"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O blog, 3000 vezes

O Blog atingiu hoje o visitante 3000. É um número muito modesto, mas altamente compensador para um projeto específico que é reviver a nossa Poções de antigamente.

Quero agradecer a todos que acessaram, comentaram e manifestaram com mensagens de apoio e email´s diversos.

Não posso esquecer aqueles que se manifestaram pessoalmente durante a Festa do Divino. Pessoas que apareciam de repente e demonstravam com carinho o costume de ler o blog.

Tudo isso eu traduzo como incentivo para continuar a escrever os bons tempos da minha vida e demonstrar o quanto a cidade é importante para mim.

Portanto, gostaria de dizer que o blog está disponível para a publicação de histórias dos tempos de todos vocês. Lembrar o passado e dividir emoções são tarefas obrigatórias para todos nós, poçõenses.

Muito obrigado.


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sábado, 24 de julho de 2010

Poções na Fonte Nova

O estádio da Fonte Nova está sendo demolido. Tomara que se apaguem os costumes ruins dos nossos árbitros, a exemplo do trio de arbitragem comandado pelo juiz Gleidson Oliveira e os bandeirinhas Marcos Welb Amorim e Antônio César Brasileiro Oliveira. As lembranças? Estas não serão esquecidas e me lembro do que estes três caras conseguiram fazer com o time do Poções.


Naquele 04 de abril de 2007, fui para ao estádio em companhia do meu filho Ricardo e dois amigos paulistas – Reinaldo e Irineu. Nós ficamos sentados bem perto de onde a arquibancada despencou meses após, numa área meio que mista, mas com alguns torcedores do Bahia. Os torcedores de Poções estavam na torcida do Vitória – eram uns trinta talvez, mas não tinha bar por perto, então não nos juntamos a eles.

O Poções começou o jogo embalado e logo aos 11 minutos o primeiro gol. Eu pulei e gritei no meio da torcida do Bahia. Os infelizes dos torcedores tricolores da capital me aplaudiram e disseram: Isso aí, timinho vagabundo esse Bahêa!

Meu filho e meus amigos me alertaram: Vamos tomar “porrada” desses caras! Eu respondi afrontando: Qual é, tenho cinquenta anos e nunca vi meu time jogar dessa forma! Não to nem aí!

Mais nove minutos e novo gol do Poções. Os tricolores foram ao delírio com os 2x0. E gritavam: Time de puta, time de puta... Enquanto isso, eu pulava ainda mais nas arquibancadas e meus companheiros me alertavam para uma possível revolta dos tricolores da capital.

Mas o pior estaria por vir - a reação do Bahia. Empatou o jogo e a cantiga mudou: Torcedor do Poções é puta, torcedor do Poções é puta! Aumentou ainda mais quando virou para 3x2. Eles encostavam e diziam: Grita agora, puta! Os meus companheiros queriam se mudar de lugar. O Irineu dizia: Velho San, “vamo” apanhar aqui. Reinaldo lembrava que não agüentava correr. Meu filho dizia: Não reage não, pai!


Pênalti para o Poções aos 50 minutos. O goleirão Ewerton cruzou o campo, pegou a bola, colocou na marca do pênalti. A bola bateu na trave e cruzou a linha e saiu. O bandeirinha não apontou o meio de campo. O juiz encerrou a partida e o Poções perdeu. Festa na Fonte Nova. Saimos ilesos!

Mais uma vez, naquele dia, o recurso da Fonte Nova foi utilizado: - o de ser favorável aos times da capital. Mas, os tricolores daqui, naquele ano, subiram para a segunda divisão e ficaram por aí mesmo. Pelo visto, tanto o Bahia e o Poções vão amargurar nessa posição por um bom tempo.

Pior para o Poções.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Busca e o Silêncio - Livro de Isaac Luz

Comunico o lançamento do livro A Busca e o Silêncio, nesta sexta-feira, dia 23/07, às 19 horas, na livraria Holambras, situada na Rua das Dálias, 493 - Pituba (fone 71-3451-1936), aqui em Salvador.

Isaac é filho do grande amigo poçõense Gilberto Luz (Pancho).

