões eletrificados artesanalmente e amplificadores montados sobre plataformas de velhos rádios valvulados (obra fantástica de Rone, meu irmão mais velho, e de Tonhe Banana, mestres na eletrônica já naquela época). E a bateria... E a bateria? Como tocar numa festa com uma bateria feita de carotes? Foi aí que meu pai, Roberto de Souza Prudente, já totalmente envolvido com a história, resolveu alugar, em Conquista, uma bateria para o evento, só que, por exigência do locador, o baterista teria que vir junto (era o quinto Fantasma, rsrsrsrs). E assim Jeová entrou como vocalista e o grupo estava pronto para o grande show. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Local: Clube da Sociedade União das Classes (vulgo “Mela Cueca”), clube construído pelas famílias de Poções através da Sociedade União das Classes, na gestão de meu avô, Alcides Fagundes, como presidente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_6" style="background-color: white; line-height: 1.38;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Apresentador: Pietro Sangiovanni, o Pepone (nem sei se ele se lembra disso). A emoção era tanta que o apresentador trocou até o nome do conjunto, anunciando “Os Fagundes” ao invés de “Os Fantasmas”.</span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="display: inline;">
</div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_6" style="background-color: white; line-height: 1.38;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Abertura do show: “Prá me conquistar” – Renato e seus Blue Caps.</span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="display: inline;">
</div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Esse show marcou realmente uma nova era musical em Poções e o conjunto “Os Fantasmas” inspirou tantas gerações, e tantos músicos começaram a despontar a partir deles (inclusive eu), que, hoje, Poções faz parte do circuito do rock brasileiro, com grande participação de bandas locais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É com muito orgulho que voltamos em 2015, quase cinquenta anos depois, para tocar neste mesmo espaço, numa mesma tarde de “Chá Dançante”, como tantos que aconteceram aqui e relembrar as músicas que embalaram os “anos dourados” de nossa juventude. Impossível não ficar emocionado e, como bem diz Lulu: “O importante é que em Poções eu vivi!”</span></div>
<div style="color: #1d2129; font-size: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="color: #1d2129; font-size: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>(*) Roberto Fagundes Prudente é engenheiro e músico da Banda Pop78.</b></span></div>
<div style="color: #1d2129; font-size: 14px;">
</div>
</div>
<div class="_3x-2" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px;">
<div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
<div class="mtm" style="font-family: inherit; margin-top: 10px;">
<div class="_6m2 _1zpr clearfix _dcs _4_w4 _6m8 _59ap" data-ft="{"tn":"H"}" id="u_0_3l" style="box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 0px 0px 0px 1.5px inset, rgba(0, 0, 0, 0.05) 0px 1px 1px; font-family: inherit; max-width: max-content; overflow: hidden; position: relative; z-index: 0; zoom: 1;">
<div class="clearfix _2r3x" style="font-family: inherit; zoom: 1;">
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-23380708722399136452017-05-29T22:22:00.000-03:002017-05-29T22:39:15.948-03:00Educação à italiana<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Dia das mães passado, fiquei
pensando em Anna Maria, a minha mãe. Lembranças saudosas e alegres do tempo em
que eu ainda era estudante de escola primária. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5SyNRVlGl26qiGQGizcXhqhIbvjV74WouVjzEDspCmTk1jBHlNH_a469vqLamVYJtf2wVOx5cqYpSUSXgbtUTcRCRcOb8JfBvjkG3XKq3pfL10S8ObpY5hJMPFJPB4ng28dlmfv6k/s1600/Ana+Maria+02.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="638" data-original-width="419" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5SyNRVlGl26qiGQGizcXhqhIbvjV74WouVjzEDspCmTk1jBHlNH_a469vqLamVYJtf2wVOx5cqYpSUSXgbtUTcRCRcOb8JfBvjkG3XKq3pfL10S8ObpY5hJMPFJPB4ng28dlmfv6k/s320/Ana+Maria+02.jpg" width="210" /></a></div>
Anna Maria Caputo Sangiovanni</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma italiana com o estudo
incompleto, mas que se esforçara para aprender o português. Falava com o sotaque
carregado e os vícios do aprendizado, da convivência com parentes italianos e
com os vizinhos de Poções. Uma nova língua, talvez. Usava o aumentativo das
palavras com terminações que as confundiam se eram certas ou erradas. Por
exemplo: a palavra fogão era pronunciada “fogone” no lugar de “fornello”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nesse embalo, eu aprendia um
“italiano misturado” - o suficiente para entender os assuntos que os tios
falavam durante as reuniões de família. Quando uma tia brasileira conversava
com outra tia italiana, a conversa era em português. Quando o grupo era só de
italianos, rolava o dialeto original de Mormanno. Os filhos e primos que
circulavam entre os grupos podiam entender tranquilamente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A vivência no núcleo familiar, no
dia a dia, era sempre surpreendente. Falava-se com a conveniência do momento. Na
presença de estranhos ou amigos, quando se fazia um comentário mais particular,
era em italiano. Quando chegava aquela visita meio inesperada, alguém lembrava para
que fosse colocada uma vassoura atrás da porta da despensa, de cabeça para
baixo – uma simpatia para que a visita não demorasse muito. Se dizia em
italiano: <i>“Mete la scopa dietro a la
porta”</i>. E quando a visita insistia em permanecer, colocávamos um pano de
prato enrolado nas palhas, já que as vassouras eram feitas com esse material.
Mesmo quando a visita era o Padre Honorato, falávamos em italiano. Ele era
surdo e poderia fazer leitura labial. As visitas do Padre eram sempre próximas
ao meio dia e, nesse caso, a vassoura não funcionava. Restavam duas opções: ou
convidá-lo para o almoço ou prometer entregar um prato de comida na sua casa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Durante as refeições, geralmente sempre
se falava em italiano quando era para contar algo. O português, a gente falava
para pedir a garrafa d´água, o pão, um talher, etc. As refeições eram pontuais
e a reclamação por atraso era em italiano.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Chegava a vez de minha mãe
controlar os estudos. Ela não tinha experiência suficiente porque meus irmãos
mais velhos trilharam caminhos que não necessitaram dos ensinamentos. Pepone
estudou no Ginásio de Jequié desde os 10 anos de idade. Michele e Elisa
estudaram em Poções – eram bons alunos e minha mãe conseguia controla-los pelas
notas dos boletins. Eu sempre fui desatento para estudar e ela habituou-se em
“tomar a lição”. Tinha que ler o texto completo, pois ela não dividia os
assuntos e nem fazia perguntas. Era uma tarde inteira para aprender.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se não tivesse aprendido, me
devolvia o livro até que eu decorasse a lição. Levei sempre na “valsa” e quando
não dava conta de concluir a tarefa, fazíamos um acordo para estudar nas
primeiras horas de dia claro do dia seguinte. Como dormia no quarto do meio e
só havia janela no quarto ao lado, passava um cordão sobre a porta do quarto de
Elisa e assim que o despertador tocava, puxava a persiana da janela para deixar
a luz entrar. Ficava deitado de lado e o livro aberto voltado para mim. Minha
mãe levantava e ia ver se estava estudando. Nessa hora, o coração de mãe batia
mais forte e ela perguntava: <i>Tá
estudando? </i>Eu despertava do cochilo e apenas mostrava o sinal de positivo
com o dedo. Ela não ia conferir. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas havia uma outra crença que fazia
questão de recomendar. Pedia para que eu dormisse com o livro debaixo do
travesseiro. Assim, dizia, a lição entraria mais fácil na cabeça.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quando o motor da usina quebrava,
restava estudar à luz de velas. Era hora de rezar o terço.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não dava conta de entender
algumas palavras pela rapidez que pronunciava. Ao rezar a Salve Rainha, as
primeiras palavras eram: <i><span style="background: white;">Salve Rainha, Mãe de
Misericórdia, Vida, doçura e esperança nossa... </span></i><span style="background: white; mso-bidi-font-style: italic;">As palavras Vida, doçura,
eu só conseguia entender como se fosse “Vida do Sul”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-style: italic;">No Pai Nosso, a frase que dizia <i>“venha a nós ao
vosso reino”</i> só ouvia como se fosse <i>“venha nós a vassourinha”</i> </span><b><span style="font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Hoje, quando ouço a música “<i>Salve o Divino, Espirito Santo, puro
paráclito, consolador. Aceitai, as lindas rosas, tão preciosas do nosso amor”</i>
a lembrança da minha mãe é tão presente porque ela gostava de arrumar a casa
cantando esta música. Vinha toda tranquila e quando entrava no quarto, parava
de cantar, me sacudia e perguntava “<i>perché
non si sveglia?</i>” (porque não acorda?). Ao cantar a música, ela não
conseguia falar a palavra “aceitai”. No sotaque carregado, pronunciava: a-zz-eitai
signor...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Enfim, a religião se fazia
presente. Quando ela sentia que eu não estava preparado para uma prova, pedia
ajuda aos santos. Recomendava que eu colocasse um “santinho” no bolso da farda.
Enquanto isso, mantinha uma vela acesa junto às imagens dos santos. Quando o
resultado da prova era bom, o santo havia ajudado. Quando era ruim, a culpa era
só minha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Oggi, mia cara Anna Maria, il mondo è molto cambiato.<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-77667162567856461352016-01-30T01:08:00.001-03:002016-01-30T01:40:32.534-03:00Meu Pai: era o Cara<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbIES1UeUr4b3360YtTmRLrLWiAsY_kQhQkdWOaNM_vSUebswrx7KBB1_RTAXZZZ0Oewv6rNZI5rGmAXdeeV6EHB3eE1Vevxkyk_PyncTPk0koo7bowtRJn90GmZVp93_G3LeMIK_f/s1600/IMG_4733.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="193" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbIES1UeUr4b3360YtTmRLrLWiAsY_kQhQkdWOaNM_vSUebswrx7KBB1_RTAXZZZ0Oewv6rNZI5rGmAXdeeV6EHB3eE1Vevxkyk_PyncTPk0koo7bowtRJn90GmZVp93_G3LeMIK_f/s200/IMG_4733.JPG" width="200" /></a></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="line-height: 115%;">Por Elisa Maria Sangiovanni Lima</span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="line-height: 115%;">Hoje faria 100
anos!!!! Viveu até os 91. Aos 80, dizia que já estava no lucro, mas
que queria viver a passagem do século.... Fico agora a me perguntar
o que ele gostaria de viver depois dos 100? Com múltiplas
habilidades se adaptaria a qualquer situação: criativo, inovador,
responsável, companheiro, dedicado, alegre, feliz. Serviu a 2ª
guerra, atravessou o oceano e aprendeu sempre com todas as suas
experiências.</span></div>
</div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<div style="text-align: justify;">
Com seu espírito
inventivo criava e consertava coisas e casos, histórias e
personagens.... orgulhava-se de dizer que ganhara uma viagem a Roma
por ter inventado uma máquina de secar a massa em um Pastifício que
trabalhava. Seus poucos anos de estudo não impediram de aprender
coisas novas, de tentar e fazer .... Certa feita fez uma máquina
para raspar os tacos de madeira do assoalho da sala, pois ele achava
um absurdo o esforço que Sr Nenen tinha cada vez que era chamado
para fazer este trabalho, precisavam ver a felicidade dele ao ligar
aquela “geringonça”. Consertar máquina de costura entre um e
outro cliente era a sua diversão, assim como confeccionar peças com
madeira, entre cortes e recortes, transformava a madeira velha em
novas peças.
