"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Diretas do Pavilhão


·         Não se podia rezar na Igrejinha. Estava fechada durante boa parte do tempo.

·         Alguém estava feliz da vida, cantando a música Carinhoso, de Pixinguinha, depois de reatar um namoro de quarenta anos atrás.

·         Ricardo Benedictis mandou recado para Paulo Espinheira: A Festa pode ter mudado, mas os amigos continuam os mesmos. Não faltem!!!

·         Registro aqui a ausência de inúmeros amigos, sem contar que os que estavam presentes sumiram na sexta à noite e no sábado.

·         A nova geração se fez presente, lembrando Badinho e Gislene Lago. Estavam na Festa Cristiane e Patrícia, suas filhas. De quebra, conseguiram rebocar Jerry Lago para a praça.

·         Coitados de Irundy e Noélia. Os discípulos não os deixam em paz por um instante.

·         Mais uma vez foi sentida a falta da exposição de fotografias antigas de Zé Onildo.

·         Só quem estava defronte da Igreja viu a cena. O Padre Estevam deu um puxão de orelhas nos políticos presentes à Chegada da Bandeira, cobrando as promessas. Naquela hora, todos deram um sorriso de canto de boca e ficaram com cara de paisagem.

·        A Calcinha Preta tirou o povo da Praça na tarde de sábado. Era para ser uma paz, mas os controladores de mesas de som fizeram a festa com os volumes altíssimos de bandas locais. Ninguém conseguia conversar nos bares quase vazios. Não foi a tarde da Calcinha Branca da paz.

·         Os vendedores de queijo coalho circulavam livremente na praça lotada com o calor dos fogareiros nas pernas das pessoas.

·         Edson Jacaré insistia em saber a sequencia de ordem da “reza” de Tico Rezador, no ano de 2010: Rominho, Edson, Pepone e Lourinho (as fotos comprovam Lourinho pagando R$ 2,00 a Tico).

·        Os Sangiovanni´s comemoraram 60 anos de presença na Festa, já que Seu Chico chegou no Brasil em 1952. A frase da camisa “60 anos de Festa do Divino” gerou polêmica porquê a Festa original fez 133 anos. Para alguns que apareceram depois de anos, eu brincava e dizia que a polêmica era um detalhe simples de se resolver: “60 anos (sem) Festa do Divino”.

·         Teve quem se lembrasse da cerveja Malt 90. Era uma cerveja alternativa da Brahma. Um dia, alguém foi encontrado revelando a sua preferência sexual ao lado de três garrafas já bebidas da Malt 90. A culpa foi da cerveja, que fazia o cidadão ter comportamentos diferentes, claro! A cerveja foi banida de Poções.

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terça-feira, 21 de junho de 2011

As obras primas de Homero

Enquanto se discute o sagrado e o profano, seu Homero continua ganhando espaço na Festa com a beleza dos dois eventos:  Chegada da Bandeira e do Mastro (eu prefiro chamar Chegada da Bandeira do que das Bandeiras – entendo que a Bandeira do Divino (estandarte) era trazida originalmente com outras bandeiras em torno e assim era a forma de ser chamada no passado).
Pesquisando velhas fotos, encontrei-o montado em um cavalo durante uma das Chegadas da Bandeira dos anos 60. Sem tanto destaque, ele está logo atrás de Claudionor – o Mituca, que era o antigo organizador.
A tradição cresceu e a mistura de cores e fé tomaram conta do povo. A emoção toma conta do coração do velho Homero. Montado ao seu lado, na porta da igreja, observei o seu profundo silêncio. Seus olhos brilhavam com a certeza de ter feito a sua tarefa muito bem. Era só concentração e inquietação enquanto não fosse chamado para entregar o estandarte oficial do Divino Espírito Santo ao Padre Estevam. A gente percebe que aquele momento é o auge da cavalgada na expressão de Homero.

No Mastro, na noite de sábado, sentei-me junto a ele num banco de madeira e me disse: “Eu nunca vi uma Chegada da Bandeira tão bonita e organizada como essa”. Não estava jogando confetes. Eu entendi perfeitamente que se tratava da ordem, da velocidade do desfile, do posicionamento dos cavaleiros, das pessoas ao longo do percurso, ingredientes básicos para a beleza do colorido das bandeiras.

Nós, os cavaleiros do Divino, cavaleiros de Seu Homero, seguimos as suas orientações à risca.

Naquela noite, o velho senhor estava afinadíssimo com a história que sempre conta sobre a formação religiosa da nossa cidade. Começou a contar mais cedo. Teve um lance interessante antes da fala dele. Um radialista se aproximou e pediu para que ele falasse com exclusividade para a transmissão da missa. Ele respondeu: “Fique atento na história e depois você mesmo conta – eu vou falar muitos detalhes”. E assim fez.

Do outro lado, ligados na fala de seu Homero estavam Jorge de Ucha e Neto de Maneca. Sabem cronometrar exatamente o tempo do discurso com os fatos, principalmente quando fala das moedas de prata que foram trazidas para Salvador e, derretidas, transformadas em uma imagem de pomba.