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Professora Zirinha e a velha Marcolina

Semana passada, viajei para Jacobina em companhia do amigo Guilherme Junot, companheiro de trabalho. Fomos falando sobre as igualdades entre Poções e Ilhéus, as nossas terras natais. Já mencionei em outra crônica, que nós somos oriundos da mesma capitania hereditária, a de São Jorge dos Ilhéus, de Jorge Figueiredo Correa, apenas separados por 210 km de distância entre as duas cidades.

Quando ele falou da professora Benedita, dos bolos que levou por causa de não saber responder a tabuada, eu me lembrei da professora Zirinha. Falar dela é relembrar a sua escola na baixa da Lapinha, onde uma legião de estudantes ia fazer o reforço escolar, o que chamávamos de banca. Na verdade, aquela galera ali não queria muita coisa com a “hora do Brasil”. Minha mãe dizia: “ou você estuda, ou te mando pra dona Zirinha”. Era a segunda chance de aprender o que não tinha aprendido na escola regular. Quem gostava de estudar, não precisava fazer a banca.

Quando ela passava pra tomar a lição, a gente tinha que estar afiado, na ponta da língua, como se dizia na época. Tomava cuidado para não ficar de pé quebrado (segunda época) porque ali seria o lugar próprio para passar parte das férias estudando. A lição tinha que ser aprendida e as perguntas respondidas como uma verdadeira sabatina, caso contrário a palmatória aparecia. A sua assistente Abigail era mais maneira e batia devagar. Como estudávamos em mesas grandes, sempre procurei aquela que Abigail ficava. Lembrei de Paulin de Doca, que não permitiu tomar uns bolos com a palmatória e pulou a janela – nunca mais voltou.

Mas aquela senhora de óculos com lentes redondas e fortes, blusa de tricô, com a palmatória na mão, me traz as boas lembranças dos tempos de curso primário e o quanto pude aprender só em pensar em ter que ir para a escola da Professora Zirinha.

No retorno de Jacobina, passando pela Vila Fátima, entramos na estrada que dá acesso ao município de Capela do Alto Alegre, em meio a algumas casas de um pequeno povoado para procurar Dona Isabel Rezadeira. Junot insistiu que deveria ser rezado e me perguntou se eu acreditava nessas coisas. Tentava me convencer que viajaríamos mais leves e a semana seria bastante diferente, produziríamos mais.

Respondi que acreditei muito na reza da velha Marcolina e contei a sua história. Além de rezadeira, a velha era muito especial na família. Tinha presença constante. Ela era uma florista excepcional e a sua arte baseada em utilizar retalhos de roupas e papel crepom para fazer as belas rosas com talos na cor verde bandeira.
A velha Marcolina (ao lado da noiva) no casamento de uma das suas netas - foto Vitinho Borba.


Quantas vezes nos rezou e bocejou. Insistíamos na possibilidade de rezar três pessoas na mesma seqüência e ela não agüentava de tanto bocejar e lacrimejar os olhos – sinal de muito “carrego”. Era especialista em espinhela caída, carne quebrada, cobreiro, quebranto e outros males curados com aqueles três ramos de plantas. Vez em quando me dava uns conselhos.

Mas a velha Marcolina, além das rezas e das flores, era a matriarca de uma grande família, avó de Joel e Josenildo, os meus colegas de escola. Sogra de Homero pintor. Mãe de Floriza e Beto, quem me ensinou a fazer carrinhos de madeira.

Professora Zirinha e a velha Marcolina foram exemplos para a nossa cidade!

domingo, 4 de julho de 2010

Mão de Deus ou Beijos de Judas?

Por Ricardo Sangiovanni e Sebastian Gross
Direto de Berlim - http://makarapa.atarde.com.br/




Berlim – Antes de o jogo começar, o repórter da TV alemã ZDF, direto da África do Sul, entrevista dois torcedores juntos – um argentino e o outro, alemão. “Quem ganha hoje?” E o portenho logo antecipou-se: “Nós. Sabe por quê? Por que temos a ‘Mão de Deus’”. (veja em aqui).

A torcida alemã no espaço “11 Freunde” (que significa 11 amigos), em Friedrichshain, zona leste de Berlim, sorriu. E continuou bebendo tranquila sua cerveja, sem dar muita importância – parecia prever que, no fim, a tarde seria de festa. E sorriu novamente ao ver Maradona dar um beijinho no rosto de cada um de seus comandados antes de mandá-los ao gramado. Que Mão de Deus que nada: a tarde seria é de Beijos de Judas.
Foi como se, com cada beijinho, o ex-milagreiro argentino tivesse transmitido a seus jogadores a ansiedade e o excesso de confiança que o torcedor entrevistado demonstrara.