</div>
</div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<div style="text-align: justify;">
Seu bom humor
fidelizava os seus clientes e com isto ele era o “Tio” da moçada
da cidade ... mais tarde, usava a bengala para fazer mágicas e
atrair as crianças, assim a bengala ganhava uma função mais nobre.
</div>
</div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<div style="text-align: justify;">
Ficava absorto
olhando o computador, querendo entender o que acontecia dentro
daquela máquina. Com certeza não deixaria de admirar as façanhas e
facilidades da internet para ajudá-lo a escrever suas longas cartas,
que às vezes não as colocava no correio.
</div>
</div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<div style="text-align: justify;">
Amante e amado
pela família, pelos amigos e pelas comunidades em que viveu, este
era o nosso Chico cujo nome original era Amedeo Giovanni Sebastiano
Sangiovanni, dizia ele de que era mais nome que gente..... acho que
por isso era conhecido simplesmente por Chico, mais gente do que
nome.
</div>
</div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
Saudades e ao
mesmo tempo um sentimento bom de poder recordar.</div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="line-height: 115%;">Parabéns meu
pai! </span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="line-height: 115%;">(Nota do Blog - Elisa escreveu o texto em 2013)</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-59695230616873854542015-12-07T23:45:00.001-03:002015-12-08T17:57:57.898-03:00Quante male hai?<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;"><br /></span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">A vinda de Chico, meu pai, para o Brasil ocorreu no Natal de
1951, quando viajou para Gênova. Embarcaria no dia 28 no navio
Provence, em companhia de Anna Maria - minha mãe, e meus dois irmãos
– Pietro e Michele, com cinco e três anos, respectivamente.
Desembarcaram no porto de Santos em 09 de janeiro de 1952.</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Foram
doze dias de viagem. Michele ficou doente por um bom tempo que esteve
embarcado. Meus pais revezavam na enfermaria do navio para
acompanhá-lo no internamento.</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">A
bagagem estava acomodada em grandes baús que foram embarcados por
via terrestre, diretos para Poções. Chegaram de avião em Salvador
no Aeródromo de Santo Amaro do Ipitanga (assim se chamava o atual Dois de Julho) e foi
recebido por Vincenzo Sarno (pai de Fidélis do Arroz).</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Vincenzo
morava no Brasil desde os doze anos de idade. Dominava a língua
portuguesa, mas ainda carregava o sotaque italiano de criança.
Recebeu a nossa família e perguntou sobre as malas:</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;"><i>-
Quante male hai?</i> <span style="font-size: 10pt;"><i>(Quantas
doenças você têm?)</i></span> </span></span>
</div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;"><i>-
Non c´è male</i>, respondeu meu pai. <span style="font-size: 10pt;"><i>(Não
tem doença)</i></span></span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">-
<i>Come non?</i> <span style="font-size: 10pt;"><i>(Como
não?)</i></span></span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">-
<i>Michele è stato malatto sulla nave, adesso stà bene!</i>
<span style="font-size: 10pt;"><i>(Michele esteve doente no
navio, agora está bem!)</i></span></span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Vincenzo,
ouvindo a resposta do meu pai, percebeu a troca das palavras e refez
a pergunta:</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;"><i>-
Scusate, quante valigie hai?</i> <span style="font-size: 10pt;"><i>(Desculpe,
quantas malas você têm?)</i></span></span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">-----</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Para
os que chegavam em Poções, a preocupação era aprender rapidamente
o português. Os italianos que já estavam ali, por força das
circunstâncias da nova terra e dos diferentes dialetos do sul da
Itália, falavam uma terceira língua, misturando italiano e
português. Era comum falarem entre eles na língua pátria. Talvez,
a explicação porque os italianos continuaram com o sotaque
carregado por muito tempo e os seus descendentes não desenvolveram a
língua italiana, naturalmente. </span></span>
</div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;"><i>Fornello</i>
(fogão), já havia se transformado em <i>Fogone</i>. </span></span>
</div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;"><i>Assucaro</i>
se pronunciava a palavra açúcar. Era a mistura de <i>Zuchero</i>
com açúcar.</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Já
a palavra <i>Feijão (fagioli)</i> se transformou em <i>Fejon</i>.</span></span></div>
<br />
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-47462597149160955292015-12-06T01:08:00.001-03:002015-12-07T14:43:54.290-03:00Lampando<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt;">Giuseppe
Schettini, mais conhecido como Zé Schettini, era um dos personagens
italianos da nossa Rua da Itália. Morava no casarão. Certas épocas,
em Poções, o frio em Poções era de “doer”. Vestia a capa
Colonial, um chapéu e ficava imóvel na porta da casa, observando o
pouco movimento no início da noite.</span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Naquela momento, relampejava muito. O sobe e desce era sempre de moradores e de
outros italianos que tinham o costume de andar depois das refeições.
Zé Schettini era dessas pessoas fechadas, mas de um humor presente.</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">No
vai-e-vem, outro italiano passou e perguntou pra ele em clássico
dialeto:</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">-
<i>“Giuseppe, vedere come stà lampando...”</i></span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Ele
respondeu na lata:</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">-
<i>“Lampando stà il culo toio, cazzo...”</i> </span></span>
</div>
<div align="justify" class="western">
</div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-87513430618067100652015-05-06T00:00:00.001-03:002015-05-06T21:42:10.212-03:00O homem que redescobriu o Brasil<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Em
1982, quando fui a Poções votar, algumas pessoas me cobraram se já
havia escolhido o candidato a Deputado Federal. Desconversava e dizia
que sim. Logo, vinha a pergunta indiscreta:</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;"><i>-
Quem é? Vai votar em quem?</i></span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">E
eu respondia: <i>Carlos de Andrade. </i></span></span>
</div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;"><i>Carlos
de Andrade? quem é esse? Nunca ouvi falar!!!</i></span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Naquele
ano, houve o acidente de helicóptero que vitimou o candidato
Clériston Andrade. Foi escolhido o ilustre desconhecido João Durval
e este ganhou a eleição para o governo do estado, após quinze dias de campanha política
por conta do apoio de ACM (assim começou a nascer João Henrique
Barradas Carneiro, ex-prefeito de Salvador).</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Eu
convivi muitos finais de semanas em Conquista e havia conhecido o
candidato Carlos de Andrade em reuniões de família quando ainda
namorava Bete. Gostava da forma que ele governava a cidade (era o
prefeito) e que poderia ser um grande Deputado Federal, como assim
foi.</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Carlos
de Andrade é o mesmo Raul Carlos de Andrade Ferraz e se elegeu com
exatos 38.872 votos. Depois, em 1987, tornou a se candidatar e se
reelegeu.</span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcL-Eo_t_8CO0F6ZQxJC-YeWREgmAvzGZ2XLmcMbZOZz0LNVv_7HHx7rzxKvzZJ8lAlksfQN9WK2YEeHKCnT-tnignPy94a0c-U9KEDESh5AlWaKJn4u9EOfDFA_mjV-U0N7XLRJR_/s1600/IMG_2970.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcL-Eo_t_8CO0F6ZQxJC-YeWREgmAvzGZ2XLmcMbZOZz0LNVv_7HHx7rzxKvzZJ8lAlksfQN9WK2YEeHKCnT-tnignPy94a0c-U9KEDESh5AlWaKJn4u9EOfDFA_mjV-U0N7XLRJR_/s1600/IMG_2970.JPG" height="400" width="266" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Raul Ferraz (Foto: Luiz Sangiovanni)</td></tr>
</tbody></table>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Agora,
em março, estava numa festa na cidade de Conquista e veio aquele
senhor vistoso sentar-se à nossa mesa e foi contando a história do
redescobrimento do Brasil. Apresentei-me como seu eleitor e fiquei
ali pensando que Raul Ferraz poderia imaginar que eu fosse um
aventureiro querendo fazer “média”, mas fui logo contando a
história de Carlos de Andrade.</span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Raul,
depois de vastos estudos, escreveu, em 2008, o livro O Prado e o
Descobrimento do Brasil (Thesaurus Editora), que teve a sua segunda
edição lançada em 2010. Ele prova que Pedro Álvares Cabral esteve
no Prado antes de seguir para Porto Seguro. Sob a luz da carta de
Pero Vaz de Caminha, fundamenta a verdadeira história do
descobrimento.</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Em
resumo, Raul cita que a esquadra de Cabral, no dia 22 de abril, fez o
primeiro avistamento, a primeira ancoragem, batizou o monte com o
nome de Monte Pascoal e deu o primeiro nome à TERRA DE VERA CRUZ,
passando a primeira noite ancorado sob o céu do Brasil, exatamente
na costa do município do Prado.</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Ainda
no dia 23, efetuou a segunda ancoragem a meia légua da barra do Rio
Cahy. Ocorreu a ida de Nicolau Coelho para ver o rio. Houve a tomada
de posse da terra e a solenidade do primeiro encontro com 18 a 20
homens pardos, todos nus. Dormiu ancorado na barra do Rio Cahy, na
costa do Prado.</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">No
dia 24, descreve Raul, houve uma reunião com os Capitães na nau