O discurso é interrompido pela emoção. Capaz de lembrar e citar os nomes de quem o ajuda, sua voz embota e dá vez ao choro, demonstrando a dedicação, a dificuldade para organizar e conduzir as tarefas que lhes foram confiadas e transformadas nessas duas obras primas, quando conta com a ajuda principal da sua família e das famílias que moram na Lapinha.

Certos estamos nós quando carregamos o Mastro nas costas e gritamos:

VIVA O DIVINO ESPÍRITO SANTO!!!     VIVA SEU HOMERO!!!

Também no Youtube

Passo a postar pequenos filmes no www.youtube.com. Quando acessar, basta procurar por MULTISANGIOVANNI ou no link Lulu Sangiovanni


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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Museu do IECEM - O bom Museu de Poções

Deixei para visitar o Museu do Iecem no sábado, lá pras 18 horas.

Aquele lugar traz uma recordação inestimável da Poções antiga, moderna e quase atual pela diversidade de fatos e coisas juntadas ao longo da sua existência e nas versões anuais ao lado da Igrejinha.

Comecei a ver a exposição logo pelo lado direito, na tentativa de dar uma volta completa, encerrando pela assinatura no livro de presença na recepção. Passei por uma área específica destinada à Festa do Divino e vi que estava sendo exibido um vídeo da própria Festa nos anos 80. No mesmo momento em que via os cartazes de Festas anteriores, a minha imagem era exibida naquela parte do filme. As imagens eram familiares pois todas elas foram feitas por mim e pelo meu irmão Pepone numa antiga filmadora JVC, moderníssima para a época, gravadas naqueles cartuchos de fitas VHS.
 Pepone reproduziu o documentário com as imagens da Festa e outras íntimas com as nossas famílias em DVD. Gentilmente ele emprestou o filme, fizeram cópias sem a sua autorização e venderam nas bancas de DVD´s piratas na feira de Poções. Não tiveram piedade…

O lado positivo da história, é que as imagens em tão pouco tempo se transformaram em um histórico riquíssimo que mostra o modelo antigo da Festa do Divino e estão no lugar certo, naquele Museu. Então, como exemplo, não podemos perder o hábito de fotografar e filmar as nossas tradições, pois é assim que se registra a memória.

Mas, se existe o acaso nessa história, certamente a pomba do Divino deu uma mãozinha para tamanha coincidência.

Ao IECEM, mais uma vez, os meus parabéns!!!

domingo, 19 de junho de 2011

Eu sou Vicente...

Na mesma noite de quinta-feira, ainda na barraca de Zé Califórnia, o ponto de início da Festa, encontrei-me com Lourinho e Edson Jacaré.

Ficamos um tempo relembrando de histórias passadas, quando Pepone resolveu ir dormir. Fui fechar a conta com Norbertinho para reabrir outra com os novos amigos.Norberto é o garçom mais antigo da cidade. O mais amigo e conhecedor de pessoas e histórias, principalmente dos frequentadores da Festa, antigos e novos. É daqueles que você não precisa conferir a conta – nem mais, nem menos.

Mas, eu recebi a conta em uma notinha personalizada e vi os nomes de “Vicente e Pepone”.Perguntei para ele quem era Vicente. Respondeu: - Você é Vicente. Eu falei: -Eu sou Lulu!. Ele teima: - Não, você é Vicente!. E isso durou até o dia seguinte, quando ainda teimava a troca.

Para aqueles que não sabem, Vicente era o primo que todos nós chamávamos de Vicentão, um dos maiores frequentadores e admiradores da Festa, além de divulgá-la nos jornais da Capital.

Norbertinho não explicou porque trocou o nome. De qualquer forma, Lulu ou Vicente, não
importa. Serviu para lembrar que Vicentão estava presente na Festa.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Como uma onda

“Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará
A vida vem em ondas como o mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo no mundo
Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo”
(Nelson Mota)


Na quinta-feira à noite, fiquei sentado no Zé Califórnia com Pepone e Zilma. Olhava para a Praça do Divino e apreciava o vai-e-vem das pessoas. Pouco a pouco, desfilavam na frente daquele barracão as mesmas figuras que frequentavam as Festas passadas.



Os cabelos brancos e as jaquetas de cores neutras pintavam o cenário de outros tempos. Misturavam o passado com o presente, mas com o mesmo entusiasmo do começo de mais uma Festa. Todos esperam o ano todo por aquele momento, por aquela semana.



Observava o movimento e lembrava o tempo em que filmávamos a Festa entrevistando as pessoas na praça. As perguntas sempre eram as mesmas: “Você acha que a Festa mudou em relação ao passado?” “O movimento aumentou ou diminui?” “Ela está mais animada?”. As respostas sempre vinham com justificativas nas crises econômicas, nos planos dos governos, na chuva, no frio e na falta da filarmônica. Eram quase unânimes e afirmavam que a mudança havia acontecido.



A Festa é a onda da letra da música acima. Dela, não adianta fugir. A Festa não será como foi um dia, mas sempre será nossa!!!