Fedele Sarno (foto arquivo pessoal Eduardo Sarno) |
Tão logo foi
lançado o nome do Centro Cultural, em Poções, eu achei muito boa a
ideia, mas confesso que achei um exagero a homenagem para uma pessoa
que nunca esteve na nossa cidade.
Fiquei com esse
sentimento por algum tempo e ninguém questionou a homenagem. Então, Fidelão, o
dono do espaço, estava correto e o “público” satisfeito. Zero a
zero.
Um dia depois
da inauguração, eu estava no aniversário de uma das bisnetas de
Fedele, ao lado de sete netos dele, quando me perguntaram como foi a
inauguração do Centro. Havia lido os comentários e contei que
tinha sido um sucesso.
Conversas à parte,
um dos seus netos, Zé Fidélis, perguntou se eu poderia fazer uma
palestra na sua empresa de engenharia.
- Qual o assunto
que você quer que fale?
- Qualquer um,
respondeu ele. Você escreveu uma crônica questionando
o que uma pessoa de Mormanno foi fazer em Poções, lá pelos anos de
1900. Esse é um bom assunto, me disse Zé Fidélis.
Caiu a ficha, voltei para o Centro Cultural. De
imediato, pensei, Fidelão tem razão! Tá explicada a razão do nome
do Centro. Essa foi uma grande ideia.
Quem conta melhor a
história da família é Eduardo Sarno, também neto de Fedele, no seu blog da familia Sarno. Eu tenho apenas de jusificar a queda da ficha.
Fedele nunca veio ao
Brasil, tão menos a Poções. Quem veio nos anos 1890, foi o
irmão de Fedele, Francesco Sarno (tio Chico), que iniciou a sua
entrada no Brasil por Manaus e depois parou em Poções. Não da mesma
forma que Pero Vaz de Caminha escreveu para o rei de Portugal,
Francesco escreveu para Fedele e contou as boas novas de Poções e
região. Fedele, então, mandou o seu filho Vincenzo com 12 anos de
idade.
Talvez Fedele nem soubesse onde ficava Poções, mesmo assim decidiu. Pense você, vivendo em 1900, mandaria o seu filho morar na Itália? dez mil quilômetros de distância. Na época atual dos dedinhos na tela, dos zap-zaps, das comunicações gratuitas, do avião a jato, você não deixaria.
Talvez Fedele nem soubesse onde ficava Poções, mesmo assim decidiu. Pense você, vivendo em 1900, mandaria o seu filho morar na Itália? dez mil quilômetros de distância. Na época atual dos dedinhos na tela, dos zap-zaps, das comunicações gratuitas, do avião a jato, você não deixaria.
Vincenzo trouxe Corinto, e mandaram chamar Valentino,
Luiz, Emilio, Camilo e Rosina. Depois, Corinto chamou Chico, meu pai,
Giovanni, meu tio. Vieram as famílias Palladino, Labanca, Leto, Schettini e outras de Mormanno, Laino, Trecchina e regiões
próximas, em função daquilo que contava os que estavam aqui.
Descobriram a cidade. Até Jequié recebeu italianos em função
desse “intercâmbio” criado por Francesco Sarno.
O comércio se
desenvolveu, o crescimento chegou e os italianos de Poções
proliferaram. A Rua da Itália representa esse
marco. As famílias emprestaram os seus nomes a novas gerações e a cidade virou o que
virou.
Então, se o velho
Fedele não permitisse a vinda de Vincenzo, Poções teria outra cara. A
fibra de Fedele representa a fibra de todos os outros que vieram e
aqui se estabeleceram e cresceram.
Viva Fedele, viva
Poções. Parabéns Fidelão, parabéns Centro Cultural!!!