capitânea e depois rumaram ao norte a procura de um porto, quando
chegaram a Porto Seguro.</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Ele
ainda me perguntou se eu conseguia ver o Monte Pascoal a partir de
Porto Seguro. Viajo constantemente por aquela região, principalmente
de Eunápolis a Teixeira de Freitas, e afirmei que o Monte Pascoal
pode ser visto a partir da BR101, mas pro lado de Itamaraju, e nunca
a partir de Porto Seguro.</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">O
livro é uma viagem ao descobrimento com as inúmeras afirmações
corretas e é um documento que prova que o Brasil foi mesmo
descoberto no município do Prado. Comercialmente, não interessa
para Porto Seguro que estes fatos sejam divulgados, mas o meu
candidato e historiador, Carlos de Andrade, está corretíssimo na
sua interpretação.</span></span></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Viva
o Brasil, viva o Prado!!! </span></span>
</div>
<br />
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-28939777561236718622015-05-04T23:44:00.000-03:002015-05-04T23:51:33.509-03:00Maio<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXL4a0VBw_N-RFVZl8vckQbPS__bsaCc1VxyQsAaP-nDfvKMDwCahCa_0AuI2iVbso3RqLz8qh_7uevz7s9xpsPd8IWoe8zj-qs_i6RvynRP1zYS13aZzBGy5F9tdYV2rsSp-LHGsb/s1600/Po%C3%A7%C3%B5es1+004.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXL4a0VBw_N-RFVZl8vckQbPS__bsaCc1VxyQsAaP-nDfvKMDwCahCa_0AuI2iVbso3RqLz8qh_7uevz7s9xpsPd8IWoe8zj-qs_i6RvynRP1zYS13aZzBGy5F9tdYV2rsSp-LHGsb/s400/Po%C3%A7%C3%B5es1+004.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Chegada das Bandeiras, em Poções (Foto: Ricardo Sangiovanni)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span style="line-height: 16.0799999237061px;">Por </span><b style="line-height: 16.0799999237061px;"><u>Suerlange Ferraz</u></b></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
Os primeiros sinais que maio está chegando é o vento que circunda a madrugada, as nuvens cinzentas que escondem o brilho das estrelas.</div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
Maio chegou! Para mu<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">itos, um mês como outro qualquer, mas para quem mora ou é filho de Poções, o mês é repleto de emoção, simbolismo e, sobretudo, muita fé.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">É mês dos Devotos do Divino. É o mês de a emoção percorrer a cidade, da memória ser revivida. É época de agradecer por tudo que temos e somos. É recordar-se dos devotos que foram habitar o plano celestial e que, de lá, devem estar louvando e em comunhão conosco.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">A cidade ganha uma nova rotina. Uma festa tão esperada que finda tão rapidamente. Momentos que ficam eternizados na memória de quem com emoção repete a cada ano que “ Os Devotos do Divino vão abrir sua morada [...] que o perdão seja sagrado e que a fé seja infinita [...] que a justiça sobreviva [...] a bandeira segue em frente atrás de melhores dias”. Que a justiça sempre sobreviva, talvez essa parte tenha se tornado um refrão na vida de muitos. Muitos que vivem a vagar pelas noites frias, outros tantos que lutam bravamente por uma sociedade mais igual e mais humanitária. Que os representantes do povo nunca esqueçam que a justiça deve sobreviver sempre.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">Que a fé seja sempre infinita. Fé em si mesmo, fé na vida, fé em tudo que fores fazer. Que assim como os devotos, nossa fé seja renovada constantemente.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">Flores e lágrimas, fé e emoção, diversão e música, frio e devoção: é a festa do Divino ou Festa de Pentecostes dando seus primeiros sinais. Quantos aguardam ansiosamente o estourar dos fogos anunciando que a Festa começou? O barulho dos cavalos no decorrer da chegada das Bandeiras já pode ser sentido na memória. De quem ficou, emoção; de quem se foi, saudade doída.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span style="line-height: 16.0799999237061px;">É festa do Divino! É época de aconchegar-se em meio à multidão na festa de largo. Época de divertir-se no meio do encanto dos parques. Dar um pulo na Mostra Cultural e desfrutar de uma boa música. Tempo propício aos bons encontros, tempo propício para recordar de tantos cidadãos que foram responsáveis por transformar a festa em um evento que ultrapassa as barreiras.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">Cresci ouvindo e vendo a magia da festa. Cresci ouvindo os “causos” contados por meu pai (Gil) e minha avó (Dona Filinha) sobre como eram confeccionadas as inúmeras bandeiras que eram costuradas na casa de vovó. Lembro-me do meu pai contar como era realizada a alvorada. Tornei-me uma adulta que sempre leva na memória os tantos significados que essa festa tem em minha vida.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">Tantos devotos espalhados pela dimensão terrestre, mas que se juntam espiritualmente para saudar o Divino.<br />As flores nas janelas já foram postas. Venha Divino, venha. Abençoa-nos! Depois que a bandeira passa, a vida é mais alegre e a fé é renovada.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">Bem vindo, Maio!</span></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">Que o fogo abrasador reacenda a chama que havia apagado no coração de quem anda descrente.<span style="line-height: 16.0799999237061px;"><br /></span></span></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><span style="line-height: 16.0799999237061px;">Fé, justiça e emoção. É a Festa do Divino!</span></span></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #666666; display: inline; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px;">
<div style="margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
Suerlange Ferraz <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100000697375865" href="https://www.facebook.com/suerlange.su" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;">Su Ferraz</a> é <span style="color: #141823; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">professora de História e contista</span><br />
<a href="http://suferraz17.blogspot.com.br/" rel="nofollow" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;" target="_blank">http://suferraz17.blogspot.com.br/</a></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-12327507661801610132015-04-09T22:49:00.001-03:002015-04-11T01:22:28.871-03:00Fedele e o Centro Cultural<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7HRBGt_LA0GFpNEsZWYhH7vEt1-mIFDmU0GnRrzCZC9p8UiU3J_CyahZ61s_D0t0CzJRUj4UJ6zUWq4ySivysjwKaVsyuTo8Wlj_ze-usjRgE-absyrhoheHlchUuKGYfEmXSXb5D/s1600/Antigas+193.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7HRBGt_LA0GFpNEsZWYhH7vEt1-mIFDmU0GnRrzCZC9p8UiU3J_CyahZ61s_D0t0CzJRUj4UJ6zUWq4ySivysjwKaVsyuTo8Wlj_ze-usjRgE-absyrhoheHlchUuKGYfEmXSXb5D/s1600/Antigas+193.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fedele Sarno (foto arquivo pessoal Eduardo Sarno)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Tão logo foi
lançado o nome do Centro Cultural, em Poções, eu achei muito boa a
ideia, mas confesso que achei um exagero a homenagem para uma pessoa
que nunca esteve na nossa cidade.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Fiquei com esse
sentimento por algum tempo e ninguém questionou a homenagem. Então, Fidelão, o
dono do espaço, estava correto e o “público” satisfeito. Zero a
zero.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Um dia depois
da inauguração, eu estava no aniversário de uma das bisnetas de
Fedele, ao lado de sete netos dele, quando me perguntaram como foi a
inauguração do Centro. Havia lido os comentários e contei que
tinha sido um sucesso.
</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Conversas à parte,
um dos seus netos, Zé Fidélis, perguntou se eu poderia fazer uma
palestra na sua empresa de engenharia.
</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<i>- Qual o assunto
que você quer que fale?</i></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
- <i>Qualquer um</i>,
respondeu ele. <i>Você escreveu uma crônica que</i><i>stionando</i><i>
o que uma pessoa de Mormanno foi fazer em Poções, lá pelos anos de
1900. Esse é um bom assunto</i>, me disse Zé Fidélis.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Caiu a ficha, voltei para o Centro Cultural. De
imediato, pensei, Fidelão tem razão! Tá explicada a razão do nome
do Centro. Essa foi uma grande ideia.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Quem conta melhor a
história da família é Eduardo Sarno, também neto de Fedele, no seu <a href="http://www.familiasarno.blogspot.com/">blog da familia Sarno</a>. Eu tenho apenas de jusificar a queda da ficha.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Fedele nunca veio ao
Brasil, tão menos a Poções. Quem veio nos anos 1890, foi o
irmão de Fedele, Francesco Sarno (tio Chico), que iniciou a sua
entrada no Brasil por Manaus e depois parou em Poções. Não da mesma
forma que Pero Vaz de Caminha escreveu para o rei de Portugal,
Francesco escreveu para Fedele e contou as boas novas de Poções e
região. Fedele, então, mandou o seu filho Vincenzo com 12 anos de
idade.<br />
<br />
Talvez Fedele nem soubesse onde ficava Poções, mesmo assim decidiu. <span style="line-height: 100%;">Pense você, vivendo em 1900, mandaria o seu filho morar na Itália? dez mil quilômetros de distância. </span><span style="line-height: 100%;">Na</span><span style="line-height: 100%;"> época atual dos dedinhos na tela, dos zap-zaps,
das comunicações gratuitas, do avião a jato, você não deixaria.</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Vincenzo trouxe Corinto, e mandaram chamar Valentino,
Luiz, Emilio, Camilo e Rosina. Depois, Corinto chamou Chico, meu pai,
Giovanni, meu tio. Vieram as famílias Palladino, Labanca, Leto, Schettini e outras de Mormanno, Laino, Trecchina e regiões
próximas, em função daquilo que contava os que estavam aqui.