Assim, o primeiro gol saiu logo, mas não espantou totalmente a tensão da torcida. No galpão de uma antiga oficina mecânica abandonada onde foi montado o telão onde vimos o jogo, houve quem berrasse a cada ataque argentino, como se tentasse espantar a bola com os berros; houve quem, com o coração acelerado, ameaçasse ir-se embora.

Um pouco mais de tranquilidade veio só com o segundo gol. E nem o mais otimista dos alemães esperava que sua jovem e orgulhosamente multi-étnica seleção marcasse ainda outros dois. Muito menos o passeio sobre a Argentina de Messi. “Foi ótimo o jogo-treino que acabamos de assistir”, disse o ex-goleiro Oliver Kahn, hoje comentarista no canal alemão.

Até o terceiro gol, a galera gritava a cada roubada de bola, cada passe certo, cada lance de perigo. Depois, passou a gritar mais ainda, mas agora eram irônicos “oooooh [que peninha...]” a cada vez que Maradona aparecia na tela, em close. Close daqui, gol de Klose dali, a torcida alemã foi ao delírio.

FESTA EM BERLIM MULTI-ÉTNICA. E saiu pela rua cantando e gritando e parando carros na rua, cada um com a sua garrafa de cerveja na mão. Na rua, um senhor de barba branca, já embriagado, tirou sarro de uma amiga alemã que vestia uma camiseta alvi-celeste (ela morou na Argentina e quis demonstrar sua simpatia). “É que ela não tinha outra roupa para vestir”, dissemos ao homem, de brincadeira. Ao que ele prontamente respondeu: “Ora, então melhor que não estivesse vestindo nada”.

Tudo isso, é claro, em bom alemão. Idioma de uma Alemanha com alma cada vez mais cosmopolita, cuja diversidade de rostos da seleção se vê também nas ruas de Berlim e vai tornando-se aos poucos sua marca registrada. Nas ruas vimos com bandeiras alemãs rostos de origem turca, como o de Özil. Ou africana, como o de Boateng. Ou polonesa, como o de Podolski. Ou sulamericana, como o de Cacau. Ou germânica mesmo, como o de Friedrich, o mais abraçado por todo o time e mais aplaudido pela torcida ao marcar o segundo gol – ele que, reconhecidamente, acaba de fazer uma péssima temporada pelo Hertha Berlim, que caiu para a segunda divisão da Bundesliga neste ano.

Berlim agora é a única capital da Europa sem um clube na primeira divisão da liga nacional. Mas quem se importa com isso, quando se está na semi-final da Copa, e com sobras?

sábado, 3 de julho de 2010

Os times dos sonhos

Por Luiz Carlos Schettini lcschettini@yahoo.com.br

Recebi do meu amigo Luiz, um email com os nomes dos jogadores dos times de Poções. Os times não eram conhecidos por nomes próprios. Tinham a identificação pela rua, escola ou grupo de onde eram criados. O maior contador de histórias de Poções que conheço, Luiz é muito modesto. Nessa época de copa do mundo cheia de seleções ruins, veja o que ele diz:

“Sei que não sou um historiador nato, mas lembro de algumas coisas pitorescas da nossa querida Poções. Lendo o seu blog sobre futebol, me lembrei desses dois times. Espero que possa melhorar as historias de Poções e me desculpe se omiti alguém. Me lembrando, mando para você.

Tivemos um time formado pela galera da Rua da Itália e ruas mais perto, com amigos e colegas de colégio:

Jorge Bufão, Satoba, Satobinha e Satobão, Sola e Sapatão, Lobo e Lobão. Carrancudo, Preá e Zequinha barriga vazia. Os reservas eram Migueluccio (goleiro) ,Pedro Sibin e Bizin.

Pelo lado de cima, na rua onde tinha e ainda tem o motor da Coelba (Rua de Morrinhos):

Pela, Mela, Capela e Barrela, compadre dobradiça (Dalvadizio), compadre Chevrolet, Pia, Pata e Ponga. Bubute, Cozin e Laro.

Espero que você goste, depois falarei sobre o Time SAIA BIGUÁ”