"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Fedele e o Centro Cultural

Fedele Sarno (foto arquivo pessoal Eduardo Sarno)
Tão logo foi lançado o nome do Centro Cultural, em Poções, eu achei muito boa a ideia, mas confesso que achei um exagero a homenagem para uma pessoa que nunca esteve na nossa cidade.

Fiquei com esse sentimento por algum tempo e ninguém questionou a homenagem. Então, Fidelão, o dono do espaço, estava correto e o “público” satisfeito. Zero a zero.

Um dia depois da inauguração, eu estava no aniversário de uma das bisnetas de Fedele, ao lado de sete netos dele, quando me perguntaram como foi a inauguração do Centro. Havia lido os comentários e contei que tinha sido um sucesso.

Conversas à parte, um dos seus netos, Zé Fidélis, perguntou se eu poderia fazer uma palestra na sua empresa de engenharia.

- Qual o assunto que você quer que fale?

- Qualquer um, respondeu ele. Você escreveu uma crônica questionando o que uma pessoa de Mormanno foi fazer em Poções, lá pelos anos de 1900. Esse é um bom assunto, me disse Zé Fidélis.

Caiu a ficha, voltei para o Centro Cultural. De imediato, pensei, Fidelão tem razão! Tá explicada a razão do nome do Centro. Essa foi uma grande ideia.

Quem conta melhor a história da família é Eduardo Sarno, também neto de Fedele, no seu blog da familia Sarno. Eu tenho apenas de jusificar a queda da ficha.

Fedele nunca veio ao Brasil, tão menos a Poções. Quem veio nos anos 1890, foi o irmão de Fedele, Francesco Sarno (tio Chico), que iniciou a sua entrada no Brasil por Manaus e depois parou em Poções. Não da mesma forma que Pero Vaz de Caminha escreveu para o rei de Portugal, Francesco escreveu para Fedele e contou as boas novas de Poções e região. Fedele, então, mandou o seu filho Vincenzo com 12 anos de idade.

Talvez Fedele nem soubesse onde ficava Poções, mesmo assim decidiu. Pense você, vivendo em 1900, mandaria o seu filho morar na Itália? dez mil quilômetros de distância. Na época atual dos dedinhos na tela, dos zap-zaps, das comunicações gratuitas, do avião a jato, você não deixaria.

Vincenzo trouxe Corinto, e mandaram chamar Valentino, Luiz, Emilio, Camilo e Rosina. Depois, Corinto chamou Chico, meu pai, Giovanni, meu tio. Vieram as famílias Palladino, Labanca, Leto, Schettini e outras de Mormanno, Laino, Trecchina e regiões próximas, em função daquilo que contava os que estavam aqui. Descobriram a cidade. Até Jequié recebeu italianos em função desse “intercâmbio” criado por Francesco Sarno.

O comércio se desenvolveu, o crescimento chegou e os italianos de Poções proliferaram. A Rua da Itália representa esse marco. As famílias emprestaram os seus nomes a novas gerações e a cidade virou o que virou.

Então, se o velho Fedele não permitisse a vinda de Vincenzo, Poções teria outra cara. A fibra de Fedele representa a fibra de todos os outros que vieram e aqui se estabeleceram e cresceram.

Viva Fedele, viva Poções. Parabéns Fidelão, parabéns Centro Cultural!!!