Descobriram a cidade. Até Jequié recebeu italianos em função
desse “intercâmbio” criado por Francesco Sarno.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
O comércio se
desenvolveu, o crescimento chegou e os italianos de Poções
proliferaram. A Rua da Itália representa esse
marco. As famílias emprestaram os seus nomes a novas gerações e a cidade virou o que
virou.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Então, se o velho
Fedele não permitisse a vinda de Vincenzo, Poções teria outra cara. A
fibra de Fedele representa a fibra de todos os outros que vieram e
aqui se estabeleceram e cresceram.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Viva Fedele, viva
Poções. Parabéns Fidelão, parabéns Centro Cultural!!!</div>
<br />
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-85608998500139198272014-12-28T23:08:00.000-03:002014-12-28T23:08:01.541-03:00Paulo EspinheiraPor Eduardo Sarno, especialmente para o Blog<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi50lUShE_tqJhIi_Md3tRC_xCLQvtZ1WNVmf1WHmfEToLcBxXDJ0-xfEU8SdOHAM_Y9SDAZ8qXJA7tJG4rI4znMFK2AtGplVAaEGEAXwvFAfNvWvuCWM4qytJp9FZjxutdEAu6WrSo/s1600/Paulo+Espinheira.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi50lUShE_tqJhIi_Md3tRC_xCLQvtZ1WNVmf1WHmfEToLcBxXDJ0-xfEU8SdOHAM_Y9SDAZ8qXJA7tJG4rI4znMFK2AtGplVAaEGEAXwvFAfNvWvuCWM4qytJp9FZjxutdEAu6WrSo/s1600/Paulo+Espinheira.jpg" height="320" width="283" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Paulo Espinheira (Foto: Mabel Oliveira)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
Paulo não vai, ele fica na nossa memória. Todos juntos somos capazes de reconstruir a sua essência, a sua lembrança, o seu carinho para conosco.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
Paulo tinha um grande depósito, um armazém, com portas largas, e na frente um enorme letreiro vermelho, escrito "Coração".</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
Era lá que ele guardava com carinho os amigos. Desde os amigos do pai, Dr. Ruy Espinheira, que ele manteve e cultivou, como os amigos do filho, ele mesmo, que durante sua vida ampliou e conservou. E, pasmem, guardava também, além dos amigos do pai, do filho, os amigos do Espírito Santo ! Estes eram os amigos de Poções, onde ele reencontrava na festa do padroeiro, Divino Espírito Santo.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
Diferente de Glauber, Paulo tinha um copo na mão, um sorriso no rosto e muitas idéias na cabeça. Farrista, amistoso e culto. Era sempre um prazer para os amigos encontrá-lo nestes três momentos juntos.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
Paulo Barão. Um merecido título de nobreza para quem enfrentou com tanta dignidade uma situação difícil, sem se abater, compartilhando com os amigos a mesma alegria de sempre.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
O seu legado, para nós, não poderia deixar de ser o seu sorriso aberto, sempre franco e leal.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
Adeus, primo, nós que ficamos te saudamos.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-82654424528388877202014-12-09T22:43:00.001-03:002014-12-09T22:43:37.675-03:00Os doidos<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302948px; line-height: 17.5636348724365px; margin-bottom: 6px;">
Por <b>Eduardo Sarno</b></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302948px; line-height: 17.5636348724365px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Eles estavam nas ruas e nas nossas cabeças. Quando ouvíamos a molecada gritar: “Ôôô Três Casaco !!!” corríamos para ver. Lá estava ele, barbudo, já de uma certa idade, carregando um saco cheio de coisas, correndo atrás dos moleques e jogando pedras. Ele costumava ficar na porta da casa do dr. Agripino Borges e chegou a dar um tapa em Adilson Santos. Era dos brabos. Mas tinha também os mansos: Isaulino era um deles. Magro, segurando as calças sujas para não cair, andava, ciscava com uma perna, catava um bago de cigarro no chão, dava uma corridinha, parava e ficava falando só. Quando o chamavam, resmungava e mal levantava a cabeça.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302948px; line-height: 17.5636348724365px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br />Para nós, atentar os doidos era um misto de brincadeira ingrata e perigosa. Não nos deixava satisfeitos. Havia ali algo que nosso entendimento infantil não alcançava. O máximo que ouvíamos os adultos comentarem eram sentimentos de pena: “coitados !!!”. Mas isso não era suficiente. Ficávamos a pensar de onde eles vinham, porque se tornaram assim e o que eram, finalmente. Às vezes alguém comentava que um doido havia sido um homem rico, fazendeiro ou negociante, ou que uma doida teria sido uma mulher muito bonita, que esteve quase noiva. Sentíamos o peso da fatalidade como o de uma rocha caindo em cima de uma formiga, pois ali estava o pobre coitado, na rua, sem absolutamente nada. O contraste conosco era total. Tínhamos de tudo e a comparação a que éramos submetidos quando víamos um doido era muito forte.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302948px; line-height: 17.5636348724365px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br />Joaninha, a empregada lá de casa, assim certamente como todas as outras de Poções, não perdia a oportunidade de recorrer às ameaças de chamar um doido para nos pegar em caso de desobediência ou malcriação. Os preferidos eram Buqueirão, um mulato barbudo, maltrapilho, feroz e que jogava pedra, e o outro era Medonho, olhos remelentos e uma cabeça enorme, que ele batia contra a parede.<br />A nossa ignorância fazia com que ficássemos aterrorizados, imaginando a obediência daqueles doidos aos desejos das empregadas, a vinda deles fisicamente durante o dia e metafisicamente durante o sono, nos atormentando.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302948px; line-height: 17.5636348724365px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br />Mas, com alguns doidos havia uma certa convivência ou aproximação. Lope, por exemplo, doido manso, contava as estrelas e quando errava recomeçava. Ao nos ver pedia “torresmim” para comer. Maria Putuquinha tinha até um trabalho, botava água de ganho nas casas, pois não existia ainda a água encanada de Morrinhos. Já com o Carrim, que era cego, a malvadeza da molecada era orientar erradamente e fazer ele tropeçar ou cair em um buraco. Quando davam comida para ele e não tinha carne, perguntava: “-Ô Sá Jô cadê a mastigadura ?” Quando a molecada deu um pau sujo de bosta para ele pegar acusou logo: tem um cagado por aqui !.<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302948px; line-height: 17.5636348724365px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Os doidos tinham oscilações de humor e comportamento, e dizia-se que a lua cheia tinha a ver com isso. Gatinha era pequena, branquela, e quando braba deu um murro na barriga de Vone Macedo, que estava na porta da farmácia de Olimpio Rolim. Contudo, os filhos de comadre Dozinha Fagundes podiam xingar de Gatinha que ele não se incomodava. Pedia pedaços de sabão nas casas e suspendia a saia, para alegria da molecada.<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302948px; line-height: 17.5636348724365px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Já Pêga, negra gorda, feia e suja, era sempre braba. O povo raspava a cabeça dela por causa dos piolhos.<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302948px; line-height: 17.5636348724365px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Havia os que, se não eram doidos eram tipos estranhos. Zupero era um deles. Índio, caboclo das matas, onde morava, não saia de dia e só a noitinha é que passava nas casas. Lenço amarrado na cabeça, bermuda desfiada, brincos e colares Zupero trazia para a nossa curiosidade um novo elemento: o efeminado. Cantava versos do terno de Reis: “Ai duri duri ai, ai ai duri duri ai”, e dizia que na Sexta Feira Santa passava por dentro de um espelho.<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302948px; line-height: 17.5636348724365px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
O outro tipo estranho era Mazinho, filho de Dona Massú, que era lavadeira e fazia acarajé. O pai era seu Hermenegildo, guarda noturno, que o povo chamava de “Miligildo” e tinha um Reis de Boi onde, certa ocasião, pregou um rabo de verdade no “boi” que fedeu tanto que o povo não quis receber o Reis nas casas. Negro, alto, de andar rebolado, Mazinho era o outro efeminado que nos intrigava. Não sabíamos nem porque nem para que servia um efeminado. Achávamos que era só mania de querer imitar as mulheres.<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302948px; line-height: 17.5636348724365px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Poções sempre foi pequeno e com três passadas os doidos iam da Rua da Itália à Rua São José e assim conheciam e eram conhecidos de toda a cidade que, tirante a molecada, não os hostilizava. Mas tinha um que só fazia ponto na Praça Coronel Magalhães. Era Jipe. Na verdade era um andarilho que saia de Jequié e ia até Conquista, pela Rio- Bahia, sem asfalto na época. Trazia pendurado no pescoço um volante e a tiracolo as buzinas e os faróis. Amarrado atrás um bagageiro pequeno, com os pertences de viagem. Os sapatos eram os pneus e as pessoas que o cercavam para ver a novidade davam dinheiro, que era para comprar a “gasolina”: café com leite e pão no Bar do João Liguori.<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302948px; line-height: 17.5636348724365px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
São lembranças de seres provisórios, sem passado e sem futuro, que só serviram para povoar a nossa imaginação. Eles ficaram no passado, mas nós mantemos incrustados em algum lugar das nossas mentes aqueles olhares perdidos que olhavam mas não viam , os olhares dos doidos de Poções.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302948px; line-height: 17.5636348724365px; margin-top: 6px;">
Jul/97</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-64970604330354986912014-12-02T23:45:00.000-03:002014-12-02T23:49:15.701-03:00Irundy e o jogo de Xadrez<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh60Qjy7Bc3YUYJyA7yCg6WPDWQYNmymcmwqocl4J3FhZMyImmKm43IrxyjK72ljQwZE495DIxAw64xZSGFw2qSMnIyChuvVqvj6x1dr_8O8ehCgPNl1Sraz5YGQzWHIx1TIg6FST7g/s1600/IMG_7276.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh60Qjy7Bc3YUYJyA7yCg6WPDWQYNmymcmwqocl4J3FhZMyImmKm43IrxyjK72ljQwZE495DIxAw64xZSGFw2qSMnIyChuvVqvj6x1dr_8O8ehCgPNl1Sraz5YGQzWHIx1TIg6FST7g/s1600/IMG_7276.JPG" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Com Irundy e Noélia - junho 2014<br />
(Foto: Fernanda Sanjuan)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
O dia 02 iniciou
com uma triste notícia. Custava a acreditar que a notícia do
falecimento de Irundy Manta Alves Dias era verdade, mesmo com a
confirmação passada pelos meus amigos mais próximos.</div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
A tristeza foi
grande. Restava lembrar das histórias contadas pelo Seu Dy no blog
dele. Lembrar das suas passagens no ginásio, na cadeira do
consultório odontológico e na convivência do dia-a-dia como amigo
nos diversos encontros em sequenciadas Festas do Divino, onde a
presença era certa.</div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
Além de
professor de matemática, dentista, diretor, escrutinador, pai,
marido, avô, cidadão presente, Irundy também ensinou o jogo de
Xadrez nos intervalos pós provas no ginásio. Eu fui seu aluno,
acompanhado de Fernando Schettini Filho (Coêlho), Tõe de Doca e
Gracinha Almeida (irmã de Gessy).</div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
Até hoje, quando
olho a formação de um tabuleiro de Xadrez me lembro de
Irundy. Cada peça tem uma função importante. O rei e a rainha,
segundo ele, estavam protegidos pelo clero - os bispos. Eles podiam
dar a proteção religiosa. Os cavalos serviam para que pudessem
fugir do campo de batalha. As torres dariam a proteção de um
castelo. A linha de peões era formada pelos soldados, os que
protegiam as demais peças.</div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
Não era uma
aula, era uma batalha. A movimentação das peças, mostradas
detalhadamente, acompanhadas de macetes de quais peças eram
importantes a sua manutenção.
</div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
Fizemos um
campeonato de Xadrez. Disputei com Gracinha, ganhei e fui enfrentar
Fernandinho na final. Deu Fernandinho campeão. Meu primeiro título,
portanto, Vice Campeão de Xadrez.</div>
<span style="line-height: 115%;">Histórias à
parte, quero externar o meu sentimento pela perda irreparável de
Irundy. Dizer a minha pró Noélia, aos filhos Sibele, Mercês, Dino
e Guga, genros, noras e netos que sinto muito orgulho de ter
convivido dessa forma com o Seu Dy. Um grande abraço a todos e
resgatarei outras passagens.</span><br />
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
.</div>
Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-67922841086194669372014-09-21T22:15:00.002-03:002014-09-21T22:15:39.685-03:00A barbearia<div align="justify" class="western">
<u>(publicada em setembro de 2007, no site www.terradodivino.com.br)</u></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
No sábado, após o sete de
setembro, fui cortar o cabelo com Nildinho. Não havia tanta
necessidade assim, não estava grande. A verdadeira intenção era
relembrar os bons tempos da barbearia de Hermes.</div>
<div align="justify" class="western">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western">
De cara, na porta, estava João
Batatinha - uma cena histórica. Perguntou logo por Adilson Santos, o
mais famoso artista plástico de Poções. Eu e Nildinho, começamos a
trocar algumas poucas palavras enquanto observava o ambiente. A minha
primeira lembrança veio do nome fundido no suporte dos pés –
“Ferrante”, que confirmava ser ainda a mesma cadeira, modelo 27,
fabricada nos anos 40 por Gennaro Ferrante.</div>
<div align="justify" class="western">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western">
À esquerda, um pouco mais acima,
bem à mostra, no pequeno armário de porta de vidro estavam expostas
as aposentadas máquinas manuais de cortar cabelo. Tava lá a máquina
mais famosa e mais temida - a que cortava no tamanho “zero”.
</div>
<div align="justify" class="western">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western">
Até os penduradores de toalhas
são os mesmos. Lembrava-me de quanto tempo passava ali, sentado, de
cabeça baixa, para que Hermes ajeitasse o pé do cabelo que nasce,
até hoje, arrepiado, ouvindo as histórias contadas por aqueles que
esperavam a sua vez.
</div>
<div align="justify" class="western">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western">
Tinha dúvida se estava no museu
ou na grande escola de profissionais cabeleireiros que Poções
formou. Perguntei por Elias, Barbeirin e Juscelino. Nildinho fez
conta do tempo de trabalho, das idades, me disse o paradeiro de cada
uma das pessoas e ainda comentou: - <i>Você sumiu mas me lembro
desde que era pequeno, já cortei seu cabelo e cortava o de Chico
</i>(meu pai)<i> até os seus
últimos dias.</i>
</div>
<div align="justify" class="western">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western">
É verdade, as contas bateram e a
nossa diferença de idade é de 7 anos.
</div>
<div align="justify" class="western">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western">
Como gira a cadeira do barbeiro,
gira também o pensamento. Ela parou apontada para um dos bares que
ainda existem na travessa Lions Club. Pude avistar “Já Modeu” e
lembramos da origem do seu apelido. Perguntei por Celso Relojoeiro.
Nildinho ria, ficou impressionado como me lembrava das coisas. Talvez
ele nem soubesse das minhas lembranças nas colunas.</div>
<div align="justify" class="western">
<br />
</div>
<br />
<div align="justify" class="western">
Como poderia esquecer de uma das
travessas mais famosas da cidade? Ali nascia e acabava a saudade.
Dali partiam e chegavam os ônibus - a “rodoviária de Poções”.
Era como se estivesse vendo juntos, Netário, Everaldino, Abílio
Roxo e Jió despachando tantos poçõenses para o mundo.</div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<br /></div>
<div align="justify" class="western">
<i><u>P.S. Mais sobre a Barbearia de Nildinho <a href="http://blogdosangiovanni.blogspot.com.br/2013/07/barbearia-dois-amigos-41-anos.html">aqui no Blog</a></u></i></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-34762961615424356342014-09-14T20:01:00.000-03:002014-09-14T20:02:39.911-03:00Prego e o rádio<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;">Em 1984, passei a
ser Gerente de Peças e tive a incumbência de visitar as filiais,
residências e clientes no interior da Bahia.</span></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;">Durante
muitos roteiros, fiz parceria com Lauro Matta, experiente vendedor de
máquinas e um tremendo gozador. Ele era residente em Vitória da
Conquista. De lá, partíamos para o roteiro do Sul da Bahia até
Teixeira de Freitas. Itabuna era a primeira parada para dormir. </span>
</div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;">Sempre nos
hospedávamos no Lord. Havia um bar no térreo que era o ponto de
encontro dos viajantes da região. Hotel simples, com uma
particularidade nos apartamentos – um rádio de cabeceira da marca
Semp.</span></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;">Em toda
viagem a gente se juntava ao residente da região de Itabuna José
Carlos, o Prego. Assim o chamavam porque era magro e a cabeça
grande. A gente se reunia no apartamento que me hospedava. </span></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;">Prego viu
o rádio e pensando que era meu, perguntou:</span></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<i>“<span style="font-size: 12pt;">Mas você
leva esse rádio toda vez que viaja? – é pra ouvir jogo do
Flamengo? É muito sacrifício”.</span></i></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<i>“</i><span style="font-size: 12pt;"><i>O rádio
é bom. Pega até a Rádio Globo antes das 5 da tarde. Já me
acompanha desde rapaz”, </i>respondi.</span></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<i>“<span style="font-size: 12pt;">Você
quer vender? É pra meu irmão Deco, aquele lá de Teixeira de
Freitas. Ele fica sozinho e o rádio seria uma boa companhia. Pago
com cheque pré-datado”.</span></i></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;">Lauro,
mostrando desinteresse na conversa, disse:</span></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<i>“</i><span style="font-size: 12pt;"><i>Olha
San, lá em Conquista tem desses rádios, você compra outro. Deve
custar um duzentos</i>, piscando o olho para mim”.</span></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<i>“</i><span style="font-size: 12pt;"><i>É San,
Deco vai gostar, fica lá na filial sem ouvir nada. Nem televisão
ele tem. Vou levar o rádio pra testar por alguns dias”</i> disse Zé
Carlos.</span></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<i>“<span style="font-size: 12pt;">É de
pilha e de energia, ele vai gostar, Tá bom, Zé, pague 150 e a gente
fecha o negócio. Faça dois cheques para os dias dos salários
seguintes”</span></i></div>
<div class="western">
</div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;">Terminada a
reunião, Prego colocou o rádio sob o braço direito e empunhou a
pasta 007 com a mão esquerda e me pediu para chamar o elevador.
Lauro esperava por esse momento, pegou o telefone e ligou para a
recepção:</span></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<i> “<span style="font-size: 12pt;">Olha,
aquele cara que subiu vai levando o rádio do hotel. Pegue ele aí”.</span></i></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;">A
recepcionista já o conhecia e, meio embaraçada, falou: <i>“Seu Zé, ei seu Zé”</i>.
Apontou o dedo para o rádio mas não disse nada. Continuou apontando
e falou <i>“Seu Zé, Seu Zé, oh ..........., oh ...........</i></span></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<i>“<span style="font-size: 12pt;">Ah! O
rádio? Acabei de comprar na mão dos meninos! É pra Deco, meu
irmão”</span></i></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<i>“</i><span style="font-size: 12pt;"><i>Certo,
seu Zé, só que o rádio pertence ao hotel”</i>.</span></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;">Desapontado,
subiu e foi direto para o apartamento de Lauro. Só se acalmou quando
viu outro rádio igual na cabeceira da cama. Ele compreendeu a
brincadeira e descemos para o bar. Meia hora depois, chegou com um
rádio comprado na Avenida Cinqüentenário para o irmão.</span></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;">Meses
depois Deco faleceu. Zé Carlos fundou a Silmar, uma loja de peças
para tratores em companhia de Josivaldo, o Rivelino. </span></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;"><b><u>Notas do Blog</u></b></span></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;">Depois de muitos anos sem contato com Zé Carlos, semana passada me ligou Zé Palladino e estava na loja dele, em Itabuna. </span></div>
<div class="western">
<br /></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;">Lauro Matta, hoje, aposentado, mora em Salvador e é o Presidente da AMARV - Associação dos Moradores e Amigos do Rio Vermelho.</span></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="western">
<span style="font-size: 12pt;">- Crônica inicialmente publicada no extinto site Terradodivino.com.br </span></div>
<br />
<div class="western">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-21467768975217011802014-09-14T18:31:00.001-03:002014-09-14T18:31:20.162-03:00Ruy Espinheira lança novo livro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw5SocPF5UmMUrZSVIwIbm-M-cNxqCu5ToBJ4PnPVFmZGNhF1QBD_Vp3Jv80Er79TlR9m-rV2axvpRZ0SQsmp61O4HTnAZ90JhxeNsM_rThIS7UstABMWI-YYG9snlMaAeJm1-JrMS/s1600/Angelo+Sobral+desce+aos+infernos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw5SocPF5UmMUrZSVIwIbm-M-cNxqCu5ToBJ4PnPVFmZGNhF1QBD_Vp3Jv80Er79TlR9m-rV2axvpRZ0SQsmp61O4HTnAZ90JhxeNsM_rThIS7UstABMWI-YYG9snlMaAeJm1-JrMS/s1600/Angelo+Sobral+desce+aos+infernos.jpg" height="265" width="400" /></a></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-74729951208439145382014-07-28T19:31:00.001-03:002014-07-29T19:06:00.946-03:00Um adeus a Bada...<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<span style="font-size: 12pt;">Hoje
pela manhã, assim que cheguei no trabalho, alguém me pediu o
telefone de uma pessoa com a letra Z. Fui na agenda e quando
procurava vi o nome de Zé de Dôca e o número que Adriana, a sua
irmã, me passou. Naquele momento, comentei comigo mesmo: - </span><span style="font-size: 12pt;"><i>como
a gente não liga para os amigos?</i></span><span style="font-size: 12pt;">
Imaginei ligar pra Zé </span><span style="font-size: 12pt;">Francisco
(o Zé </span><span style="font-size: 12pt;">de Dôca</span><span style="font-size: 12pt;">)</span><span style="font-size: 12pt;">
e dizer o quanto sentia vontade de dar um abraço, religar o passado. No entanto, n</span><span style="font-size: 12pt;">ão fiz a ligação.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<br /></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<span style="font-size: 12pt;">Passou
aquele momento e estava reunido com um cliente quando o telefone
tocou. Vi que era Michele, meu irmão. Comentei com a pessoa: </span><span style="font-size: 12pt;"><i>-
Dá licença, pois essa hora pra meu irmão ligar é pra dar notícia
ruim!</i></span><span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">Eu</span><span style="font-size: 12pt;">
disse: </span><span style="font-size: 12pt;"><i>- morreu
alguém no nosso interior, lá em Poções</i></span><span style="font-size: 12pt;">.
Não deu outra. Dava conta do fulminante infarto que tirara a vida de
Bada (Zilovaldo Ferreira Ramos), </span><span style="font-size: 12pt;">irmão
de Zé Francisco</span><span style="font-size: 12pt;">.</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCgNsxHzs19WtK61NcAEj7s6SZj1fpK17esWGFWGySyKqvfYfsBEnSJVUhogW5OuTZOI8hqmPo72Kicg7V9KiCq0ti_Q5OD-BlxoWP_249Rn1LecNW56zHUxQSBSKHk-Mrb1Ux_Q-d/s1600/DSCF0230.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCgNsxHzs19WtK61NcAEj7s6SZj1fpK17esWGFWGySyKqvfYfsBEnSJVUhogW5OuTZOI8hqmPo72Kicg7V9KiCq0ti_Q5OD-BlxoWP_249Rn1LecNW56zHUxQSBSKHk-Mrb1Ux_Q-d/s1600/DSCF0230.JPG" height="266" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Zilovaldo Ferreira Ramos (Bada) - Foto: Luiz Sangiovanni</td></tr>
</tbody></table>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<br /></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<span style="font-size: 12pt;">Fui
buscar nos meus arquivos a foto que fiz dele, em outubro de 2012, e
tive o triste cuidado de informar o ocorrido para os amigos de Poções.
</span>
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<br /></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<span style="font-size: 12pt;">Passei
o dia pensando na rua da Itália, na família Ferreira Ramos, nossos
vizinhos-</span><span style="font-size: 12pt;">imãos</span><span style="font-size: 12pt;">
de </span><span style="font-size: 12pt;">casa e o quanto
con</span><span style="font-size: 12pt;">vivi com </span><span style="font-size: 12pt;">eles</span><span style="font-size: 12pt;">.
Pessoas fortes de espírito, de educação firme dada por Dôca e
Zilda, seus pais. </span><span style="font-size: 12pt;">Em
vá</span><span style="font-size: 12pt;">rios momentos </span><span style="font-size: 12pt;">do
dia </span><span style="font-size: 12pt;">eu recordei </span><span style="font-size: 12pt;">passagens</span><span style="font-size: 12pt;">. Afinal, a
minha infância estava ali. A formação do caráter nas brincadeiras
do dia-a-dia, a convivência ajudando-os na limpeza dos diversos
motores dos jipes e Rurais que Dôca ensinava o manuseio a todos nós. Olhei para a Oficina de máquinas pesadas que hoje dirijo e
agradeci pela convivência e experiência que adquiri. </span><span style="font-size: 12pt;">Vêm de lá – nasceram ali.</span><span style="font-size: 12pt;"> </span>
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<br /></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<span style="font-size: 12pt;">Lembrava
que </span><span style="font-size: 12pt;">o nome Zilovaldo
</span><span style="font-size: 12pt;">era </span><span style="font-size: 12pt;">a
junção de parte dos nomes dos pais Zilda e Florisvaldo. Do </span><span style="font-size: 12pt;">tempo
de </span><span style="font-size: 12pt;">namoro </span><span style="font-size: 12pt;">dele
</span><span style="font-size: 12pt;">com Ládia </span><span style="font-size: 12pt;">(Ladinha)</span><span style="font-size: 12pt;">,
a filha de Dahil, que pareciam ter nascidos um para o outro - namoro de menino, feito na rua da Itália. D</span><span style="font-size: 12pt;">a
figura de pacificar os irmãos em opiniões diversas. Os “cãos de
Dôca”, como eram chamados, tinha um líder calmo e justo para uma
palavra de harmonia que era Bada. O fato de uma família ser grande também no número de filhos (Tonhe, Paulin, Eraldo, Bada, Zé Francisco,
Marcos, Marília, Adriana e Alex) precisava de uma mão extra nas
ordens para ajudar aos pais na atitude sempre correta e justa –
</span><span style="font-size: 12pt;">essa era a tarefa de
Bada</span><span style="font-size: 12pt;">.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<br /></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<span style="font-size: 12pt;">A
</span><span style="font-size: 12pt;">R</span><span style="font-size: 12pt;">ua
da Itália </span><span style="font-size: 12pt;">já </span><span style="font-size: 12pt;">não
é mais a mesma. Esvazia-se o passado. Troca-se por lembranças
povoadas nas memórias de brincadeiras e convivências próximas, do
frequentar a casa do outro. De pular o muro pra tirar frutas. Da
confiança na intimidade, na revelação das mudanças adquiridas na
puberdade. De como se transformar em verdadeiros homens e levar
adiante a educação recebida pelos nossos pais. </span><br />
<span style="font-size: 12pt;"><br /></span>
<span style="font-size: 12pt;">Essas
lições a Rua da Itália nos deu.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<br /></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<span style="font-size: 12pt;">Enfim,
um momento de dor em </span><span style="font-size: 12pt;">nossa
cidade</span><span style="font-size: 12pt;">. A falta de uma
pessoa </span><span style="font-size: 12pt;">que ali conviveu
anos e que prometia encerrar os seus dias naquele lugar será sentida. Vai-se Bada,
vai a opinião </span><span style="font-size: 12pt;">comedida
</span><span style="font-size: 12pt;">e certeira d</span><span style="font-size: 12pt;">os
seus comentários. Toda as vezes que eu ia a Poções, era passagem obrigatória na sua casa de negócio para tomar uma pinga temperada que
sempre fazia a questão de dizer a origem e </span><span style="font-size: 12pt;">oferecer
como</span><span style="font-size: 12pt;"> cortesia da casa.
Naqueles banquinhos, sempre troc</span><span style="font-size: 12pt;">á</span><span style="font-size: 12pt;">v</span><span style="font-size: 12pt;">a</span><span style="font-size: 12pt;">mos
algumas palavras, nem que fosse para atualizar as novidades das
famílias ou comentar as publicações aqui no Blog.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<span style="font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="line-height: 100%;">Salve Bada!!! um dia muito triste para todos nós, como descreveu a sua irmã Adriana. Porém, t</span>risteza
em Poções e festa no céu. </span><span style="font-size: 12pt;">Festa
na Rua da Itália da eternidade.</span><span style="font-size: 12pt;">
Zilda, Dôca </span><span style="font-size: 12pt;">e os
irmãos que estão lá os recebem de corações abertos e saudosos junto com os
vizinhos da </span><span style="font-size: 12pt;">nossa </span><span style="font-size: 12pt;">rua,
</span><span style="font-size: 12pt;">lugar onde todos nós
nos encontraremos.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<br /></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<br /></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
<br /></div>
<br />
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%;">
.
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-60158946457975232012014-07-24T22:40:00.000-03:002014-07-24T22:40:07.486-03:00Homenagem a Affonso Manta<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3WI_ucRw8xyumqzCpqlBHO8L3YIKrSB5Z2v4RrCwcyROtWoh0lA9Pf2x_nDvnYNRy0G_icSw4GZe6fM4NHLIgu56sGtzG_lcSQCMSRKCw8qLaaMFn6R-ApGn-i5LpahS48lenmBaT/s1600/Ruy+Andr%C3%B4meda+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3WI_ucRw8xyumqzCpqlBHO8L3YIKrSB5Z2v4RrCwcyROtWoh0lA9Pf2x_nDvnYNRy0G_icSw4GZe6fM4NHLIgu56sGtzG_lcSQCMSRKCw8qLaaMFn6R-ApGn-i5LpahS48lenmBaT/s1600/Ruy+Andr%C3%B4meda+2.jpg" height="200" width="156" /></a></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 11pt; line-height: 100%;">Por <b>RUY ESPINHEIRA FILHO</b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 11pt;">A
vereadora Zezel Leite, de Poções, confirmou-me a notícia: a antiga
escola estadual Luiz Viana Filho foi municipalizada e hoje se chama
Affonso Manta Alves Dias – nome completo do poeta Affonso Manta.
Nada mais justo, já que ele, embora tenha nascido em Salvador e
passado a infância em Iguaí (então distrito de Poções), foi
naquela cidade que morou quase toda a vida – com exceção do tempo
em Iguaí, dos anos de estudo em Salvador e dos que viveu no Rio de
Janeiro, como inspetor dos Correios e Telégrafos. Aposentado por
motivos de saúde, retornou a Poções e lá permaneceu de 1975 até
sua morte, em 2003. </span>
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 11pt;">A
poesia de Affonso Manta é marcada de profundo lirismo, oscilando
(como dividi a antologia que dele organizei e foi lançada no ano
passado) entre a poética confessional, a amorosa, a de temática
variada e a de cunho religioso ou místico. Minha amizade com o poeta
começou na juventude: eu com treze ou catorze anos, ele com
dezesseis ou dezessete. Todas as tardes nos sentávamos no coreto do
jardim de Poções, ao lado da velha Matriz, perto da qual ele viveu
grande parte da vida, e conversávamos até depois do crepúsculo.
Ou, mais exatamente, ele falava e eu escutava — maravilhado com
aquele rapaz que já tinha lido tanto e se referia desenvoltamente a
ficcionistas, filósofos, sobretudo a poetas e poesia.</span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 11pt;">Nossos
contatos se intensificaram a partir de 1961, quando vim estudar em
Salvador, onde ele já se encontrava. Poeta respeitado, boêmio
impenitente, foi quem me apresentou a pessoas brilhantes da
literatura e das artes — como Carlos Anísio Melhor, Fred Souza
Castro, Jehová de Carvalho e Ângelo Roberto, entre outros. De
personalidade muito complexa, foi ele um solitário e um boêmio. Seu
lirismo é pungente, às vezes delirante, muitas vezes sábio e
compassivo. A sua poética é densa de magia, como se lê em “Lá
vai Affonso Manta”, que assim começa: “Com estrelas na testa de
rapaz./Com uma sede enorme na garganta,/Lá vai, lá vai, lá vai
Affonso Manta/Pela rua lilás.” A pungência do confessional pode
ser exemplificada pela primeira estrofe de “O realejo de vinho”:
“Para quem me queira ouvir: /Sou um homem aos frangalhos. /Parte
por culpa de tudo. /Parte por culpa de nada.” De seu lirismo de
sabedoria, colhemos o final de “Criação”: “Crie esses bois de
chifres de açucenas/Que pairam nos céus das manhãs
serenas.(...)/Crie raiz no amor de uma mulher/E espere calmamente o
que vier.”</span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 11pt;">Affonso
foi poeta pouco conhecido. Mas reservei alguns exemplares da sua
antologia para enviar a escritores, críticos e leitores especiais
pelo país afora, despertando manifestações de admiração e de
espanto pela descoberta de um autor tão importante e de quem nunca
tinham ouvido falar.</span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 11pt;">O
nome do poeta numa escola honra o poeta – e principalmente honra a
cidade em que ele viveu e que sempre amou. Nomes de políticos e
apaniguados são dados a tudo, sem falar nos abominavelmente
vergonhosos. Todas as cidades estão densamente poluídas por tais
excrescências e ninguém parece se incomodar com tamanho horror. </span>
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 11pt;">Portanto,
é algo que lava a alma ver o nome de um poeta ser lembrado. De
parabéns Affonso Manta, Poções - e a poesia brasileira.</span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 11pt;">(Publicado no jornal A
TARDE, 24/07/2014)</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-88680666967660483412014-07-17T23:18:00.000-03:002014-07-17T23:40:19.325-03:00Centro Cultural Fedele Sarno<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1PC3RnPeFtyjO2TZB6lmOBBCBhbNrJeFNeaNv5TXrhlt-SEofKkR70yfbgWjA355Qo_0PixpEsXxMCaLkQdizEHZjUumNi1T-ig4-FwFPqRvCF5dcPz6MrNFrDcSpM3uTZD57Ukfc/s1600/Antigas+193.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1PC3RnPeFtyjO2TZB6lmOBBCBhbNrJeFNeaNv5TXrhlt-SEofKkR70yfbgWjA355Qo_0PixpEsXxMCaLkQdizEHZjUumNi1T-ig4-FwFPqRvCF5dcPz6MrNFrDcSpM3uTZD57Ukfc/s1600/Antigas+193.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fedele Sarno</td></tr>
</tbody></table>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 100%;">Ontem,
16, em Poções, foi aprovado o Estatuto e eleita a Diretoria
provisória do Centro Cultural Fedele Sarno para os próximos seis
meses. Após este período, será escolhida a diretoria definitiva
para um mandato de dois anos.</span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
Assim
ficou definida a direção do Centro:</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
-
Fábio Agra e Gildásio Júnior – Direção Geral</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
-
Diana Lucard - Secretária Geral.
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
-
Samara/Rubens – Tesouraria</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
-
Leonel Nunes/João Dias e Ariana Amaral assumem o Conselho Fiscal.
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
-
Jânio Rocha, Zezel Leite, Manoel Alex, Wellinton Fagundes, Léo,
Carlos Rizério, Adilson Santos, Fidélis e Geraldo Sarno fazem parte
do Conselho Consultivo.</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Durante
os trabalhos, estava presente o artista plástico Adilson Fagundes
Santos, que prometeu doar um quadro pintado por ele para que se faça
um leilão com o objetivo de arrecadar fundos. O fotógrafo Carlos
Rizério Filho doará um dos seus trabalhos fotográficos com o mesmo
objetivo.</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Enfim,
o trabalho foi inciado e outras doações serão bem-vindas. Parabéns
e sucesso à Diretoria no desenvolvimento do Centro.</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 100%;"><br /></span>
<span style="line-height: 100%;">Lembrando
que o prédio onde funcionará o Centro foi uma concessão de Fidélis
Mário Sarno e leva o nome do seu avô Fedele. Para muitos, vale
lembrar que Fedele Sarno é o grande patriarca da família Sarno. </span><br />
<span style="line-height: 100%;"><br /></span>
<span style="line-height: 100%;">Ele
sempre se manteve na Itália, mas todos os filhos se mudaram para
Poções e foram importantes no crescimento de diversos segmentos na
cidade, principalmente o comércio. Criaram as suas famílias e hoje
conta com mais de 200 descendentes. Mas, eu pedirei a Eduardo Sarno,
seu neto historiador, para que nos conte um pouco dessa história.</span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<i><br /></i></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<i>(Com informações de Zezel Leite)</i></div>
<br />
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
.</div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-37834711658173327962014-07-06T10:32:00.002-03:002014-07-06T10:32:40.287-03:00Comônio aí!!!<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><u>Texto original publicado em 2009 no extinto site Guia Poções</u></span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><br /></span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><br /></span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">Nesse
final de semana, eu estive rapidamente em Poções. Atualizei-me sobre
a Festa do Divino. Quis saber se as notícias dadas pela pomba branca
eram verdadeiras. Só ouvi comentários e nenhuma confirmação da
programação da Festa da divisão. O sagrado e o profano ainda não
se decidiram. O certo é que no calendário, o último dia será em 31 de maio.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">Se
a pomba estiver certa, teremos o ano da mudança. Festa dividida e o
Poções caindo para a 2ª divisão do futebol baiano.</span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">Fiquei
conversando com o meu irmão Pepone na varanda de casa, lembrando de
coisas do passado, principalmente das brincadeiras. Da mesma forma
que a gente sentia que a hora não passava, parecia que as nossas
brincadeiras haviam acabado de acontecer.</span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">Numa
época em que não havia internet, quais eram as nossas brincadeiras?</span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">Ali
mesmo, na Rua da Itália, transformávamos um pedaço dela num campo
de futebol. O poste ao lado da varanda da nossa casa era um gol. O outro gol era no
limite entre o armazém de Fernando Schettini com a casa de Zóstenes
Vaz. O único lugar do mundo onde os gols ficavam no lugar do
escanteio. O local era exclusivo da criançada moradora da Rua da
Itália e a gente só perdia a vez quando Luiz Bosteiro chegava para
passar as férias em Poções. Era um terror, ninguém mais tinha
direito a nada, só ele mandava.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">Também
era no armazém de Fernando que a gente brincava de esconder entre as
imensas pilhas de sacos de mamona e café que eram comercializados
naquela época (hoje funciona a
academia de Rosita Palladino).</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">Durante
o dia, lá na praça da prefeitura, a brincadeira era com o
pré-histórico pião. Pobre dos piões pequenos, as carrapetas ou
catatais. Normalmente, eles tinham o castelo “<i>bizocado</i>”. Na roda,
a gente só colocava o catatau.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">Quando
não era pião, chegava a temporada do triângulo ou da gude. As
gudes eram compradas em Seu Emério Pithon, no Bazar Natal. Com
o “cocão” (gude grande) a gente dava o “aço” (bater na gude
menor para afastá-la da “casa”).</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">Ladrão
e polícia era a brincadeira preferida. Tinha mesmo que pegar o cara
no braço e levar para a “cadeia”. Normalmente a gente usava as
varandas das casas para fazer o cativeiro. Se bobeasse, o ladrão
invadia e bastava passar a mão na cabeça do preso para ele se
livrar.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">Das
telas do cinema para a rua, foi trazido o “<i>cowboy</i>”, que era uma
variação “<i>western</i>” do ladrão e polícia. A imobilização do
bandido se dava com a expressão “comônio aí” uma espécie de
mãos ao alto. Normalmente, o bandido usava um lenço amarrado no
rosto, o que dava maior realidade e originalidade à brincadeira. A
atividade física era tão ativa que a sensação do frio passava e
ainda dava para brincar sem camisa. Esquentava o frio, como dizemos.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">Com
os pequenos revólveres de brinquedo na cintura, daqueles de cabo
branco e rolinho de espoleta, a gente transformava a Rua da Itália
numa verdadeira praça de guerra.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">Hoje,
nenhum sinal de brincadeiras. Naquela noite, apenas duas crianças
convenciam o velho Zica, caído e embriagado, para que encontrasse o
rumo da sua casa, evitando que fosse roubado e “</span><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><i>judiado</i></span><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">”
pelos malandros.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<br />
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">Durante
as quatro horas que ficamos na varanda conversando, tivemos a
presença de alguns amigos que participaram das brincadeiras do
passado, pararam seus carros e trocaram alguns minutos de boas
lembranças.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><br /></span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;">.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-70837044750299991172014-07-05T14:11:00.001-03:002014-07-05T14:11:17.664-03:00Novo Blog do IrundyNosso mestre Irundy Dias atualiza o endereço do seu blog. Conta de forma detalhada passagens da sua vida e, com elas, histórias de uma Poções antiga.<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCn-Mwul-Ru87-m3wFfS-qp-uhfUwqQgOVZBB7rljdy3DVCu999g4H1A2FoGt-qFB2I47dfKOOiLjMFcFjBS6Za0NMrmlnEaNYREVNqG87VNCfcWAhEq9F5DfaySoaUlms-xsOMmJN/s1600/IMG_7263.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCn-Mwul-Ru87-m3wFfS-qp-uhfUwqQgOVZBB7rljdy3DVCu999g4H1A2FoGt-qFB2I47dfKOOiLjMFcFjBS6Za0NMrmlnEaNYREVNqG87VNCfcWAhEq9F5DfaySoaUlms-xsOMmJN/s1600/IMG_7263.JPG" height="266" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Os queridos mestres Irundy e Noélia, sua espôsa</td></tr>
</tbody></table>
Parabéns a Irundy por nos presentear com detalhes que só uma memória privilegiada possibilita.<br />
<br />
Poções agradece ao <u>mestre de nós todos</u>.<br />
<br />
Acesse o blog através do endereço:<br />
<a href="http://www.blogdoirundy.blogspot.com.br/">Blog do Irundy</a>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-72908435878583173962014-06-30T20:54:00.000-03:002014-06-30T20:54:02.668-03:00Pedro Alves Cunha - Falecimento<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwEwUQEyBA4xuN-IVWc_FnmG4BFCewT6lGMkQ7GYPS0LHcNUGIm_QYdpYS-1OsBj8UMioMFBEwZgJhlvY5zjVA8LjWC2a96Sw9eW4mdoSZh5hLIUdTTu_r4heQR9rWXswiNlYsVtXd/s1600/Pedro+Cunha.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwEwUQEyBA4xuN-IVWc_FnmG4BFCewT6lGMkQ7GYPS0LHcNUGIm_QYdpYS-1OsBj8UMioMFBEwZgJhlvY5zjVA8LjWC2a96Sw9eW4mdoSZh5hLIUdTTu_r4heQR9rWXswiNlYsVtXd/s1600/Pedro+Cunha.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pedro Alves Cunha</td></tr>
</tbody></table>
Recebo a notícia do falecimento do Sr. Pedro Alves Cunha. Ele foi prefeito de Poções em duas gestões: de 1967 a 1970, sucedendo a Aníbal Carvalho. Se elegeu novamente em 1973, permanecendo até 1976, quando foi sucedido por Octávio José Curvelo.<br />
<br />
Era casado com Dona Regina Novaes Cunha e pai dos amigos Pedro Cunha Filho, Rosângela, Ruy e Solange Cunha.<br />
<br />
À família, um abraço e os sentimentos da família Sangiovanni. <br />
<br />
.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-27600415688094409592014-05-28T23:50:00.000-03:002014-05-28T23:50:23.599-03:00Pop78 - Uma viagem ao passado
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjucBN8FoNFpeZ7seQk_ycGMxuxVZWW765Lkb2lNbuNfw9robt2B7rRnuCcNwaH4PBzY0vYvydCfaaTDTpV6XAWOx8RWCZltu4qCh_TM8T05wYxlDPRPdFStuEY1D5NStTlXwsHgYJE/s1600/IMG_6887.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjucBN8FoNFpeZ7seQk_ycGMxuxVZWW765Lkb2lNbuNfw9robt2B7rRnuCcNwaH4PBzY0vYvydCfaaTDTpV6XAWOx8RWCZltu4qCh_TM8T05wYxlDPRPdFStuEY1D5NStTlXwsHgYJE/s1600/IMG_6887.JPG" height="266" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ensaio da Banda Pop78</td></tr>
</tbody></table>
As notícias que chegam de Poções,
dão conta de uma onda de euforia e expectativa com a Festa do
Divino. Tenho a impressão que este ano será o fim do “divisor de
águas” entre o antigo e o novo – enfim, diversão para todos os
gostos e idades.
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A festa do grupo de amigos do Velhas
Fotografias de Poções também promete (07/06). Um reencontro de
amigos como nunca visto - casa cheia, como se diz no futebol. Tenho
lido confirmações de presenças de pessoas que já haviam dado como
encerrada a participação na adoração ao Divino.</div>
Uma das maiores atrações, com
certeza, será a Banda Pop78. A antiga banda Os Fantasmas, de Poções,
se manteve travestida durante anos com nomes que fizeram sucesso,
sendo o Fase Cinco um dos grandes. Chegou a vez de voltar pra casa.
Tocar no Clube de Poções é reviver a sua origem.<br />
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Nessa euforia de voltar, a convite de
Robertinho Prudente, eu fui conferir o ensaio que a banda fez há
duas semanas e vem repetindo quase todos os dias.
</div>
<br />
Fui recebido por Jeová, Robertinho e
Albérico no estúdio do Itaigara com a alegria de quem não se via
há anos. Os olhos de todos brilhavam na mesma intensidade.
Respirávamos um ar de nostalgia, e ansiedade para começar o ensaio
de imediato, mas ainda existia um mundo de fios a ser conectado nos
aparelhos.<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc9MkqSb4q-R_SaQ0ngYWWOKzI9-_z5iHDlBZsCtYRTkE3L5HaIwWsV8g74dyr-NtpBeI0JZJpCg2yaedBtr2WPRQEL5J-dmMqAxErjKNynpDr7zBB0aPcxqqTHe0xIy8UO7cnS7BV/s1600/IMG_6880.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc9MkqSb4q-R_SaQ0ngYWWOKzI9-_z5iHDlBZsCtYRTkE3L5HaIwWsV8g74dyr-NtpBeI0JZJpCg2yaedBtr2WPRQEL5J-dmMqAxErjKNynpDr7zBB0aPcxqqTHe0xIy8UO7cnS7BV/s1600/IMG_6880.JPG" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Carlos Senna</td></tr>
</tbody></table>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Ao lado deles, o experiente
contrabaixista Carlos Sena dava as coordenadas para o ensaio começar
com um “ar” muito espontâneo e sorridente. André Barbosa, o
Pixinguinha, tocava no teclado umas notas querendo ensaiar aquilo que
já estava planejado. Enquanto isso, Jeov</div>
á montava o pedal na
bateria e escolhia as baquetas sob a gozação de Albérico.
Robertinho me apresentou a lista com todo o repertório e o que
tocarão nas sequencias.<br />
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Como não entendo muito, fiquei na
cerveja anotando e fotografando enquanto cada música era ensaiada.
Entre uma e outra, a pausa para lembrar dos detalhes do passado.
“Milionários” foi a única liberada para dizer que está no
repertório. Mas, eu disse que “Georgia” deveria ser no início
de algum intervalo para a gente se lembrar do momento em que
cruzávamos o salão para neutralizar a concorrência na hora de
formar o par para dançar.</div>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuIEsSUMmxGzuaYiTsQDLM45VVkf1jqmp5tXj2TikuOcU5uHT04Tt9pEE01JNJ5mXHqHop5zBB8GwMC3xXn6t4Knk3gymuPYHZq2L9thbVtilY9ibvQ1Ke3NwMYEgydMUaWjeXNUQk/s1600/IMG_6884.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuIEsSUMmxGzuaYiTsQDLM45VVkf1jqmp5tXj2TikuOcU5uHT04Tt9pEE01JNJ5mXHqHop5zBB8GwMC3xXn6t4Knk3gymuPYHZq2L9thbVtilY9ibvQ1Ke3NwMYEgydMUaWjeXNUQk/s1600/IMG_6884.JPG" height="200" width="133" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jeová Prudente</td></tr>
</tbody></table>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
As baquetas de Jeová soavam como uma
marcação de tempo, literalmente. Pra marcar o tempo de entrada de
uma nova música, bem como uma marcação do nosso tempo de
adolescente . Robertinho olhou para Albérico e puxaram o sucesso
antigo - “Cândida”. Sucesso total no estúdio, os cinco cantaram
e se formou um coro bonito, harmonioso. Era como estar no meio do
salão do Clube de Poções. Embalaram o ensaio ao som de Creedence
Crewater Revival e eu, grudado na Skol, imaginando como será a nossa
festa. A sequencia dos Beatles é fantástica (chega, pois prometi que não contaria).</div>
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Enquanto trocava os pedais de solo da
guitarra, Albérico comentou que a banda promete surpresas e fortes
emoções. Relembrar o passado é o presente da confraternização
com os nossos companheiros. Os estilos de cada um estão mantidos e
isso faz parte do espetáculo. Animação e disposição pra tocar
durante horas não vão faltar, prometeram.</div>
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Só posso garantir que tudo aquilo que
vi e anotei não é metade do que a Pop78 vai mostrar. Quem quiser
conferir essa empolgação envolvente vai poder viajar no passado –
nós, a plateia delirante – eles, os músicos apaixonados pelo
passado. Um casamento perfeito!!!</div>
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A festa promete e quem viver (revi)verá
sempre...</div>
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;">
.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-59930244966501538632014-05-27T23:06:00.002-03:002014-05-27T23:09:52.470-03:00Velhas Fotografias de Poções<strong>Por Valdiria Rocha</strong> (27/05/2014) <br />
<br />
Velhas Fotografias de Poções é um título autoexplicativo que indica uma linguagem, um tempo e um lugar. Um acervo de imagens, de compartilhamento de memórias, lembranças, registros da história de um povo, da identidade de uma comunidade. Daí a sua grande importância e o seu valor.<br />
<br />
Ao mesmo tempo, Velhas Fotografias de Poções é um lugar sem chão, como a casa muito engraçada de Vinícius de Moraes, que não tinha teto<span class="text_exposed_hide">...</span><span class="text_exposed_show"> nem nada. Um ambiente feito de ondas magnéticas, um meio de comunicação desse nosso tempo onde a magia das tecnologias contrai, dilata, acelera ou para o tempo e o espaço, fazendo do mundo uma aldeia, e das distâncias apenas uma circunstância. Nosso Mestre Gilberto Gil já disse em décadas atrás que: “Antes mundo era pequeno Porque Terra era grande Hoje mundo é muito grande Porque Terra é pequena Do tamanho da antena Parabolicamará” e mais “Pela onda luminosa Leva o tempo de um raio Tempo que levava Rosa Pra aprumar o balaio </span><br />
<span class="text_exposed_show"></span><br />
<span class="text_exposed_show">Quando sentia Que o balaio ia escorregar Ê volta do mundo, camará Ê, ê, mundo dá volta, camará”. </span><br />
<span class="text_exposed_show">Nessas ondas luminosas nós navegamos ao encontro do fio condutor que nos leva a um lugar onde nos encontraremos por inteiro. Navegamos de volta para casa, para o abraço seguro dos amigos, o colo amado dos pais e avós, o conforto dos sabores, cheiros, texturas do nosso lar, dos sons e cenários da nossa cidade. Para uma ancestralidade familiar e cultural, uma raiz que dá sentido às nossas vidas, à vida dos nossos descendentes.<br /> </span><br />
<span class="text_exposed_show">José Carlos (Tim de Eurípedes) disse lindamente: “Nós outros, ainda mortais, desfrutamos dessa benesse tecnológica que nos permite, à distância, reviver nossa inocência e nos comunicarmos impessoalmente”. </span><br />
<span class="text_exposed_show">O espaço virtual nos permite refazer o caminho que, indubitavelmente, nos leva ao encontro de nós mesmos e de todos os outros que nos constituem pela genética ou pela convivência social. Há um tempo marcante onde a essência da nossa identidade se formou. Aquela parte que explica o nosso EU mais singular, que ampliamos no contato com os diversos mundos que passamos a habitar. Pois, como disse o poeta Alberto Caeiro,</span><br />
<span class="text_exposed_show"></span><br />
<div align="center">
<span class="text_exposed_show"> </span></div>
<span class="text_exposed_show">
</span><div style="text-align: center;">
<span class="text_exposed_show">“Da minha aldeia veio quanto da terra se pode ver no Universo... </span><br />
<span class="text_exposed_show">Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer </span><br />
<span class="text_exposed_show">Porque eu sou do tamanho do que vejo </span><br />
<span class="text_exposed_show">E não, do tamanho da minha altura...”</span></div>
<span class="text_exposed_show">
</span><span class="text_exposed_show">Aqui podemos nos re-conhecer e estabelecer essa ponte entre as gerações para que a nossa cidade POÇÕES retome suas raízes, sua beleza e solidariedade, sua alegria espontânea e simples, sua grandiosidade artística libertando as almas cantadoras, musicistas, poéticas, cênicas, escritoras, plásticas, educativas oriundas de troncos ancestrais multiculturais.<br /> </span><br />
<span class="text_exposed_show">Que o Divino Espírito Santo abençoe essa Terra e o seu povo, sempre.</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8311345422224400208.post-72396953351944748342014-05-06T22:31:00.000-03:002014-05-07T22:51:14.595-03:00Homens de capas<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Don Diego de La Vega se
transformava em Zorro. Bruce Wayne se transformava no Batman e Clark Kent no
Superman. Deixavam as suas funções para trabalhar para outros mais
necessitados. Todos usavam capas nas suas transformações.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Refletindo nas histórias desses “supers”,
Poções deixaria de ter sucesso se alguns dos nossos não se transformassem e
desenvolvessem várias outras atividades, além daquelas que desenvolviam naturalmente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Colocar e tirar a capa, traduz o
objetivo dessa crônica.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgphechrkfQf2lCn6rPvBc69KCXKTGOneZk2kFuivsaGq_5HlgQMzQ7TooGFuvPmqxco6IM4TUgR2CenbPKzF4dWXyaHK3nCFrz1HS1OGO_quZV-EXUF3kaM437eLlmpa80xXBB1mKZ/s1600/1896875_598771280198373_168061489_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgphechrkfQf2lCn6rPvBc69KCXKTGOneZk2kFuivsaGq_5HlgQMzQ7TooGFuvPmqxco6IM4TUgR2CenbPKzF4dWXyaHK3nCFrz1HS1OGO_quZV-EXUF3kaM437eLlmpa80xXBB1mKZ/s1600/1896875_598771280198373_168061489_n.jpg" height="200" width="132" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Otoniel Costa <br />
(Foto: Vinícius Costa)</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No beco dos Artistas, Otoniel
Monteiro Costa, Tani, riscava com giz as roupas que iria costurar. Com a fita
métrica pendurada no pescoço, transferia para o tecido as medidas exatas
tiradas nos seus clientes. No final do dia, deixava de soprar o fole do ferro
de engomar, tirava a capa de alfaiate e vestia a capa de músico - ia soprar um
instrumento musical. Com isso, Armando Jacó, Zé Armando, Tonhe Arleo, seus
funcionários, acompanhavam com outros instrumentos. O beco virava uma festa.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A figura franzina do comerciante
Francisco Paradela subia a rua da Itália depois que fechava a casa de negócios
na praça. No escuro da Praça da Bandeira, vultos circulavam em direção a um
único local – a Maçonaria. Se transformava no Venerável Mestre, conduzindo as
sessões. A outra capa que ele sempre vestiu foi a de orador nas atividades de
datas comemorativas do município.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quem via passar Senhorzinho Pia, fardado de militar, não imaginava o quão se transformava tocando na Filarmônica de
Bernardino “Nadinho” Fagundes. Exímio trompetista, talvez evocasse Louis
Armstrong para soltar as notas musicais, tocou na primeira formação musical
poçoense que se chamava Os Fantasmas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O Sargento Severino era o
dirigente do Tiro de Guerra 135. Firme nas suas colocações, rígido nas instruções,
mas um bom papo Quando tirava a sua capa, ia para o ginásio dar aulas de
francês e inglês. Assim, também era o Pastor Isaías, que deixava a sua igreja
protestante para ensinar francês no ginásio.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Olímpio Rolim, um excelente
farmacêutico, dono da Farmácia Sudoeste, vestido com a capa profissional e o
pijama na sua varanda, tratou de vestir a capa de prefeito municipal, entre
1959 e 1962. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quem teve a capa de jogador de
futebol foi João Batatinha. Quando tirava a capa, era um excelente tipógrafo.
Na necessidade de decidir entre seguir a carreira de jogador ou ser tipógrafo,
preferiu a segunda capa. Não deixou ainda de ser a referência das nossas tardes
de domingo no campo de futebol e não deixou de exercer a sua escolha.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Falando de futebol e cinema,
tivemos Tena como um excelente administrador de cinema e desenhista de cartazes.
Mas, a capa que ele vestia era a de jogador de futebol, de lateral esquerdo,
trazendo alegrias e qualidade ao nosso futebol.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ainda uma das capas mais alegres
de Poções - o mecânico Florisvaldo Cruz Ramos (Dôca). Deixava a capa pendurada
na sua Oficina e vestia a capa da felicidade. Ia para o cinema e, lá, se
transformava numa figura que deixava os seus problemas e se incorporava no
artista do filme ajudando nas ações e tramas da película – um verdadeiro
torcedor de cinema. Também teve uma capa importante na Maçonaria, cuja loja
leva o seu nome.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Apenas algumas lembranças de
homens que vestiam capas e marcaram Poções de alguma forma. São tantos e
prometo sequenciar aqui com a lembrança de outros importantes personagens.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
.</div>
Unknownnoreply@blogger.com4